Habemus Papam. Ontem, 8 de maio de 2025, estas palavras ecoaram desde a Praça de São Pedro, em Roma, até os mais escondidos lugares do mundo onde algum meio de comunicação alcançava. Escutaram-nas não apenas o povo católico, mas também os outros cristãos, mulheres e homens de outras tradições religiosas, e homens e mulheres de boa vontade, embora não crentes. E, na sequência, o anúncio, em latim: “O Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor, Senhor Robert Francis, Cardeal da Santa Igreja Romana Prevost, que escolheu ser chamado Leão XIV.”

Quando falou pela primeira vez, Papa Leão XIV utilizou as mesmas palavras de Jesus Ressuscitado aos discípulos que, por medo dos judeus, estavam num lugar com as portas fechadas. Jesus entrou e pôs-se no meio deles dizendo: “A paz esteja convosco” (cf. Jo 21,19). Assim, o novo Papa começou seu ministério, com o anúncio da paz, desejando que esse voto de paz chegasse aos corações de todos, alcançasse as famílias e a todas as pessoas, a todos os povos e a toda a terra. Num mundo cheio de guerras em curso, essa mensagem ressoa como importantíssima: “uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante. Provém de Deus, Deus que ama a todos, incondicionalmente”.

Sua primeira mensagem a Roma e ao mundo deixa-nos, sutilmente, uma indicação: “ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz frágil, mas sempre corajosa do Papa Francisco, que abençoava Roma”. Não vamos nos esquecer daquela voz, por vezes frágil, mas sempre corajosa. Voz que ressoa com apelos em favor da missão de construir pontes, com o diálogo e com o encontro, unindo todos para sermos um só povo, sempre em paz. A multidão o aplaudiu mais uma vez quando disse: “Obrigado, Papa Francisco”.

Apresentando-se como “filho de Santo Agostinho”, referindo-se à sua ordem religiosa, lembrou-nos da conhecida expressão do Bispo de Hipona: “Convosco sou cristão, para vós sou bispo”. Este modo de dizer retoma  a importantíssima consciência do batismo que nos fez membros do Corpo de Cristo, a Igreja. O batismo nos une na mesma fé, somos irmãos e irmãs. E, ainda, explicita a razão do ministério: “para vós sou bispo”. O  episcopado é um serviço em favor dos irmãos. Essa forma de servir já ficou delineada quando Leão XIV afirmou: “queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que busca sempre a paz, busca  sempre a caridade, busca sempre ser próxima, especialmente, daqueles que sofrem”.

Todos poderão encontrar dados biográficos do novo Papa. Eu não poderia deixar de trazer um dado que o liga à nossa querida cidade de Goiânia. Quando era o Padre Geral da Ordem de Santo Agostinho, OSA, ele esteve por duas vezes em Goiânia para visitar seus confrades na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Aeroporto, no Colégio Agostiniano e nas obras sociais agostinianas. Como membro da presidência da CNBB, ao ser recebido em audiência por ele no Dicastério para os Bispos, em Roma, foi ele mesmo quem me disse ter estado aqui na capital goiana. Agora, resta-nos nutrir em nosso coração o sonho de uma terceira visita, como Papa. Quem sabe para o XIX Congresso Eucarístico Nacional que Goiânia sediará de 3 a 7 de setembro de 2027.

Dom João Justino de Medeiros Silva

Arcebispo de Goiânia

 1º Vice-Presidente da CNBB