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Começa o Ano Litúrgico B

Começa o Ano Litúrgico B

A Igreja nos pede vigilância e sobriedade neste novo Ano Litúrgico

A partir deste domingo, 29 de novembro, tem início o Ano Litúrgico B, cujo Evangelho lido nos domingos é o de São Marcos. Diferente do calendário civil, o calendário litúrgico encerrou no domingo passado, dia em que celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Diante do novo calendário litúrgico que se inicia, o que muda em nossa vida cristã? Segundo frei Fernando Inácio, OFM, cooperador na Paróquia São Francisco de Assis, do Setor Leste Universitário, guardião do convento e professor de Sagrada Escritura e Línguas Bíblicas, mudam as leituras, somente. “A partir deste domingo até o Natal, nós caminhamos no Tempo do Advento, esse período dividido em semanas em que estamos em expectativa, aguardando o Cristo que vem. As leituras do Evangelho mudam, nossa vida cristã continua em peregrinação”.

 

A divisão do calendário litúrgico em Anos A, B e C começou a partir de 1965. Após o Concílio Vaticano II foi dada ênfase à  relação das pessoas com a Palavra de Deus. “Esse Concílio achou por bem aumentar e diversificar a série de leituras”, disse frei Fernando. Até aquela época só havia o Ano A, mas, depois disso, achou-se por bem focar nos Evangelhos e no esquema das leituras divididas em letras, seguindo assim a ordem do Novo Testamento: Evangelho de Mateus, Ano A; Evangelho de Marcos, Ano B; Evangelho de Lucas, Ano C. “Os pastores da Igreja a enriqueceram porque tornaram os Evangelhos mais próximos e com uma variedade muito maior para a pregação, para o ensinamento, para a prática pastoral, para a espiritualidade cristã e para a vida dos fiéis, de modo geral. Foi uma ótima inovação que começou no Concílio Vaticano II com a chamada reforma litúrgica”, enfatizou o frade.

Frei Fernando Inácio, OFM

João Marcos, que passou a ser somente Marcos, o evangelista que norteará nossa caminhada cristã ao longo do novo Ano Litúrgico, foi um jovem judeu de Jerusalém. Conforme frei Fernando, os judeus da época davam um nome pagão e o outro judaico para os filhos, como era costume. “Marcos é o nome da divindade, o deus da guerra. O que ficou foi Marcos e ele é tido como autor do segundo Evangelho que é o menor dos Evangelhos e o mais primitivo”. São Marcos não foi apóstolo, mas sim um homem apostólico, ou seja, estava com os apóstolos no labor do anúncio do Evangelho e da fundação da Igreja. Frei Fernando comentou que havia milhares de homens e mulheres apostólicos ao lado de Paulo, Pedro e dos demais apóstolos.

 

Escrito por São Marcos, pregado por São Pedro

Segundo os estudiosos, Marcos é o Evangelho mais antigo dos quatro e é dele que vem o esquema dos outros dois. Assim, esses Evangelhos se chamam sinóticos, que quer dizer “escritos sob a mesma ótica”. Os três Evangelhos têm o mesmo esquema. “Quem inventou o esquema foi Marcos. Que esquema é esse? Um esquema simples: Jesus surgiu na Judeia, foi para a Galileia, anunciou o Evangelho, voltou para Judeia e morreu. É claro que isso é artificial, ele fez muito mais, mas para poder fazer algo rápido, útil e prático para a catequese, tinha de ser um esquema simples. Então, São Marcos é o autor desse esquema básico”, explicou o entrevistado. O esquema, contudo, tem uma origem.  “Esse esquema já era usado nas pregações de Pedro, o pescador simples que não tinha formação nenhuma, só falava aramaico, mas quando pregava, Marcos estava ali para traduzir. Esse ofício é chamado pela tradição de tradutor de Pedro, que em grego se diz hermeneutes que é aquela pessoa, por exemplo, que está falando em português e outra está traduzindo na língua de quem está precisando de ouvir. São Marcos, portanto, é tido como aquele que acompanhava São Pedro e provavelmente facilitava a comunicação dele com os ouvintes pagãos que falavam grego ou latim”.

 

Frei Fernando disse que quando São Pedro morreu, a Igreja de Roma pediu a Marcos para escrever as pregações de Pedro. Daí surgiu o famoso “esqueminha” que deu origem aos demais Evangelhos. “Falando de forma bem sintética, Marcos preencheu de dados o esqueminha com as pregações de Pedro e daí surgiu o Evangelho que leva o seu nome. Quando a Ásia precisou de um Evangelho escrito, foram a São Marcos pegar o esqueminha e aí surgiu o Evangelho de Mateus, ali em torno da cidade de Antioquia, na Síria e depois, na Ásia menor, em torno de Éfeso; São Lucas também escreveu o Evangelho dele, cada um a seu tempo, mas aproveitando do mesmo esquema”.

 

O Evangelho de Marcos é ainda bem simples e rico em detalhes. Ele possui a capacidade de pintar as cenas que nos fazem mergulhar nos acontecimentos. No início deste novo Ano Litúrgico e ao longo de todo ele, somos convidados a viver a expectativa do Tempo do Advento. “Devemos nos manter no caminho, em vigilância e sobriedade. Neste tempo de pandemia não podemos ficar entorpecidos, mas experimentar cada momento, pois dessa doença e desse tempo de isolamento precisamos tirar muito aprendizado”, orientou o frei. “Já estamos há quase um ano em pandemia e a Igreja precisa manter os fiéis acordados. Se não pegarmos as lições deste tempo, a doença irá continuar, infelizmente. Então temos que morder o recado. Para isso temos que sair do torpor, porque é uma tendência hoje do mundo ficar entorpecido e assim não vermos o tempo passar. A Igreja, portanto, nos pede para começar um novo ano vigilantes e sóbrios, para podermos sentir as exigências de cada momento da vida. As leituras nos oferecem isso em cada domingo, principalmente nessas próximas quatro semanas antes do Natal – o chamado é: não fique entorpecido, adquira atitude adequada para viver cada momento”, finalizou.

 

Fúlvio Costa

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