Na segunda-feira, 3 de abril, aconteceu, na Cidade da Comunhão, um café com os vereadores católicos do município de Goiânia. O evento contou com a presença de Dom João Justino, arcebispo de Goiânia, e Dom Levi Bonatto, nosso bispo auxiliar, que, na ocasião, recebeu o Título de Cidadão Goianiense.
O nosso bispo auxiliar agradeceu a homenagem e se diz muito feliz e abençoado por todo o trabalho pastoral realizado. “Ao lado da Arquidiocese e de nosso arcebispo, seguiremos trabalhando. Seguimos em oração”, destacou Dom Levi.

Padre Luiz Henrique Brandão, vigário episcopal do Vicariato Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, dirigiu algumas palavras aos vereadores. Ao final do café da manhã, Dom João Justino recomendou que, todos os anos, na Segunda-feira Santa, aconteça esse momento de encontro com os vereadores. Confira, a seguir, o texto do Pe. Luiz Henrique dirigido aos vereadores.
Caros irmãos,
Durante a última ceia, como que oferecendo um testamento espiritual aos Seus Apóstolos, Cristo afirmou: “Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns para com os outros” (Jo 13,35). Fundado nesta afirmação capital para a fé cristã, São João Paulo II nos ensina que “o amor é (…) a fundamental e originária vocação do ser humano” (Familiaris Consortio, n. 11) e, portanto, o que nos distingue como discípulos missionários de Jesus.
A caridade a que somos chamados como resposta ao imensurável amor de Cristo por nós e que contemplaremos de modo muito vivo nas celebrações dos próximos dias, durante o Tríduo Pascal, torna-se concreta em nossas vidas de muitas maneiras. Em março 2016, em uma mensagem de vídeo enviada aos cristãos envolvidos na política que se reuniram na Colômbia, o Papa Francisco recordou uma citação muito conhecida do Papa Pio XI e repetida pelos seus predecessores, que se refere à política como uma “alta forma de caridade”, ou seja, um serviço inestimável de dedicação ao bem comum da sociedade. Vê-se, portanto, que o envolvimento na vida política da sociedade é também uma maneira de concretizar a nossa vocação à caridade.
Nos últimos tempos, particularmente após o Concílio Vaticano II, com os ensinamentos preciosos e sempre atuais das Constituições conciliares, especialmente no fio condutor da Lumen Gentium e Gaudium et Spes, com seu complemento do Decreto Apostolicam Actuositatem, a Igreja tem procurado ajudar os cristãos leigos a aprofundar a sua dignidade batismal, sua identidade cristã e sua participação no sacerdócio de Cristo. Além disso, ela tem lembrado aos leigos a necessidade de sua plena participação na vida eclesial e na sua missão, cuja contribuição singular para a evangelização é ordenar e transformar as estruturas da convivência social para a plena manifestação do Reino de Deus. Eles são chamados a santificar-se, santificando as realidades temporais, entre as quais o mundo da política.
Sentimos hoje, por uma parte considerável dos cidadãos, uma grande decepção e descrédito com a política e com os partidos políticos, por motivos diversos, como a corrupção. Por isso, em sua já citada mensagem, o Papa Francisco insiste na necessidade de novas forças políticas, que brilhem pela sua ética e cultura; que façam uso do diálogo democrático; que conjuguem a justiça com a misericórdia e a reconciliação; que sejam solidárias com os sofrimentos e esperanças dos povos. Em suma, nas palavras do Papa, “precisamos de uma política boa e nobre!”.
Para que este sonho se concretize, o Papa nos lembra que “a política é, antes de tudo, serviço”, não de ambições e interesses pessoais ou de prepotência de facções nem de autocracia e totalitarismo. Como Jesus, “que veio para servir e não para ser servido” (Mc 10,45), cada cristão que se envolve na política deve colocar-se ao serviço dos demais, com sacrifício e dedicação, a ponto até de ser considerado, como indica o Papa, “mártir” do bem comum.
Nosso singelo encontro de hoje nasce do desejo que temos, como Igreja, de reafirmar nossa convicção de que é preciso “romper o preconceito comum de que a política é coisa suja” e de conscientizar a todos, particularmente os leigos “de que ela é essencial para a transformação da sociedade” (CNBB, Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade, n. 263). Além disso, queremos dizer aos senhores vereadores, que já estão envolvidos nesta nobre tarefa, que a Igreja caminha ao seu lado e que quer apoiá-los nesta difícil e grave responsabilidade de promoção do bem comum e de transformação do rosto da política brasileira.
Em primeiro lugar, através da nossa oração diária, pública e privada, suplicando ao Bom Deus que não deixe faltar a cada um dos senhores as graças necessárias para o cumprimento desta missão. Em segundo lugar, oferecendo, por meio da Doutrina Social da Igreja, que é um conjunto de reflexões que articulam a mensagem do Evangelho com as diversas questões da sociedade, um referencial teórico que possa lhes ajudar no discernimento de como responder às mais diversas situações prementes da vida social, a fim que as respostas dadas permitam que as sementes do Reino de Deus possam crescer no campo do mundo.
Por fim, desejamos encorajá-los a continuarem a exercer as suas responsabilidades, confiantes que o Senhor caminha conosco e, por isso, nos ajudará diante das situações mais complexas. Fiquemos firmes, mesmo quando a nossa barca é assolada pelas tempestades da vida. Nunca nos esqueçamos, o Senhor está conosco dentro da barca.
Padre Luiz Henrique Brandão
Vigário Episcopal