A Igreja Católica, ao longo de sua existência bimilenar, foi pioneira na criação e na manutenção de instituições de ensino, em todos os seus níveis. Especificamente no estado de Goiás, as primeiras escolas e colégios foram criados e mantidos por congregações religiosas ligadas à Igreja Católica.
As instituições educacionais católicas devem ter três objetivos para poder cumprir sua missão principal de permitir aos alunos “encontrar o Deus vivo, o qual em Jesus Cristo revela a força transformadora do seu amor e da sua verdade” (papa Bento XVI). Esses objetivos são: proporcionar um ambiente no qual os alunos sejam capazes de construir e aprofundar seu relacionamento com Deus, fomentar uma cultura acadêmica voltada para a busca da verdade e promover ativamente o crescimento na virtude.
É nesse ponto que se torna visível a importância primordial do que chamaríamos de formação “orientada para a virtude”. As escolas católicas devem deixar o esforço educativo guiar-se pela promoção constante das virtudes, especialmente das virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Por mais forte que seja a fé de uma pessoa, sem um certo grau de prática nas virtudes, será difícil não se deixar levar exclusivamente pelas emoções e impressões que constantemente entram em nossas mentes.
Apropriadamente, papa Bento XVI afirma que o dever do educador é ser conduzido pela “caridade intelectual”, inspirada pelo reconhecimento de que conduzir os jovens à verdade é um ato de amor. Ao longo da história, a Igreja sempre se preocupou com a transmissão dos valores e a formação da consciência. Padre Luiz Henrique Brandão, reitor do Seminário Menor São João Paulo II e diretor do Colégio Família de Nazaré, explica que quando falamos em formação ou educação moral e intelectual de crianças e adolescente, “nós estamos falando justamente no desenvolvimento das capacidades que cada pessoa tem potencialmente […] E a Igreja, tradicionalmente, sempre empenhou para que cada pessoa desenvolvesse suas capacidades em vista do conhecimento e do amor”.
O princípio da dignidade humana também tem implicações para a educação. Em primeiro lugar, porque a educação não pode ser separada da formação da pessoa humana e do desenvolvimento da sua vocação − seja leiga ou religiosa − restringir a liberdade básica na educação é uma restrição à liberdade de consciência, aos direitos dos pais e à liberdade de religião em geral.
Santa Teresa D’Ávila (15/10) – Padroeira dos professores viveu no século XVI
Muita gente não sabe, mas os professores têm uma padroeira ilustre: Santa Teresa D’ Ávila era uma espanhola que queria ter o pensamento livre numa época em que as mulheres não tinham voz. Considerada pedagoga do caminho da espiritualidade e mestra da oração, Santa Teresa de Jesus, como também é conhecida, foi uma das primeiras mulheres a aprender a ler. Nascida na Espanha, aos 20 anos entrou no Carmelo, onde até os últimos dias de vida contribuiu para a espiritualidade cristã, ensinando a viver pelo caminho da alegria, oração, fraternidade e do próprio tempo. Em 1970, Santa Teresa de Jesus tornou-se a primeira doutora da Igreja, sob o pontificado de Paulo VI.

Veja a entrevista com o professor Wolmir Therezio Amado, secretário-geral da Sociedade Goiana de Cultura, sobre a educação católica no Brasil e em nossa Arquidiocese.
Como a Igreja, ao longo da história, contribuiu para a educação?
A atuação educacional da Igreja é ampla e complexa. Poderíamos considerá-la sob duas perspectivas: a primeira é que a Igreja é mãe e mestra ou maternal e educadora. Ela acolhe, articula, organiza, forma e celebra comunitariamente a fé cristã. Há também, no corpo interno da Igreja, um esforço educativo permanente para capacitar aos serviços e ministérios eclesiais, para a catequese inicial e permanente, para a preparação aos sacramentos, para a formação integral.
No Brasil, a Igreja atua há mais de cinco séculos na educação e algumas das congregações religiosas – como jesuítas, salesianos, maristas, agostinianos – se sobressaíram na sociedade brasileira, sobretudo, por terem se consagrado ao trabalho educacional. Em Goiás, Dom Emanuel foi reconhecido historicamente como o arcebispo da educação (instrução) e Dom Fernando liderou o processo de criação de uma grande universidade no estado. Ambos expressam − e seus sucessores dão continuidade –, o grande esforço educacional que envolveu e abrangeu o conjunto da Igreja em Goiás.
Qual é o órgão que representa a educação católica em nosso país e qual a sua missão?
No Brasil, desde 2006, a Associação Nacional de Educação Católica (ANEC) é a entidade que congrega e representa as instituições católicas de Educação Básica e Educação Superior. Ela representa, no Brasil, 89 Instituições de Educação Superior (PUCs, universidades católicas, centros universitários católicos, faculdades e institutos católicos), mais de mil escolas católicas de Ensino Fundamental e/ou Médio, 365 mantenedoras, 110 mil professores e aproximadamente 1,5 milhão de estudantes que estudam nas instituições de educação católica.
O senhor pode nos apresentar um panorama mundial e arquidiocesano da educação católica?
No mundo, há quase 210 mil escolas católicas onde estudam mais de 57 milhões de estudantes. Na Educação Superior, há mais de mil universidades católicas (sem contabilizar os institutos ou faculdades eclesiásticas), com aproximadamente 4 milhões de estudantes matriculados. Exceto dois países, de meu conhecimento, em todos os demais países do mundo há escolas ou universidades católicas, inclusive, em países com maioria budista ou muçulmana.
Na Arquidiocese de Goiânia, foi criado o Vicariato para a Cultura e Educação a fim de promover a evangelização inculturada em todas as instituições de educação e, sobretudo, nas 24 escolas, institutos e universidade católica. E a ANEC GO potencializa, articula e qualifica a gestão e as práticas pedagógicas das instituições de educação católica em nosso estado.
Fernanda Freitas