A Páscoa é o ponto culminante da vivência e da celebração da fé cristã. Depois de nos dedicarmos à oração e à penitência durante a Quaresma, de trilhar com Jesus a Via-Sacra, chorando ao pé da Sua cruz, com Maria, e ali depositando os nossos pecados e calvários, chegamos ao Tempo Pascal. É Páscoa! Cristo ressuscitou! E em seu mistério pascal depositamos toda a nossa esperança de redenção pessoal e de transformação do mundo em um lugar onde reine a sua paz e a sua justiça. E cremos que assim será.
Mas esse é um processo que exige coparticipação. Precisamos ressurgir, com Cristo, para uma vida nova. Comecemos desprezando tudo o que nos faz ser menos do que Deus espera de nós. E ser dignos de ser chamados de filhos do Altíssimo, herdeiros das promessas de Cristo e templos do Espírito Santo.
Quando nos empenhamos em viver de maneira coerente e ter uma relação de sinceridade com o Evangelho, acabamos muitas vezes por nos encontrar isolados. Podemos experimentar a impotência, o abandono, o fracasso, a mentira e a opressão. E nos invade o pensamento de que não vale a pena sofrer tanto. Então, é o momento de olhar para Cristo. Ao buscar respostas para os dramas das nossas vidas, devemos primeiramente assumir a cruz, como Jesus.
Obedecendo ao Pai, Jesus serve os homens doando a sua vida na cruz. Por isso, Deus o ressuscitou para ser o Senhor de toda a história e do universo. A seu exemplo, sigamos o caminho da verdade com obstinada persistência. Rezemos para ter a coragem de ser testemunhas de Cristo, nosso redentor, em todas as circunstâncias de nossas vidas, nos momentos prazerosos e, particularmente, no sofrimento e na dor. Sejamos como mantos estendidos aos pés do vencedor da morte, para sua entrada triunfal em nossa Jerusalém interior.
“A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que não é um Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mc 12,27)
A conversão é obra da graça, mas toda autêntica adesão ao Reino de Deus supõe sempre uma superação de si mesmo. Não há vida nova sem morte, como mostra a dinâmica do mistério pascal, que nos revela o amor e a misericórdia de Deus para com todos nós, seus filhos, em todos os tempos e lugares.
O Cristo nos foi enviado como luz para o caminho, e também como o próprio caminho. Fonte inesgotável de salvação, Ele nos redime dos nossos pecados e nos conduz à vida eterna. Quão imenso é o amor de Jesus por nós! Deixemos nos envolver por seu amor misericordioso, e busquemos nele forças para superar as vicissitudes da nossa vida, e também as trevas do egoísmo, que nos impedem de ser, verdadeiramente, irmãos uns para os outros.
Cristo vive! E está no meio de nós. Não o procuremos nas nuvens. Olhemos à nossa volta e certamente o encontraremos, principalmente na face dos mais necessitados, tanto da Palavra quanto do auxílio concreto para seguir adiante.
Uma abençoada Páscoa para todos!
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia