Com o objetivo de evangelizar e de promover a dignidade humana por meio da presença da Igreja nos cárceres, a Pastoral Carcerária (PCr) completa, em 2022, 50 anos de existência. A Pastoral está ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e atende às pessoas presas e suas famílias.
Tendo como lema “Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25,36), a pastoral objetiva também encaminhar as denúncias de torturas, maus-tratos e violações de Direitos Humanos praticados contra as pessoas privadas de liberdade aos órgãos responsáveis. Além disso, ela visa conscientizar a sociedade da difícil situação do sistema prisional.
Durante a pandemia da Covid-19, a Pastoral enfrentou bastante dificuldade em sua missão, visto que os presídios foram fechados para as visitas. “Um dos maiores desafios enfrentados pela Pastoral, e também para os familiares das pessoas presas – é o fechamento cada vez maior do cárcere, que foi intensificado pela pandemia. Se não conseguimos entrar nas prisões, não conseguimos estar próximos dos irmãos e irmãs encarcerados e realizar o nosso trabalho”, foi o que explicou a coordenadora nacional da PCr, irmã Petra Silva Pfaler.

Já na Arquidiocese de Goiânia, a dificuldade enfrentada é outra. De acordo com o coordenador arquidiocesano, irmão Diego Vinicio Gomes, a falta de membros é o maior problema encarado. “Atualmente estamos apenas com 10 membros ativos”, revelou. Segundo ele, a pandemia foi um dos causadores dessa realidade. “A realidade pandêmica dificultou sim o nosso trabalho, pois perdemos o vínculo com os encarcerados e muitos voluntários. O nosso objetivo principal agora é o retorno presencial das visitas lá dentro do presídio”, explanou.
O coordenador arquidiocesano revelou ainda que a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária os convidou para uma reunião em que foi feita uma nova portaria, que em breve será lançada, e também foi conversado sobre o retorno das visitas religiosas aos cárceres goianos. Ele salientou que o trabalho não para e que, enquanto as visitas não voltam, o serviço da Pastoral está direcionado às famílias dos privados de liberdade. “Muitos familiares dos encarcerados nos procuraram para receber as devidas orientações. Neste tempo de pandemia nosso trabalho foi totalmente voltado para os familiares aqui fora”.

Um sentimento de alegria e gratidão se manifesta no coração da irmã Petra Silva, ao comemorar os 50 anos de existência da Pastoral Carcerária. “O sentimento é de alegria porque durante tantos anos a Igreja no Brasil tem o compromisso com as pessoas encarceradas e seus familiares”. Contudo, ela relata também que há um sentimento de frustação e indignação, pois, apesar do trabalho incessante da PCr, a cada dia, a vida no cárcere está pior. “Desses 27 anos que estou na Pastoral Carcerária, só piora a situação das pessoas presas, as torturas só aumentam, o atendimento à saúde só piora, a superlotação só aumenta. É muito triste, apesar da Igreja e da Pastoral Carcerária denunciar, a situação está cada vez mais difícil”. A coordenadora revela ainda qual o seu maior sonho dentro da PCr. “Que haja uma justiça restaurativa e que reine a paz”, finaliza.
Breve histórico arquidiocesano
Na Arquidiocese de Goiânia, a Pastoral Carcerária está presente há 27 anos. O responsável por trazer a pastoral foi o então arcebispo, Dom Antônio Ribeiro, no ano de 1995. Foi a convite dele que a atual coordenadora nacional, irmã Petra Silva Pfaler, entrou na PCr.
Inicialmente, na Arquidiocese, o objetivo da Pastoral era “favorecer a assistência religiosa e humana aos presidiários e seus familiares” no antigo Cepaigo, hoje Penitenciária Odenir Guimarães (POG), na Casa de Prisão Provisória (CPP) e nas delegacias.
Se você deseja ser voluntário nessa missão, entre em contato  com o responsável arquidiocesano da Pastoral Carcerária:
Telefones: (62) 3223-0759 / 98520-9197
E-mails: pastoralcarceraria.go@gmail.com / sviniciossdiego@hotmail.com
Suzany Marques