O papa Francisco dedicou a intenção de oração do mês de junho à beleza do matrimônio. No vídeo de divulgação sobre o tema, ele nos chama a rezar pelos jovens que vão se casar. “Rezemos pelos jovens que se preparam para o matrimônio com o apoio de uma comunidade cristã, para que cresçam no amor, com generosidade e fidelidade”.
Segundo o papa, o casamento é uma vocação. Ele questiona: “Será verdade o que dizem, que os jovens não querem se casar, especialmente nesses tempos tão duros?” Respondendo a esta pergunta, o jovem casal de noivos Roniel Silva e Natanne Pinheiro, se prepara para receber o Sacramento do Matrimônio. Juntos há quase nove anos, eles explicam sobre a decisão do “sim”. “Deus sempre tem um propósito maior em nossas vidas, eu Natanne, sempre dizia ‘se for da sua vontade Pai, assim será…’ E dentro da Igreja víamos que esse era o caminho que queríamos seguir. Recebemos conselhos dos amigos e de várias pessoas que, com certeza, nos ajudaram muito a tomar a decisão”.
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A oração os ajuda a se manterem nos planos de Deus. “Sempre procuramos ir juntos à missa e, nas orações, estar sempre de mãos dadas, mas o nosso propósito é ter uma rotina de oração em casa quando nos casarmos. Já estamos até preparando o nosso oratório”. E explicam: “é através da oração que sentimos todo o amor de Cristo por nós, já foram tantas bênçãos. Aconteceram inúmeras coisas, que poderíamos ter adiado nossa data de casamento, mas nós nos mantivemos firmes”.
O papa Francisco alerta que o casamento “é uma decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação especifica”, e pede, “por favor não se esqueçam disto: Deus tem um sonho para vós”. Damon Rill Batista e Lorrane Nunes de Albuquerque estão casados há dois anos, e foi na casa de Deus que perceberam os planos do Senhor. “Nos conhecemos servindo no ministério de música da Igreja. Ele veio de Manaus e tinha chegado há pouco tempo e eu tinha acabado de entrar em um grupo da comunidade, na época. Servimos várias vezes juntos e tivemos uma amizade muito boa por um ano, até que percebemos que Deus queria mais de nós”, explica ela.
De acordo com Lorrane, “a Igreja e a oração nos ajudaram na tomada de grandes decisões. Casar foi uma delas. Tudo que fazemos, buscamos entregar a Deus através da oração e sempre estamos buscando a direção espiritual do padre”. O casal fala ainda que o casamento não é algo perfeito e explica como agem quando o conflito chega. “A oração é a nossa força. Com ela conseguimos vencer qualquer coisa e em qualquer âmbito de nossas vidas. É essencial, no casamento, que ambos tenham uma vida de oração individual e juntos, pois, só assim, reconhecendo o amor que Deus tem por nós, conseguimos amar o outro”.

Viagem de toda vida
Mas, o que é necessário para um casamento ser longo e feliz? Seu Francisco e Dona Laurinda têm 58 anos de matrimônio. Se conheceram ainda pequenos, pois são primos. Mesmo com esse grau de parentesco, se viram poucas vezes na infância. Seu Francisco guarda na memória a primeira vez que viu Laurinda. “Era uma festa na casa dela, a gente ainda era criança. Nós estávamos com sono e minha mãe me colocou para deitar ao lado dela”, relata.
Dona Laurinda diz que não se lembra disto e relata que Francisco já era rapaz quando ela o viu pela primeira vez. “Era um moço bonito”, lembra. Ainda jovens, se apaixonaram quando tinham pouco mais de 20 anos de idade. A mãe de Laurinda era contra o casamento. “A mãe não queria que eu casasse porque o Francisco ingeria bebida alcoólica e ela já tinha sofrido muito com meu pai por causa do alcoolismo”. Seu Francisco rebate: “Ela não queria que a gente casasse porque eu era pobre”, diz ele sorrindo. Porém, depois de muita insistência do rapaz, a sogra acabou cedendo. “O povo duvidava que eu ia casar com a ‘Lô’ (apelido carinhoso que seu Francisco se refere a esposa). O irmão dela até falou que, se a gente cassasse, ele ia se mudar para um fim de mundo. Eu disse para ele: pode fazer as malas então, porque o casamento já está marcado”.

A força de vontade que fez seu Francisco lutar para se casar com Laurinda foi a mesma que ele levou por toda a vida. Após o matrimônio, ele sempre trabalhava para dar qualidade de vida para família. “Nós já moramos em mais de 20 cidades, o ‘Bat’ (apelido carinhoso que dona Laurinda se refere ao esposo) sempre mudava. Ele me falava que estávamos em busca de uma vida melhor. Quando ele falava que a gente ia para outro ‘canto’, eu só arrumava os meninos e ficava esperando”, relata ela.
O matrimônio rendeu ao casal seis filhos biológicos e uma filha gerada no coração, a qual eles adotaram ainda pequena. Eles têm ainda dez netos e seis bisnetos. Indagados sobre qual a maior dificuldade que enfrentaram durante o casamento, os dois responderam que na vida deles quase não houve brigas ou discussões, que eles têm e tiveram uma vida muito feliz e frutuosa. Laurinda aponta como negativo no esposo apenas a bebida alcoólica, que ficou para trás há mais de 20 anos.
Ao serem perguntados sobre o segredo para se ter um matrimônio longo e feliz, o casal é enfático. “É preciso ter paciência”. Seu Francisco ainda completa: “As pessoas hoje veem o casamento como algo descartável, mas não é assim. A gente tem que ter paciência com o outro”. Dona Laurinda deixa uma mensagem para quem pensa em se casar. “A primeira lição é ter muita paciência, e ter bastante fé em Deus. Casamento não é fácil, mas precisa ser levado a sério”, conclui ela.
Suzany Marques