Jornada de caridade do papa com o irmão que mais sofre
Na Solenidade de São Pedro e São Paulo apóstolos (colunas mestras da Igreja), que acontece no dia 29 de junho ou no domingo seguinte quando esse dia cai durante a semana, a Igreja em todo o mundo realiza a chamada coleta do Óbolo de São Pedro. Trata-se de uma pequena oferta em sua dimensão, mas imensa em seu espírito e perspectiva. Nesse dia também se comemora o Dia do Papa, e o Óbolo é justamente o presente dos fiéis em todo o mundo ao Santo Padre. Historicamente, o Óbolo foi estabelecido no século VII com a conversão dos anglo-saxões, e a coleta tem relação direta com a festa do apóstolo a quem Jesus confiou sua Igreja.
Mas o que faz o papa com esse dinheiro?
Dom Washington Cruz, em mensagem a todo o povo de Deus e aos padres na Arquidiocese de Goiânia, responde.
“Povo de Deus e caros irmãos no sacerdócio, desejo agradecer a cada um pelo empenho com a coleta do Óbolo de São Pedro. Todos sabem que, com essa coleta, o papa faz caridade no mundo inteiro, sobretudo onde mais precisa, onde mais acontecem calamidades, como erupção de vulcões, terremotos, deslizamentos, guerras, fome. E esse dinheiro é fruto das ofertas realizadas por cada um de vocês, no dia 29 de junho, em todas as paróquias. Agradeço muito pela contribuição e, no próximo ano, sejam pontualmente fiéis nos enviando os valores”, disse o arcebispo.
A coleta realizada no dia 29 de junho, nas comunidades e paróquias, deve ser enviada integralmente para a Arquidiocese de Goiânia e cabe a ela mandar os valores arrecadados para a Santa Sé, como acontece todos os anos. Com isso, demonstramos nossa fidelidade e unidade à Igreja Católica e assim conferimos a missão de confirmar os irmãos, principalmente aqueles que mais sofrem, conforme nos exorta o evangelho. “E tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos” (cf. Lc 22,32).
Em fevereiro deste ano, o papa Francisco fez discurso aos sócios do Círculo São Pedro, sociedade que se dedica a assistir os pobres na diocese romana desde 1869. “Continuai a prestar atenção às novas pobrezas, procurando oferecer conforto e ajuda aos mais pobres, em todas as circunstâncias e sem distinção alguma. Cada pobre é digno da nossa solicitude, prescindindo de religião, etnia ou qualquer outra condição. Indo ao encontro dos pobres, levando alívio aos doentes e sofredores, servi Jesus, o qual garantiu: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes!’ (cf. Mt 25,40).

Expressão de unidade
Pontífices antecessores também deram total atenção ao Óbolo de São Pedro e ao que ele representa como expressão de unidade e corresponsabilidade eclesial. “O Óbolo de São Pedro é a expressão mais emblemática da participação de todos os fiéis nas iniciativas de caridade do Bispo de Roma a bem da Igreja universal. Trata-se de um gesto que se reveste de valor não apenas prático, mas também profundamente simbólico enquanto sinal de comunhão com o papa e de atenção às necessidades dos irmãos; por isso, o vosso serviço possui um valor retintamente eclesial”, explicou o papa emérito Bento XVI em discurso aos Sócios do Círculo de São Pedro, em 25 de fevereiro de 2006.
São João Paulo II o definiu assim: “Conheceis as crescentes necessidades do apostolado, as carências das comunidades eclesiais especialmente em terras de missão, os pedidos de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias condições. Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem encontrar noutro lugar. Vistas assim as coisas, o Óbolo constitui uma verdadeira e particular participação na ação evangelizadora, especialmente se se consideram o sentido e a importância de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal”, disse em discurso ao Círculo de São Pedro, em 28 de fevereiro de 2003.
“Que cada um dê conforme decidiu em seu coração, não com tristeza ou por obrigação, pois Deus ama a quem dá com alegria” (cf. 2Cor 9,7).
Obras Realizadas
No site Óbolo de São Pedro é possível acompanhar as obras realizadas com os valores coletados todos os anos. Ofertas também podem ser feitas neste espaço. Aqui apresentamos algumas destas obras.
Moçambique
Em nome do Santo Padre, ajuda às populações de Moçambique, Zimbábue e Malawi afetadas pelo ciclone Idai

