Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Chegamos ao quarto domingo do advento. Logo o Natal chegará. Escutamos como primeira leitura da liturgia de hoje um breve trecho do livro de Miquéias, 5,1-4a. Trata-se de uma profecia messiânica que destaca a intervenção divina por meio de um líder que surgirá de Belém, trazendo esperança e restauração ao povo de Israel. Essa passagem, situada no contexto de uma crítica às lideranças corruptas e aos juízos de Deus, aponta para um futuro de renovação e paz.
A referência a Belém no versículo primeiro, “pequenina entre os mil povoados de Judá”, sublinha a escolha divina por aquilo que é humilde e inesperado. Belém, cidade associada ao rei Davi, torna-se o lugar profético de onde virá o líder prometido, enfatizando a continuidade da linhagem davídica e o cumprimento das promessas de Deus. Essa escolha reflete a lógica divina que inverte as expectativas humanas. O enviado de Deus tem origem “desde os tempos antigos”, uma expressão que alude à eternidade e ao plano divino pré-estabelecido. Isso reforça a ideia de que o Messias não é apenas um personagem político ou militar, mas alguém com um papel eterno e transcendente no plano de salvação.
No versículo 2 menciona-se um período de abandono, provavelmente uma referência ao exílio ou à ausência de estabilidade política e espiritual. Contudo, essa situação não será definitiva, pois haverá um momento de restauração quando “aquela que está para dar à luz” o fizer. Essa frase é interpretada na tradição cristã como uma referência à Virgem Maria e ao nascimento de Jesus, o Messias.
O texto termina mostrando que o líder prometido vai pastorear o povo com a força e majestade de Deus. Ele será o verdadeiro pastor, garantindo segurança e paz. Sua grandeza ultrapassará as fronteiras de Israel, apontando para um reino universal. A imagem do pastor reforça o cuidado, a proteção e a liderança amorosa que caracterizam o enviado de Deus.
A profecia de Miqueias nos convida a olhar para a humildade de Belém como o cenário da manifestação divina. Ela nos lembra que Deus age de maneira surpreendente, valorizando o que é pequeno e simples. Em tempos de incerteza e fragmentação, somos chamados a confiar no pastor que nos guia, Jesus Cristo, e a viver em paz, sob sua liderança. Neste tempo do Advento, a missão do Messias nos desafia a ser instrumentos de restauração e unidade, trazendo esperança às realidades onde há abandono e dispersão. Preparemos não apenas nossas casas, encontros e festejos natalinos, mas sobretudo nosso coração. Estejamos dispostos a agir como verdadeiros discípulos daquele que veio trazer a paz.