Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Com a celebração de hoje iniciamos o tempo do advento e com ele um novo ano litúrgico. Nossos olhares se fixam a partir de hoje no mistério do Natal do Senhor. A primeira leitura deste domingo é tomada do livro da profecia de Jeremias. O texto proclamado faz parte do “Livro da Consolação”, que se destaca pelas promessas de restauração e esperança em meio às ameaças de julgamento e exílio que dominam o restante do livro. Este oráculo fala da renovação de Israel e Judá, revelando a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas ao povo.
No início do texto, Deus anuncia que dias virão em que Ele cumprirá as promessas feitas a Israel e Judá. Essa introdução sublinha a fidelidade divina à aliança, indicando que, apesar do exílio e da destruição, Deus permanece comprometido com Suas promessas. A expressão “dias virão” aponta para o futuro messiânico, um tempo de esperança e realização.
Em seguida, Deus promete suscitar a “justa descendência” de Davi, ou o “Renovo justo”. Esta figura representa um líder messiânico que governará com justiça e retidão, em contraste com os reis injustos do passado que contribuíram para a queda de Judá. A imagem do “Renovo” ecoa outros textos proféticos (como Isaías 11) e representa um novo início, um governante que restaurará a ordem e a justiça, trazendo redenção para o povo. Sob o governo do “Renovo justo”, Judá e Jerusalém viverão em segurança e serão chamadas “O Senhor é nossa Justiça”.
O título reflete a presença protetora de Deus. Aqui, a paz e a segurança são sinais de que Deus habita no meio do Seu povo e cumpre Sua justiça, proporcionando uma renovação profunda para Judá e Jerusalém. A ideia de "O Senhor é nossa Justiça" sugere que a relação do povo com Deus será restaurada e que Sua justiça será manifesta no meio do povo.
Em conclusão o trecho de Jeremias 33,14-16, hoje proclamado, aponta para a esperança messiânica e a restauração do povo de Deus. O cumprimento das promessas divinas através do “Renovo” reafirma a fidelidade e a justiça de Deus, mesmo em meio à crise. Para a vida cristã, o texto remete a Cristo como o cumprimento dessa promessa, pois Nele vemos a verdadeira justiça de Deus e o caminho para a paz e segurança eternas. Este trecho nos convida a viver bem o tempo do Advento e a confiar no plano divino, vivendo com esperança na vinda plena do Reino de Deus.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia