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“Esperança Menina”

“Esperança Menina”

A expressão que dá título a este texto é parte de um dos mais belos textos sobre esperança, escrito pelo

A expressão que dá título a este texto é parte de um dos mais belos textos sobre esperança, escrito pelo poeta e ensaísta francês Charles Péguy, registrado em “Os portais do mistério da segunda virtude”. Perceber que a esperança é como uma criança e afirmar que “ela é uma criança”, “uma menina”, traz a necessária leveza ao olhar e ao caminho da humanidade. É preciso recuperar a esperança e deixar que ela brinque livre e inesperada pelos quintais, jardins e ruas, da cidade e do país.

 

A esperança é ainda menina, porque Péguy chama as outras duas virtudes teologais de esposa fiel (fé) e mãe (caridade). Essa menina, faceira, caminha junto das irmãs mais velhas, “as duas grandes irmãs”, sem que os nossos olhos a veja. Na mensagem para o 51º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2017), o Papa Francisco apresenta a esperança como “a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida”. Esta talvez seja uma forma de expressar que a esperança é menina, pequena, mais fácil de ser escondida e mais difícil de ser percebida. Contudo, presente.

 

Na sociedade da pressa talvez não percebamos o quanto esta virtude se faz presente. O pensador francês diz que “ninguém repara nela, o povo cristão só repara nas duas irmãs grandes”. E ainda é provável que, míopes, olhemos mais ainda para a esposa fiel. Caminhamos apressados e indiferentes, insensíveis à mãe caridade e cegos à menina do meio do caminho. A sociedade apressada e cega é também uma sociedade cansada que, segundo Buyng-Chul Han, “é um cansaço solitário, que atua individualizando e isolando”.

 

Falar de esperança, escrever sobre esperança, rezar a esperança é sempre insuficiente e precisa se revestir de um ato comunitário. Ela, diz Péguy, “obriga-nos a recomeçar dezenas de vezes a mesma coisa. Ou ir dezenas de vezes pelo mesmo caminho”.

 

Bom seria se todos nós, especialmente nestes tempos, deixássemo-nos guiar pelo Espírito e trilhássemos juntos o mesmo caminho. Um caminho no qual ninguém se preocuparia em chegar na frente, mas todos buscassem chegar juntos. E juntos fôssemos os verdadeiros “acendedores de esperança” poetizados por Dom Helder Câmara, esta grande e bela profissão, que se entretém numa saudável teimosia: “Deixa-me acender cem vezes, mil vezes, um milhão de vezes a esperança que ventos perversos e fortes teimam em apagar”.

 

Marcus Tullius
Mestrando em Comunicação Social pela PUC Minas, coordenador-geral da Pascom Brasil e membro do Grupo de Reflexão em Comunicação da CNBB.

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