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Congresso Internacional é aberto com chamado à sinodalidade e ao diálogo com os desafios contemporâneos

Congresso Internacional é aberto com chamado à sinodalidade e ao diálogo com os desafios contemporâneos

Teve início o Congresso Internacional "Concílio Vaticano II - 60 anos a Caminho da Esperança".

A Arquidiocese de Goiânia, a PUC Goiás e a CNBB abriram na noite desta segunda-feira, 8 de dezembro, na Cidade da Comunhão, o Congresso Internacional Concílio Vaticano II: 60 anos a caminho da esperança. A cerimônia marcou o início de três dias de debates, celebrações e conferências que buscam revisitar o Vaticano II não apenas como evento histórico, mas como fonte viva para compreender a missão da Igreja no século XXI.

A Santa Missa do Jubileu dos 60 anos, presidida pelo presidente da CNBB, cardeal Dom Jaime Spengler, abriu oficialmente o evento no Auditório Mãe da Igreja, seguida pela mesa de abertura e pela conferência inaugural do bispo do Patriarcado de Lisboa, Dom Alexandre Palma.

A relevância do Concílio Vaticano II

Primeiro conferencista da noite, Dom Alexandre Palma lembrou que, no próprio dia 8 de dezembro, completaram-se 60 anos do encerramento do concílio, em 1965, evento que, segundo ele, “foi o grande acontecimento na história da Igreja no período contemporâneo”.

Para o bispo, o Vaticano II continua funcionando como bússola e mapa para o caminhar da Igreja. Ele explicou que é indispensável retomar sua mensagem para fortalecer uma eclesiologia de comunhão: “Trata-se de compreender o que o concílio fala para nós, para pensar e ser Igreja mais em conjunto, mais sinodal.”

Dom Alexandre reforçou que o mundo e a própria comunidade eclesial vivem desafios inéditos, mas que o concílio oferece os fundamentos para enfrentá-los. Ele propôs que os participantes voltem ao espírito conciliar com disposição de escuta, diálogo e abertura às novas realidades culturais.

Presidente da CNBB destaca legado, desafios e atualidade

Horas antes da cerimônia, o cardeal Dom Jaime Spengler concedeu entrevista aos jornalistas e apresentou uma análise abrangente sobre o legado do Vaticano II, suas repercussões no continente latino-americano e os desafios que se apresentam à Igreja no Brasil.

Segundo ele, o concílio foi uma “lufada de ar fresco” que reacendeu o vigor missionário da Igreja, ao buscar responder aos sinais dos tempos a partir da tradição. Dom Jaime enfatizou que o Vaticano II não foi apenas um marco de atualização, mas um chamado contínuo.

“Precisamos voltar ao concílio”, declarou, afirmando que suas intuições “continuam oferecendo indicações preciosas para a mobilização no mundo de hoje”.

O cardeal articulou sua análise com uma perspectiva histórica, lembrando que a América Latina assumiu com profundidade a recepção conciliar nas conferências episcopais de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida.

Ele afirmou: “hoje o mundo olha para a América Latina pós-concílio como uma referência exemplar. Isso nos empenha, nos desafia e nos responsabiliza”, refletiu.

Abordando diretamente os desafios atuais, o cardeal Spengler refletiu sobre a dificuldade de transmitir a fé às novas gerações, algo que considerou “uma realidade que preocupa e desafia”, especialmente diante das transformações culturais e linguagens emergentes. Ele ainda questionou: “com que linguagem, com que metodologia, podemos tornar outros participantes da fé que nos une?”

Ao falar sobre o Brasil, foi incisivo ao relacionar o concílio com questões sociais urgentes. Lembrou que corrupção, pobreza, violência e a questão da terra são realidades que “exigem de todo batizado uma postura à altura”. E concluiu a reflexão, em tom profético: “não podemos ficar indiferentes diante das situações onde a vida não é suficientemente respeitada e promovida. O concílio nos ajuda a elaborar uma resposta diante destas situações de dor e muitas vezes de morte”, declarou.

PUC marcada pelo espírito conciliar

A reitora da PUC Goiás, Olga Izilda Ronchi, destacou que celebrar o Vaticano II é revisitar também a história da própria universidade, profundamente atravessada pelo espírito de renovação conciliar. Ela relembrou que Dom Fernando, fundador da instituição, foi bispo conciliar, participante ativo das discussões e desdobramentos do Vaticano II.

“Ele trouxe para a PUC e para a Arquidiocese a marca profunda do concílio”, afirmou. A reitora explicou que essa marca moldou uma PUC “renovada, enculturada e próxima das comunidades mais vulneráveis”.

Segundo a profa. Olga, as diretrizes conciliares continuam a orientar a identidade católica e comunitária da universidade, especialmente no compromisso com a formação integral. Ela lembrou que a Declaração Gravissimum Educationis, que também completa 60 anos, segue desafiando a instituição: “ela nos provoca todos os dias a uma educação fundada no Evangelho de Jesus Cristo, lido à luz do concílio”, completou.

Recepção contínua do concílio e desafios atuais

Arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom João Justino contextualizou o congresso dentro da trajetória mais ampla da Igreja. Ele lembrou que, poucos dias antes, o Papa Leão XIV celebrou os 1700 anos do Primeiro Concílio de Niceia, marco que abre uma linha histórica que desemboca no Vaticano II, “o 21º concílio ecumênico, encerrado em 1965”.

Dom João observou que a recepção conciliar é uma tarefa permanente. Ele recordou que todos os papas pós-conciliares reafirmaram a centralidade de seus documentos, citando o famoso apelo de Leão XIV aos cardeais dias depois de assumir seu pontificado, em Roma: “juntos abracemos a herança do concílio.”

Para o arcebispo, o maior desafio atual está no diálogo com a cultura contemporânea, que se tornou “muito mais complexa do que há 60 anos”. Ele enfatizou que a Igreja permanece fiel ao mesmo Evangelho, mas precisa encontrar novas linguagens para comunicá-lo.

Ainda completou que a sinodalidade é, em si mesma, uma forma concreta de aplicar o concílio nos dias de hoje.

Programação

Com atividades entre 8 e 10 de dezembro, o congresso reúne teólogos, pesquisadores, bispos, agentes de pastoral, estudantes e professores de instituições como PUC Goiás, PUC São Paulo, PUC Rio Grande do Sul, PUC Paraná, UniAcademia, FAJE e Paulinas. A programação inclui conferências, mesas-redondas, sessões temáticas, apresentações culturais e celebrações diárias.

Entre os nomes presentes estão Dom Waldemar Passini Dalbello, Dom Paulo Cezar Costa, Dom Joel Portella Amado, Dom José Albuquerque e Dom João Justino de Medeiros Silva, que atuam como celebrantes, conferencistas ou moderadores.

Acesse a programação completa do Congresso aqui. 

Matéria: Belisa Monteiro

Fotos: Rudger Remígio

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