Minha prezada irmã. Meu prezado irmão. Retomamos nesta segunda-feira da vigésima quarta semana do tempo comum a leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. Naquela comunidade era muitos os motivos de divisões. E no texto hoje proclamado, uma divisão é denunciada pelo apóstolo. Tal divisão era um golpe para uma comunidade que devia não somente celebrar a eucaristia, mas também viver dos ensinamentos da eucaristia. Que divisão poderia haver que afetasse tão gravemente a comunidade? Primeiro São Paulo alude às divisões. Escute com atenção:
“Irmãos, no que tenho a dizer-vos, eu não vos louvo, pois vossas reuniões não têm sido para o vosso bem, mas para o mal. Com efeito, e em primeiro lugar, ouço dizer que, quando vos reunis em assembleia, têm surgido divisões entre vós. E, em parte, acredito”. O apóstolo até admite que nas divisões ou cisões se pode conhecer os que resistem e são fiéis. Diz ele: “Na verdade, convém que haja até cisões entre vós, para que também se tornem bem conhecidos aqueles que dentre vós que resistem à prova”. Mas logo, São Paulo explicita que a divisão se dá no contexto da eucaristia, quando há o terrível contraste entre os que se encontram para celebrar e tomam antes a refeição.
No entanto, alguns se apressam em comer e até se embriagam, enquanto outros, certamente os mais pobres, passam fome. Escute comigo: “De fato, não é para comer a Ceia do Senhor que vos reunis em comum. Pois cada um se apressa a comer a sua própria ceia; e enquanto um passa fome o outro se embriaga. Não tendes casas onde comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e quereis envergonhar aqueles que nada têm?”. Com o fim de iluminar o sentido eucarístico que forma a comunidade, São Paulo recorda a tradição que recebeu. E evidencia que o comportamento da comunidade de Corinto se distancia do ideal eucarístico. Confira o que escreve o apóstolo:
“O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei-o em memória de mim". Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória". Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha.”
A conclusão de São Paulo é um apelo. Ao se reunirem para a Ceia Eucarística, que esperem uns os outros para que todos sejam tratados como irmãos. Celebrar a eucaristia é celebrar o memorial da morte e ressurreição do Senhor e anunciar a expectativa de sua volta. E tudo isso se faz num clima de fraternidade e de benevolência entre os que tomam lugar à mesa da ceia do Senhor.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia