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Igreja Doméstica: A chama da fé acesa em família

Igreja Doméstica: A chama da fé acesa em família

Práticas para a vivência da fé em família

O mundo transforma-se a cada dia, seja nas relações pessoais, profissionais, com o avanço das tecnologias. Enfim, ele está em constante modificação, de forma que a essência da vida sofre variações e mesmo aquilo que não deveria mudar porque são “coisas que não passam” (cf. Mt 24,35), é posto à prova.

 

A humanidade assiste atônita e confinada ao avanço do coronavírus no Brasil e no mundo. A doença já infectou 2.611 pessoas em todos os estados do país, causando a morte de 63 pessoas, sendo 48 só no estado de São Paulo, conforme dados das secretarias estaduais de saúde (dados coletados em 26/03/2020).

 

A doença já afeta a vida em todos os sentidos e suas consequências deverão durar um período ainda não determinado. A única certeza é de que ela tem mudado rotinas, tirado vidas, levado ao colapso sistemas de saúde que até então eram tidos como avançados e exemplares, mas a realidade mostrou que eles não estavam preparados para este momento e até mesmo comportamentos simples da sociedade têm se transformado. Afinal, quem não está sentindo falta de um abraço, de um aperto de mãos, daquela conversa próxima fisicamente?

 

A dimensão da fé também é provada. Na Palavra do Arcebispo desta semana, Dom Washington Cruz diz uma frase muito sábia: “Uma crise pode ser assustadora, mas pode abrir oportunidades”. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) tem muito a nos ensinar sobre o contexto atual. “Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs têm importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concílio Vaticano II, usando uma antiga expressão, chama a família de ‘Ecclesia domestica’” (n. 1656).

 

Neste momento em que a humanidade sofre um dos maiores desafios da história, todos são provocados a repensar o seu modo de vida, sobretudo os cristãos. Parece normal, nos dias de hoje, famílias terceirizarem responsabilidades que são suas. A educação às escolas, a fé à Igreja. Será possível tirar uma lição disso a partir de tudo o que estamos vivendo nestes dias? Para falar sobre esse assunto, entrevistamos o  Mons. Daniel Lagni, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, do Parque das Laranjeiras. O sacerdote diz que o momento é de sofrimento, provações e isolamento, mas também de grande oportunidade que precisa ser aproveitado pelas famílias. “Precisamos tirar de tudo isso uma lição para a vida: rever nossos princípios, nossas escolhas, lutar por uma sociedade menos consumista, mais solidária e fraterna”, afirmou.

 

A frase do CIC, neste momento, é muito oportuna: “A Igreja não é outra coisa senão a família de Deus” (n. 1655). O sentido familiar também precisa ser resgatado, na visão do mons. Daniel e, em sua avaliação, o momento é propício. “A humanidade e cada um de nós, pessoalmente, têm a oportunidade de reavaliar o valor, o significado e a importância das nossas relações para nos humanizarmos um pouco mais. Hoje, praticamente todas as famílias, por circunstâncias diversas de trabalho e financeiras, terceirizam a educação dos filhos. Precisamos rever nosso comportamento porque o convívio familiar é de suma importância. A relação pessoal dos pais com os filhos, dos filhos com os pais, dos próprios irmãos, tudo isso cria um laço familiar que ninguém pode romper ou tolher”, explicou o padre.

 

