Caríssima irmã, caríssimo irmão, nesta sexta-feira da vigésima quarta semana do tempo comum escutamos ainda mais um texto da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. O apóstolo São Paulo enfatiza nesta parte a ressurreição de Cristo como fundamento da fé na ressurreição dos mortos. É preciso ter presente que o apóstolo, no texto anterior, afirmou a tradição da fé, ou seja, “que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que, ao terceiro dia, ressuscitou, segundo as Escrituras; e que apareceu a Cefas e, depois, aos Doze”.
Partindo da Tradição, São Paulo indaga a comunidade de Corinto, onde certamente alguns dissociavam a ressurreição de Cristo da ressurreição dos mortos. Escute comigo: “Irmãos, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns dizer entre vós que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vã e a vossa fé é vã também”. Trata-se da lógica da fé. Cristo ressuscitou como primícia dos que morreram. Em Cristo todos os mortos são chamados à ressurreição. Mas se Cristo não ressuscitou, o que estamos a pregar? Não estaria a pregação privada de seu principal anúncio, ou seja, a vitória de deus sobre a morte?
Se Cristo não ressuscitou, continua São Paulo, “Nesse caso, nós seríamos testemunhas mentirosas de Deus, porque teríamos atestado – contra Deus – que ele ressuscitou Cristo, quando, de fato, ele não o teria ressuscitado – se é verdade que os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou”. De fato, para o apóstolo, e consequentemente para todos nós que cremos na ressurreição de Jesus Cristo, nossa fé perderia seu valor, nosso credo seria vazio, já não teria mais sentido anunciar o nome de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e que esperança poderíamos anunciar às pessoas, se tudo terminasse com a morte? Escute novamente como reflete o apóstolo em sua carta:
“E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados. Então, também os que morreram em Cristo pereceram. Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão. Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram.” Lembremo-nos de que a ressurreição de Cristo é nossa força e nossa esperança. Em cada eucaristia reafirmamos nossa fé ao proclamarmos: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” Essa é a fé pascal. Essa é nossa fé.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia