A maior manifestação religiosa católica do mundo acontece em Belém, no Pará, há mais de 200 anos. Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira dos paraenses, possui status de Chefe de Estado, título único na esfera do Poder Público.

A devoção à Virgem de Nazaré começou em 1700, quando o caboclo Plácido José de Souza encontrou a pequena imagem, de 28cm, próxima ao rio Igarapé Murutucu, em Belém. Ele a recolheu, levou para casa, limpou-a e colocou no oratório. Misteriosamente e por várias vezes, a imagem voltou para o lugar onde ele a encontrou. Plácido compreendeu que a pequena imagem da Virgem Maria deveria ficar no local e, em sua honra, construiu uma pequena capela de taipa e palha.

No local desta singela capela, hoje temos o Santuário Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, a terceira basílica menor do Brasil e a primeira na região Norte. Em estilo arquitetônico neoclássico, seu simbolismo e relevância é uma preciosidade da arquitetura religiosa brasileira que abriga a imagem original.

O primeiro Círio de Nazaré aconteceu em 1793, como agradecimento do Capitão Francisco de Souza Coutinho por uma graça recebida. Mas vários anos depois, em meados do século XIX, a romaria foi instituída.

Durante a quinzena festiva são realizadas doze procissões, com o ápice da romaria no segundo domingo de outubro, junto ao encerramento das festividades. A multidão de devotos parte da Catedral Metropolitana, em procissão, carregando a imagem peregrina, e percorre 3,60km em direção ao Santuário Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. A padroeira dos paraenses e da Amazônia fica exposta para a visitação por 15 dias.

Por sua relevância, o Círio de Nazaré é Patrimônio Cultural Imaterial, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN), em 2004. E é declarado Patrimônio Cultural pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2013.

Fabiana Longhi
Arquiteta
Especialista em Espaço Litúrgico e Arte Sacra
Longhi arquitetura – Arquitetura do Sagrado