Família, Igreja doméstica

Muito se fala sobre família como base da sociedade. Ela é também a base da nossa fé. Questionado se esse seria o momento para fortalecer essa base, mons. Daniel disse que o diálogo e a aproximação dos componentes familiares podem transformar o seu modo de se relacionar e conviver. “Temos, hoje, em nossas mãos, uma oportunidade bonita do reencontro na família com o diálogo, a oração, o almoço junto, a divisão de tarefas da casa e de reaproximação dos laços familiares. Isso é o que chamamos de Igreja doméstica. Começamos a usar a expressão nos últimos 50 anos, com o Concílio Vaticano II, com as conferências de Puebla, de Santo Domingo e de Aparecida. A expressão reflete uma realidade que acontecia nos primórdios da Igreja, quando ela nasceu nas pequenas comunidades, nas famílias, nas catacumbas de refugiados. Lembramos, por exemplo, o fato de Pedro, na casa de Cornélio, em que ele pede o batismo para si e para toda sua família. Essa é uma expressão clara da Igreja que nasce a partir da família. No final do século IV, quando, por volta do ano 315, Constantino assumiu o Cristianismo como religião oficial do Império Romano, a Igreja pulsava em pequenos grupos, nas comunidades, nas casas de família em que as pessoas celebravam a fração do pão, a eucaristia, a oração do Senhor e também a partilha e a solidariedade de bens. Esse é um grande e belo testemunho para a nossa realidade hoje”, esclareceu mons. Daniel.

Vivência Cristã em Família

É hora de a gente dialogar mais, pensar novos rumos para a vivência da fé, da religiosidade, das reflexões em torno da Palavra de Deus, da reza do terço, da ladainha e das devoções que aprendemos desde crianças e que carregamos no coração e na alma”, sugeriu o entrevistado.

 

1 – Lectio DivinaLeitura Orante da Bíblia. Trata-se da meditação, da oração e contemplação da Palavra de Deus. Por esse modo de leitura, consideramos atentamente as palavras do texto ao mesmo tempo em que a imaginação e os afetos tomam consciência do que Deus nos diz. O roteiro, que conduz ao encontro pessoal com Jesus, pode ser praticado em pequenas comunidades, sobretudo na família.

 

2 – Reza do Terço – Uma das orações mais antigas e importantes da Igreja, pois contém a oração que o próprio Cristo nos ensinou, as orações a Nossa Senhora, o Credo. É um modo muito indispensável de oração porque ele une as famílias, conforme a frase bastante difundida: “família que reza unida, permanece unida”.

 

3 – Ladainha e devoções – Ladainha é uma palavra grega que significa “súplica”. É um conjunto de orações com invocações dirigidas a Deus, a Nossa Senhora e aos santos. No fim de cada frase é feito um pedido que forma uma prece abreviada. Por exemplo: rogai por nós, tende piedade de nós, nós vos louvamos, Senhor.

 

4 – Transmissões de celebrações e Santa Missa – Durante estes dias de quarentena, a maioria das paróquias e comunidades da Arquidiocese de Goiânia estão sendo transmitidas ao vivo.  Clique aqui e confira horários de transmissão das paróquias. O nosso arcebispo Dom Washington Cruz e os bispos auxiliares celebram no domingo, às 11h30, com transmissão ao vivo pelas redes da Arquidiocese e da Catedral Metropolitana de Goiânia. As TVs católicas também transmitem celebrações todos os dias. 

4 – Roteiros para celebração em família – A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga, semanalmente, o roteiro para a celebração dos domingos em família. O material conta com leitura, salmo e Evangelho, preces e oração no tempo de fragilidade, além de invocação de bênção e sugestões de cantos. A Comissão para a Liturgia recorda os vários horários de missas transmitidas pelos meios de comunicação, mas ressalta a importância de “não só acompanhar, mas celebrar com nossas famílias o Dia do Senhor”. O material está disponível no site da Conferência em www.cnbb.org.br

 

5 – Oração pessoal – Em meio a tantas tarefas do dia a dia no trabalho, na família, nas paróquias e comunidades, muitos se esquecem do valor da oração pessoal. Nestes dias em que não podemos realizar essas atividades, precisamos reavaliar a importância desse momento de intimidade com Deus. É a oração pessoal que qualifica nossa vida fraterna e nos dá credibilidade para a missão evangelizadora. A Palavra de Deus nos ensina quão importante é a oração pessoal (Lc 6,12-16 e Lc 22,39).

 

Fúlvio Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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