O texto de hoje é tomado do segundo capítulo da carta. No primeiro capítulo se destacava o tom orante do texto. Neste segundo, o autor se dirige aos destinatários que abraçaram a fé em Jesus Cristo, deixando para trás todo um modo pagão de agir, sob o domínio das forças do mal e sem expectativa de salvação. Escute, novamente: “Irmãos, vós estáveis mortos por causa de vossas faltas e pecados, nos quais vivíeis outrora, quando seguíeis o deus deste mundo, o príncipe que reina entre o céu e a terra, o espírito que age agora entre os rebeldes”.
E o autor não hesita em se incluir entre os que estavam no pecado. Veja como ele se inclui e diz do comportamento tão distante da vida na graça: “Nós éramos deste número, todos nós. Outrora nos abandonávamos às paixões da carne; satisfazíamos os seus desejos, seguíamos os seus caprichos e éramos por natureza, como os demais, filhos da ira”. Felizmente emergem a misericórdia e o amor de Deus, que sem nossos méritos, nos salva gratuitamente. São belas as palavras que exprimem esse modo de agir de Deus. Deus quis nos associar à ressurreição de seu Filho. Escute comigo:
“Mas Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos! Deus nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar nos céus em virtude de nossa união com Jesus Cristo.” Aparece também nesta carta o tema central da carta aos Gálatas, qual seja, o dom da salvação por pura graça, não como resultado de nossas obras.
É insistente e iluminadora a palavra do autor que afirma “é pela graça que sois salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós; é dom de Deus! Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.” Ora, se é dom de Deus, cabe a nós acolhermos o dom que nos é oferecido. E nossa resposta será por um modo de viver em que importará a caridade como inspiração para nosso agir. Conclui o texto: “Pois é ele quem nos fez; nós fomos criados em Jesus Cristo para as obras boas, que Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.” Nada mais importante, senão o amor e a misericórdia, é o que o Senhor espera de nós.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia