2º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Querida irmã, querido irmãos. Chegamos ao segundo domingo do tempo comum. Como primeira leitura escutamos a proclamação de um texto tomado do livro da profecia de Isaías. Este trecho faz parte da terceira seção do Livro de Isaías (Is 56–66), frequentemente chamada de “Trito-Isaías”. O texto é inserido em um contexto de renovação e restauração após o exílio babilônico. A mensagem central é de esperança, apresentando Jerusalém como símbolo da nova aliança entre Deus e seu povo. Essa restauração é descrita com imagens de casamento, alegria e glória.
“Por amor de Sião não me calarei” (v. 1). O profeta inicia com um compromisso fervoroso de intercessão. A justiça de Jerusalém será manifestada como uma luz radiante, indicando que a redenção divina não será uma realidade oculta, mas visível e gloriosa. “Será chamada com um novo nome” (v. 2). O “novo nome” dado por Deus reflete a transformação da cidade e do povo. Essa mudança de identidade indica uma nova relação com o Senhor, marcada por fidelidade e bênçãos. O novo nome é um sinal de restauração plena.
“Será uma coroa de glória na mão do Senhor” (v. 3). Jerusalém é descrita como uma joia preciosa, significando sua dignidade e valor. A cidade, antes humilhada e devastada, será elevada a uma posição de honra nas mãos de Deus. “Nunca mais te chamarão ‘Abandonada’” (v. 4). Os títulos “Abandonada” e “Desolada” refletem o exílio e a devastação de Jerusalém. Agora, a cidade será chamada “Minha Predileta” e “Desposada”, evocando imagens de um casamento. Isso expressa a intimidade e a alegria da relação entre Deus e seu povo.
“Como a alegria do noivo por sua noiva” (v. 5). A metáfora nupcial destaca a alegria mútua entre Deus e seu povo. A relação é restaurada a um estado de plenitude e amor, sugerindo um pacto renovado e eterno. Este texto revela o compromisso de Deus com a redenção e transformação de seu povo. A aliança é descrita em termos de amor conjugal, simbolizando intimidade, fidelidade e alegria. A figura de Jerusalém como a noiva aponta para a ação salvífica de Deus, que transforma vergonha em glória, abandono em comunhão.
No contexto cristão, esta passagem é vista como um prenúncio da vinda do Messias, que estabelece a nova aliança. A imagem do casamento é retomada no Novo Testamento para descrever a relação entre Cristo e a Igreja (cf. Ef 5,25-27; Ap 21,2). Na liturgia de hoje o texto tem ressonâncias na proclamação do evangelho das Bodas de Caná.
O texto nos convida a confiar no poder de Deus para transformar nossa vida e história, assim como Ele restaurou Jerusalém. Somos chamados a viver com a dignidade de quem foi resgatado por um amor eterno. A metáfora nupcial nos recorda que nossa vocação é de comunhão com Deus, vivendo na esperança, na fidelidade e na alegria de sermos amados por Ele. Essa mensagem ressoa especialmente em momentos de crise ou desolação, lembrando-nos de que a fidelidade divina sempre nos conduz à redenção.