Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Lemos, também hoje um trecho da carta de São Paulo a Tito. No capítulo 3 dessa Carta a Tito, o autor continua a oferecer orientações práticas para a vida cristã, enfocando a importância do bom comportamento dos crentes na sociedade e destacando a transformação espiritual que a graça de Deus opera.
O texto começa exortando Tito a lembrar os crentes de serem submissos aos governantes e autoridades, obedientes e prontos para toda boa obra (v. 1). A obediência civil é vista como parte da responsabilidade cristã, assim como a prontidão para realizar boas obras, que são uma expressão da fé. Ele também pede que os crentes evitem falar mal dos outros, sejam pacíficos, gentis e mostrem plena humildade para com todos (v. 2). Esse comportamento reflete o chamado de viver de maneira distinta, em harmonia com a graça recebida.
No versículo 3, lembra-se aos crentes que antes de conhecerem Cristo, eles também viviam na ignorância, desobediência e engano, servindo a vários desejos e prazeres. Essa lembrança da condição anterior de pecado enfatiza a gratuidade da salvação, que não é merecida por obras humanas, mas concedida pela misericórdia de Deus.
Nos versículos 4-7, passa-se a ressaltar o centro teológico da carta: a salvação pela graça. Afirma-se que, quando se manifestou a bondade e o amor de Deus, Ele nos salvou “não por obras de justiça” que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia, através da “regeneração e renovação pelo Espírito Santo” (v. 5). Essa “renovação” pode ser entendida como uma referência ao batismo, que simboliza a nova vida no Espírito. O Espírito Santo foi derramado abundantemente sobre os crentes por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador (v. 6), o que resulta em nossa justificação pela graça. O objetivo final é que, como filhos de Deus, nos tornemos herdeiros da esperança da vida eterna (v. 7). A justificação, portanto, é um dom gratuito que nos faz participantes da promessa eterna.
O texto de hoje, Tito 3,1-7 resume, assim, o coração da mensagem da carta sobre a vida cristã: os crentes são chamados a viver em obediência, humildade e boas obras, não para ganhar a salvação, mas como resposta à obra salvadora de Deus. A salvação é resultado da graça e misericórdia de Deus, manifestada por meio de Jesus Cristo e aplicada pelo Espírito Santo, que regenera e transforma. Essa realidade espiritual funda a esperança dos crentes na vida eterna e orienta sua conduta no mundo.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia