Este mês é conhecido por Junho Violeta. Trata-se de uma campanha instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa, no ano de 2006. Foi instituída também a data de 15 de junho como Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

 

A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), em nosso país, abraçou a campanha, uma vez que vai totalmente ao encontro de suas ações por essas pessoas que são 13% da população brasileira, isto é, 28 milhões de idosos. Irmã Waldeci Maria Jacinta Mota, coordenadora da PPI na Arquidiocese de Goiânia, explicou, em entrevista, os objetivos da campanha e como a Igreja pode colaborar para que os idosos sejam protegidos e, mais do que isso, amados como merecem.

 

De acordo com a religiosa, a campanha Junho Violeta tem o objetivo de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de estar atento a um problema que cresce a cada ano. “Mais do que tratar as pessoas idosas com dignidade e respeito, é preciso denunciar casos de violência às autoridades competentes, já que amor, culpa e vergonha muitas vezes impedem que as pessoas idosas denunciem os responsáveis por abusos, em sua maioria parentes ou pessoas próximas.”

 

Na mesma linha, a Pastoral da Pessoa Idosa trabalha, conforme citado acima, assegurando a dignidade e a valorização integral das pessoas idosas por meio da promoção humana e espiritual. “Além disso, nós respeitamos seus direitos num processo educativo de formação continuada dessas pessoas, de suas famílias e de suas comunidades, sem distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político, para que as famílias e as comunidades possam conviver respeitosamente com os idosos – protagonistas de sua autorrealização.”

Presença da PPI no Brasil

– Idosos acompanhados pela PPI                                               142.459

– Paróquias com a PPI                                                               1.505 (14%)

– Dioceses com a PPI                                                                  204 (76%)

– Municípios com a PPI                                                              931 (18%)

– Estados com a PPI                                                                   27 (100%)

– Líderes Comunitários atuantes                                               21.175

– Média mensal de famílias acompanhadas pela PPI                    117.510
 

Na Arquidiocese de Goiânia, conforme irmã Waldeci, existe um trabalho orgânico com subsídio próprio, já implantados em 12 paróquias, por intermédio de uma coordenação paroquial e de seus líderes. Ela salienta que, mediante os dados de fragilidades, é possível incentivar o estímulo de ações em favor das pessoas idosas nas comunidades, nas paróquias e no município.
 

Embora na arquidiocese não exista dados estatísticos sobre maus tratos a idosos, a PPI tem uma estratégia de atuação organizada. “Atuamos através de indicadores de fragilidades, adaptados conforme as mudanças ocorridas no processo de envelhecimento populacional e da necessidade de políticas públicas destinadas às pessoas idosas. Esses indicadores servem de orientação, estímulo e incentivo às pessoas idosas a práticas saudáveis. O líder da visita domiciliar, que é o agente da Pastoral da Pessoa Idosa, faz os encaminhamentos na rede assistencial do município”, sublinhou. 

 

Idosos e Pandemia

Em mensagem em sua conta no Twitter, no dia 15 de junho, o papa Francisco disse que a pandemia mostrou o despreparo das populações do mundo inteiro para o cuidado com os idosos. Irmã Waldeci comentou as palavras do Santo Padre e disse que a Pastoral da Pessoa Idosa vê este momento com grande preocupação e esperança. “Nós seguimos os protocolos de segurança do Ministério de Saúde e as orientações da Igreja local. Devido à pandemia estão suspensas as visitas domiciliares. Neste momento, estamos acompanhando os idosos e suas famílias através dos meios de comunicação, procurando ser apoio e amenizando a sua solidão, na esperança de que tudo volte ao normal e possamos continuar o trabalho de implantação da pastoral nas paróquias agendadas para este ano.”

 

A coordenadora destacou também que a Igreja e a sociedade podem fazer muito pelos idosos, sobretudo neste tempo de distanciamento social. “A pandemia veio tornar visível o que era invisível aos nossos olhos. Por exemplo, o descaso das políticas públicas em relação às Casas de Acolhimento de Pessoas Idosas em todo o país. Precisamos tomar consciência da importância de um trabalho em rede na Igreja, na sociedade civil e no âmbito governamental, fomentando projetos e ações em conjunto que beneficiam a pessoa idosa fragilizada e vulnerável.” É necessário ainda, conforme destacou, “criar a consciência da importância da pessoa idosa, seus valores, suas experiências, respeitar, valorizar e cuidar como patrimônio cultural, afetivo, humano”.

Sinais de maus tratos a idosos

Um dado curioso e indispensável, que precisa deixar a população em alerta quanto à proteção dos idosos, está na família, segundo irmã Waldeci. “Dados bibliográficos mostram que 95% dos casos de violência contra idosos ocorrem na família, dentro da própria casa, onde o choque de gerações, problemas de espaço físico e dificuldades financeiras contribuem para o afastamento do idoso do convívio familiar e social.” A PPI atua na apuração prudente dos fatos aparentes, por meio dos princípios do ver, julgar e agir. “Os dados revelam, ainda, que as violações mais comuns são a negligência, a violência física ou psicológica e o abuso financeiro e econômico, também chamado de violência patrimonial”, ressaltou a religiosa.

 

Canais de denúncia

É importante destacar que toda e qualquer ação de combate à violência contra a pessoa idosa deve ser articulada com todas as esferas em defesa dos direitos.

 

Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso de Goiânia – DEAI
Fone: (62) 3201-1501

 

Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa
Fone: (62) 3524-7399

 

Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos
Disque 100

 

Centro de Referência de Assistência Social – CRAS
Fone: (62) 3524 – 2676 / 2625

 

Centro de Referência Especializada de Assistência Social – CREAS
Fone: 3524-4605 / 3524-4607 (Setor Sul)

 

Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMAS
Fone: (62) 3524 – 2642

 

Algumas casas de acolhimento de idosos na Arquidiocese de Goiânia

                                                                                                                                                                                                                                                                       

– Casa de Idosos para o Clero que acolhe padres idosos e doentes, em Goiânia;

 

– Abrigo de Idosos São Vicente de Paulo, em Goiânia;

 

– Casa de Nossos Pais, em Goiânia;

 

– Casa Santana, em Inhumas;

 

– Centro de Convivência de Idosos, em Passa Quatro.

 

Em várias paróquias da arquidiocese, bem como na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), existem serviços de convivência de idosos, por meio de oficinas artesanais, prática de atividades físicas, atendimento médico e odontológico, inclusão digital e outras atividades voltadas para esse público. As atividades, porém, não estão ligadas à Pastoral da Pessoa Idosa.

 

Ao fim da entrevista, irmã Waldeci destacou que também é indispensável a atenção da sociedade para com o cuidador de idosos. “Essas pessoas devem manter uma rotina de vida com atividades de lazer, ter um dia para cuidar de si, de sua saúde. Em muitas situações que a pastoral acompanha, familiares renunciam sua vida profissional e afetiva para manter o cuidado de seus pais idosos e, quando esses faltam, muitos sentem-se sozinhos e acabam em depressão. Precisamos zelar por aqueles que cuidam com tanto carinho e dedicação de nossos idosos.”

 

 

Fúlvio Costa