Entre 4 e 21 de março de 2019, um ciclone tropical atingiu o leste da África, causando terríveis inundações que devastaram regiões inteiras de Moçambique, Zimbábue e Malawi. Mais de 400 pessoas perderam a vida; milhares foram feridas e centenas de milhares de pessoas perderam suas casas. Os afetados foram, no total, mais de um milhão. A cidade da Beira, em Moçambique, foi totalmente destruída.
O Santo Padre, durante a audiência geral de 20 de março de 2019, expressou sua dor e sua proximidade com as populações afetadas e confiou “as vítimas e suas famílias à misericórdia de Deus”, implorando “apoio e conforto a todos os afetados por essa calamidade”. Da mesma forma, o papa Francisco, pelo Dicastério para o Serviço Integral de Desenvolvimento Humano, enviou primeiros socorros de 150 mil euros (50 mil para cada país) para o alívio das populações na primeira fase de emergência. Com a iniciativa, o pontífice quis expressar sua proximidade espiritual e seu apoio paterno às pessoas afetadas. A soma foi distribuída – em colaboração com as nunciaturas apostólicas – entre as áreas mais afetadas pela catástrofe e usada em trabalhos de assistência.
México
Ajuda do papa Francisco para assistência aos imigrantes no México
Em 2018, seis caravanas de imigrantes entraram no México, com um total de 75 mil pessoas, e a chegada de mais grupos foi anunciada. Todas essas pessoas foram bloqueadas, incapazes de entrar nos Estados Unidos, sem casa ou meio de vida. A Igreja Católica acolhe milhares deles nos abrigos de dioceses ou congregações religiosas, fornecendo o que é necessário para viver, desde acomodações a roupas. A cobertura da mídia sobre essa emergência tem diminuído e, como resultado, a assistência governamental e privada aos migrantes também diminuiu.

Nesse contexto, o papa Francisco doou 500 mil dólares para ajudar os migrantes no México. Essa quantia continua a ser distribuída entre 27 projetos de 16 dioceses e congregações religiosas mexicanas que solicitaram ajuda para continuar fornecendo moradia, comida e utensílios de primeira necessidade para esses irmãos e irmãs. Desses projetos, 13 já foram aprovados para as dioceses de Cuautitlán, Nogales (2), Mazatlán, Querétaro, San Andrés Tuxtla, Nuevo Laredo (2) e Tijuana; bem como para os scalabrinianos, a Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e as Irmãs Josefinas. Outros 14 projetos estão em fase de avaliação, uma vez que é necessário um uso regulado e transparente dos recursos antes que o auxílio possa ser concedido, do qual é exigida a prestação de contas. Graças a esses projetos, caridade e solidariedade cristãs, os bispos mexicanos esperam continuar ajudando irmãos e irmãs imigrantes.
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Coleta do Óbolo na Arquidiocese de Goiânia em 2019
O Óbolo é um gesto de fraternidade com o qual cada fiel pode participar da ação do papa para sustentar as comunidades mais necessitadas e eclesiais em dificuldade, que pedem ajuda à Sé Apostólica. É um gesto antigo, iniciado pela primeira comunidade de apóstolos, e que continua a se repetir porque a caridade é a característica distintiva dos discípulos de Jesus: “Nisto saberão que são meus discípulos, que se amam” (cf. Jo 13,35).
As nossas paróquias entregaram à Arquidiocese de Goiânia a coleta do Óbolo de São Pedro. Dom Washington Cruz, com o objetivo de incentivar a transparência e animar para que a contribuição continue se multiplicando, nos apresenta a prestação de contas das doações deste ano de 2019.

Fúlvio Costa