Com o início do funcionamento da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, couberam às Irmãs Agostinianas, a missão de dirigir o novo hospital. Elas iniciaram os trabalhos em 1937, coordenadas pelas irmãs Isidora Rodriguez, Maria Valvanera, Maria Angela de Araújo e Esperança Garrido. As irmãs ficaram até o ano de 1942, quando deixaram a direção da Santa Casa.
Diante disso, Dom Emanuel Gomes de Oliveira recorreu às Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo (Vicentinas), que estavam no Rio de Janeiro e tinham uma Escola de Enfermeiras. Enviou seu pedido à irmã Marie Antoinete Blanchot, superiora provincial, de quem recebeu o parecer positivo. Em dois de outubro de 1942, chegou a Goiânia um grupo de seis irmãs, sendo elas, Lídia de Paiva Luna, Cecília Fernandes, Inês Laje, Jeane Sabóia, Josefa Dias Lima (Ir. Luiza) e Juleita Morgantte (Ir. Vicência)[1]. Com a chegada das irmãs, elas assumiram a direção da Santa Casa e concretizaram o projeto que Dom Emanuel e a conferência dos vicentinos tinham estabelecido em 1941, a criação de uma Escola de Enfermagem católica em Goiânia, que se deu em 10 de outubro de 1942.
O desejo de Dom Emanuel em trazer as Filhas da Caridade para a Santa Casa de Misericórdia, em primeiro lugar, manifestava a presença e a atuação da Igreja de maneira evidente frente à sociedade e ao governo num contexto de laicização, como foi o da criação da nova capital e da mentalidade secularizada de Pedro Ludovico. A Igreja sentiu a necessidade de ocupar lugares importantes na sociedade civil, como, por exemplo, através da administração da Santa Casa, e a presença das irmãs resguardaria isso – até mesmo porque, naquele momento, o estado não tinha pessoas qualificadas para tal função, cabendo à Igreja responder a essa demanda e garantir o seu espaço.
As Filhas da Caridade já tinham uma forte atuação nesta área, pois estavam à frente da Escola de Enfermagem Luiza de Marillac, no Rio de Janeiro. A congregação religiosa investiu na formação de suas irmãs, principalmente no campo da enfermagem, que as qualificaram para tal função. Isso respondia ao carisma da congregação, que tinha a finalidade de cuidar dos pobres, doentes e desvalidos.
Pe. Maximiliano Costa
Mestre em História
[1] Relato de Josefa Dias Lima (Ir. Luiza). Missão das Filhas da Caridade em Goiás. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central. p. 6.