Os 15 bispos e dois administradores diocesanos do Regional Centro-Oeste da CNBB saíram de São Paulo, na sexta-feira, dia 7 de fevereiro, num voo da Alitália que pousou em Roma às 7 da manhã do sábado. Oficialmente, a visita Ad Limina Apostolorum de 2020 teve início no dia 8 de fevereiro, com a chegada e a instalação do grupo na Domus Romana Sacerdotalis, que se localiza numa das últimas transversais da Via della Concilazione para quem sai da Praça de São Pedro na direção do Rio Tibre. Esse hotel, chamado também de Casa do Clero de Roma, foi criado por João Paulo II, em janeiro de 1999, com objetivo de oferecer hospitalidade aos eclesiásticos que pertencem ao corpo diplomático da Santa Sé ou que servem na Cúria Romana.
Última reunião preparativa
Na Domus Sacerdotalis, os bispos realizaram às 9h30 da manhã do domingo, 9 de fevereiro, a última reunião em preparação para todo o processo da visita aos dicastérios e ao papa Francisco. Dom Waldemar Passini, bispo de Luziânia (GO), coordenou os trabalhos e tratou, naturalmente, dos últimos detalhes práticos de toda a movimentação de vai durar até dia 18 de fevereiro. Como foi largamente divulgado, essa visita é obrigatória e prevista no Direito Canônico. Em seu Diretório, essa visita “por parte de todos os bispos que presidem na caridade e no serviço às Igrejas particulares em todo o mundo, em comunhão com a Sé Apostólica tem um significado preciso, ou seja, o revigoramento da própria responsabilidade de sucessores dos Apóstolos e da comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro, e a referência na visita a Roma, ao túmulo dos Santos Pedro e Paulo, pastores e colunas da Igreja Romana”. Ele ainda sublinhou que a visita “representa na realidade um momento central no exercício do ministério pastoral do Santo Padre. Em tal visita o Supremo Pastor recebe os Pastores das Igrejas particulares, trata com estes das questões concernentes ao seu ministério eclesial”.

Celebração da Eucaristia
Logo após a reunião, às 11h, o grupo participou de uma celebração da Eucaristia que foi presidida pelo bispo auxiliar de Anápolis (GO), Dom Dilmo Franco. Durante a homilia, ele fez alguns destaques importantes da liturgia e algumas considerações sobre a chegada do grupo a Roma. Inicialmente, esclareceu: “Sabemos que o Evangelho de hoje é uma continuação do Sermão da Montanha no qual Jesus diz: ‘vós sois sal da terra e luz do mundo’. Um jesuíta, Pe. Adroaldo Palaoro, diz que, no tempo de Jesus, as pessoas pegavam blocos de sal para colocar nos fornos na hora de assar o pão porque o sal retinha o calor. Mas depois de algumas fornadas, aquele sal já não tinha mais o poder de ‘segurar’ o calor e aí precisavam ser trocados. Esses blocos, então, eram jogados nas estradas para tampar buracos de enxurrada e é por isso que Jesus fala que não servirá para outra coisa a não ser ‘pisado pelos homens’”.
.jpeg)
Dom Dilmo continuou: “Nós sabemos que o sal, como dizem alguns cozinheiros, não dá o sabor para comida, mas ressalta o sabor de cada alimento. Uma pequena quantidade de sal é capaz de ressaltar o sabor de uma grande quantidade de comida. Nesse sentido, quando acolhemos o símbolo do sal que Jesus coloca, lembramos que no Livro dos Números (18,19) vai falar de uma oferta de alimentos que é colocada diante do Senhor e que é jogado sal sobre ela simbolizando a perenidade daquela oferta. Isto pode depois ser feito uma leitura sobre a Eucaristia, mas o sal é a representação de uma aliança, de uma oferta perene. Nós temos sempre essa graça de Deus dada pelo batismo, de salgar, ou seja, de dar sabor, de ressaltar o sabor. Mas, ao mesmo tempo, não é somente oferecer, não é somente apresentar a oferta, é se tornar oferta. Não é, simplesmente, oferecer o sacrifício, é se tornar também sacrifício”.
O bispo auxiliar de Anápolis, ex-reitor do Seminário São João Maria Vianney, que foi ordenado no mês passado, dia 25 de janeiro, Dom Dilmo, lembrou a segunda leitura proclamada na liturgia: “a gente olha o que está dizendo o livro, pegando ali o aquilo que temos também nos conselhos evangélicos materiais, que é dar pão a quem fome, vestir o nu e acolher os peregrinos. Então, como ser luz? Justamente isso; através das ações. De maneira que o nosso culto nunca pode ser vazio ou simplesmente teórico, mas colocando como ser luz através das ações. Uma pequena quantidade de sal é capaz salgar, de dar sabor a muito alimento. Então, dessa maneira, pequenas ações, mesmo que sejam isoladas, têm o poder de iluminar muitas pessoas. Isso dá ao nosso coração uma certa paz de não perder a esperança no mundo, como ocorre com muitas pessoas. As pequenas ações iluminam, necessariamente, porque a força de Deus se impõe”.
Entrevista com Dom Dilmo Franco
O senhor tornou-se o bispo mais recente ordenado do regional, foi apresentado à sua Igreja Particular há apenas uma semana e já presidiu a missa oficial de abertura da Visita Ad Limina. Que sentimento o senhor experimentou?
O Dom Waldemar, presidente do Regional, durante a primeira reunião que tivemos, disse que estamos todos juntos aqui como irmãos e que não era para momento de tensão para ninguém. Ele tinha que falar para o meu cérebro isso, parece que não entendi não… Claro, a gente fica nervoso, pois afinal de contas são bispos que ouço desde quando era seminarista. E, de repente, meu Deus, o que vou falar para esses homens? Sabem tudo! Mas sinto uma grande alegria em ser acolhido e de poder ajudar naquilo que Deus pedir de mim.
Qual é a expectativa do senhor sobre a visita?
De aprendizado. Quero ver tudo. Quero escutar tudo porque sei que depois vai ser cobrado.
(Repórter: Pe. Eduardo Rezende, secretário-executivo do Regional)