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03/11/2020
Série Oração do Cristão
Pai-Nosso, a Oração do Senhor
A oração mais conhecida, entre todas as crenças religiosas ou não, com certeza, é a oração do Pai-Nosso. No Evangelho de Mateus, essa oração (cf. Mt 6,9-13) está no contexto do Sermão da Montanha (cf. Mt 5-7), revelando, assim, como deve ser a oração daqueles que são os pobres em espírito, os aflitos, os humilhados, os que têm fome e sede da justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que trabalham pela paz e os que são perseguidos por causa da justiça.
O Pai-Nosso foi a resposta orante de Jesus diante do pedido de seus discípulos: “ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). Por esse motivo, a prece ficou conhecida como a “oração do Senhor”, uma forma de dar glória a Deus através da Palavra.
A primeira expressão dessa oração nos apresenta uma certeza divina: “Pai-Nosso que estais nos céus” (Mt 6,9). A palavra “Pai” foi explicitamente reveladora, colocando o ser humano na qualidade de filho, ainda que adotivo (cf. Ef 1,5). Agora podemos invocar a Deus em seu afago paterno.
O Pai-Nosso começa com uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica, de forma que primeiro devemos reconhecer Quem Ele é: Pai; para somente depois pedir Àquele que está acima da terra, que já está nos Céus, isto é, que está “para além de tudo”.
Nos Evangelhos encontramos duas versões da oração do Pai-Nosso, sendo a mais longa em Mateus, com sete pedidos (cf. Mt 6,9-14) e a mais curta em Lucas, com cinco pedidos (cf. Lc 11,2-4). Vamos compreender, ainda que resumidamente, qual o significado de cada petição que compõe a oração do Pai-Nosso.
1ª Petição – “Santificado seja vosso Nome”
Isto é, reconhecer que Deus é santo e que somos chamados a participar desse mistério de santidade: “Sede santos porque eu sou Santo” (Lv 11,44; Mt 5,48).
2ª Petição – “Venha a nós o vosso Reino”
Sabemos que Jesus é a presença do Reino Deus em nosso meio, de forma que vamos sendo purificados a cada dia quando, na obediência ao Pai, construímos um reino de justiça, paz e verdadeira alegria no Espírito Santo (cf. Rm 14,17).
3ª Petição – “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”
É Vontade de Deus Pai que a humanidade seja salva, que conheça e siga Jesus, o caminho a verdade e a vida (cf. 1Tm 2,3-4). Por isso, na terceira petição, homens e mulheres de fé rezam pedindo a Deus que possam unir suas vontades à própria vontade de seu Filho.
4ª Petição – “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”
Alimentar corretamente é dar força ao corpo, por isso pedimos a Deus todos os bens que nos são úteis, materiais e espirituais. Se pedimos o sustento fisiológico, devemos mais ainda pedir o espiritual, afinal “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4). A Eucaristia deve ser nosso pão cotidiano.
5ª Petição – “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”
O perdão é um dos pontos mais altos da oração cristã. É um ato que une a miséria humana com a misericórdia divina. Perdoar é experimentar a reciprocidade do amor: perdoar quem nos ofende, pedir perdão ainda que fôssemos ofendidos; de forma que não exista limite nem medida quando o perdão é essencialmente divino (cf. Lc 23,34).
6ª Petição – “Não nos deixeis cair em tentação”
A moral católica acredita fielmente que é necessário fazer o bem e evitar o mal e que Deus não pode ser tentado pelo mal (cf. Tg 1,13). Assim, não cair em tentação é uma decisão em que contamos com a graça de Deus (fortaleza, vigilância, perseverança), para que não nos permita trilhar o caminho que conduz ao pecado.
7ª Petição – “livrai-nos do mal”
O cristão com coração convertido reconhece em Quem depositou sua fé e esperança (cf. 1Pd 3,15). Ao pedir que nos livre do Maligno, reconhecemos que, para sermos libertados de todos os males, devemos nos entregar à misericórdia divina e nos afastar, a cada dia mais, do autor de todos os males (cf. Mt 13,24-30.36-46). Para o católico, a oração do Pai-Nosso é uma forma de adoração, glorificação e súplica daqueles que têm a verdadeira e íntima relação de proximidade com Deus e que perpassa os séculos, na esperança de que um dia possamos nos encontrar com o Pai na plenitude dos Céus.
Pe. Vilmar Barreto