Minha prezada irmã, meu prezado irmão. O texto da primeira leitura desta terça-feira da segunda semana do advento é tomado do livro da profecia de Isaías, capítulo 40 e marca o início do “Segundo Isaías” (capítulos 40–55), um bloco literário que anuncia consolação e esperança para o povo exilado na Babilônia. Situado num contexto de sofrimento e perda, este trecho apresenta a certeza do retorno de Deus como pastor cuidadoso e poderoso libertador. A mensagem é profundamente escatológica e aponta para a restauração do povo de Deus e a revelação de sua glória a todas as nações.
O texto começa com o duplo chamado: “Consolai, consolai o meu povo”. Esta repetição expressa a urgência e a intensidade do conforto divino para um povo sofrido. A expressão “meu povo” enfatiza o relacionamento de aliança que Deus mantém com Israel, apesar do exílio e do castigo. Jerusalém é convidada a reconhecer que seu tempo de servidão acabou, e seu pecado foi expiado. Esta mensagem reforça a fidelidade de Deus em perdoar e restaurar seu povo.
A voz que clama no deserto anuncia a preparação do caminho para o Senhor. Este simbolismo aponta para a remoção de obstáculos e a retidão necessária para o retorno de Deus ao meio do seu povo. No contexto cristão, este trecho é aplicado a João Batista, que prepara o caminho para Cristo (cf. Mt 3,3). A promessa de que “toda a carne verá a glória do Senhor” reflete a universalidade da salvação divina, abrangendo todas as nações.
A comparação da humanidade à erva ou flor que murcha destaca a transitoriedade da vida humana em contraste com a permanência da palavra de Deus. Enquanto as forças humanas são passageiras, a palavra do Senhor permanece para sempre, garantindo a concretização das promessas divinas. Este contraste reforça a dependência de Israel (e da humanidade) da fidelidade e da graça divina. Além disso, os mensageiros são convocados a anunciar boas notícias: “Eis o vosso Deus”. A imagem de Deus como pastor que cuida ternamente do rebanho, carregando os cordeiros e guiando as ovelhas com amor, contrasta com sua poderosa realeza. Ele é o soberano que traz justiça e a presença cuidadosa que nutre e protege. Esta tensão entre poder e ternura reflete a totalidade do caráter divino. No cristianismo, esta figura é vista como prenúncio de Cristo, o Bom Pastor (cf. Jo 10,11).
Em conclusão, o texto de Isaías 40,1-11 oferece uma mensagem de consolo, restauração e esperança para um povo em crise. Ele reafirma a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas, a universalidade da salvação e a necessidade de preparação para sua vinda. No contexto cristão, o texto se realiza na pessoa de Jesus Cristo, que inaugura o reino de Deus e revela a glória divina de forma plena. Hoje, este texto inspira confiança na fidelidade divina, mesmo em tempos de dificuldade, e chama os cristãos a viverem como mensageiros da boa nova, proclamando a vinda de Deus com esperança e fé.