TERÇA-FEIRA DA 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Minha cara irmã, meu caro irmão. Nesta terça-feira da terceira semana do tempo comum escutamos mais um trecho da Carta aos Hebreus, a saber 10,1-10. A Carta aos Hebreus visa demonstrar a superioridade de Cristo em relação aos antigos sistemas judaicos, especialmente o sacerdócio e os sacrifícios do Antigo Testamento. No capítulo 10, o autor compara os sacrifícios do Antigo Testamento com o sacrifício perfeito de Cristo, que, ao contrário dos sacrifícios repetidos realizados pelos sacerdotes, é definitivo e eficaz para a purificação dos pecados.
O capítulo 10 segue a argumentação que começa no capítulo 9, onde a superioridade de Cristo como sumo sacerdote e mediador da nova aliança é explicada. O versículo 1 do capítulo 10 destaca a insuficiência dos sacrifícios repetidos e prepara o caminho para a apresentação do sacrifício de Cristo como a solução para o pecado. O autor inicia afirmando que a lei mosaica, com seus sacrifícios e rituais, era apenas uma “sombra” das coisas que viriam com Cristo. Ela apontava para a necessidade de purificação e reconciliação com Deus, mas seus sacrifícios repetitivos eram incapazes de aperfeiçoar verdadeiramente os adoradores.
Nos versículos 2-4, O autor aponta para a limitação dos sacrifícios antigos. Se os sacrifícios de touros e bodes tivessem sido eficazes, não teriam sido repetidos todos os anos. Na realidade, esses sacrifícios apenas renovavam a lembrança dos pecados, mas não proporcionavam a verdadeira purificação. A repetição desses rituais demonstrava sua insuficiência para lidar com o problema do pecado de forma permanente. Cristo, por sua vez, oferece um sacrifício definitivo.
Na sequência (vv. 5-7), o autor fala do Corpo de Cristo como sacrifício. Incialmente cita o Salmo 40,6-8 para mostrar que, em vez dos sacrifícios de animais, Deus desejava obediência e um coração disposto a cumprir Sua vontade. A “formação de um corpo” em Cristo é uma referência ao fato de que Ele veio ao mundo em forma humana para cumprir a missão de reconciliar a humanidade com Deus. O sacrifício de Cristo não é apenas um ato ritual, mas uma entrega total de Sua vontade à vontade do Pai.
Por fim, nos versículos 8-10, autor sublinha que, ao oferecer Seu corpo, Cristo veio para fazer a vontade do Pai, substituindo o sistema de sacrifícios da antiga aliança. Este sacrifício é único e suficiente para a santificação dos crentes. A obra de Cristo, realizada uma vez por todas, traz uma santificação definitiva para aqueles que são chamados a viver em conformidade com a vontade de Deus.
Para nós hoje, o sacrifício de Cristo deve ser uma fonte constante de gratidão e reflexão. A compreensão de que Cristo se entregou “uma vez por todas” para a remissão dos pecados nos convida a viver em resposta a esse amor imenso e sacrificial. Esse sacrifício também nos chama a viver de maneira obediente à vontade de Deus, imitando o exemplo de Cristo, que disse “Eis-me aqui, para fazer a tua vontade”. Como discípulos de Cristo, somos chamados a viver a santificação que Ele nos proporciona pela entrega de nossas vidas à Sua vontade, vivendo em conformidade com o Evangelho e trabalhando para manifestar o Reino de Deus em nossa vida cotidiana.