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Mensagem Pastoral ao Povo de Deus

Mensagem Pastoral ao Povo de Deus

  Mensagem Pastoral ao Povo de Deus da Arquidiocese de Goiânia por ocasião da abertura do Ano Pastoral 2023 “Vamos

 

Mensagem Pastoral ao Povo de Deus da Arquidiocese de Goiânia
por ocasião da abertura do Ano Pastoral 2023

“Vamos a outros lugares a fim de pregar também ali” (cf. Mc 1,38).

 

 

Amados irmãos e amadas irmãs,

Com o coração repleto de esperanças para o caminho evangelizador de nossa Arquidiocese de Goiânia, eu os saúdo na certeza da fé que nos une e nos faz todos irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo. Quantos irmãos e irmãs eu pude encontrar ao longo desse primeiro ano de pastoreio em Goiânia, nas comunidades e paróquias, nas reuniões e nos eventos, nas visitas e nas audiências. No rosto de cada pessoa encontrei histórias e perguntas, contemplei expressões de lutas e de sonhos de um mundo mais justo e de uma Igreja mais participativa, atenta e cuidadosa. Agradeço a Deus o envio para aqui servir e renovo minha disposição para ser o pastor de todo o povo de Deus da Arquidiocese.

 

1. Uma mensagem para partilhar e motivar

Quis escrever-lhes esta mensagem na abertura do Ano Pastoral 2023 com o intuito de partilhar alguns passos significativos na condução da Arquidiocese. Desde que aqui cheguei em 16 de fevereiro do ano passado, dediquei-me a muitos encontros, visitas, reuniões. Predominou a escuta das pessoas e das realidades qual panorama eclesial vivo. Comecei a compreender a história desta Igreja na magnanimidade de seus pastores – Dom Fernando, Dom Antonio e Dom Washington; de seus grandes colaboradores – Dom Waldemar, Dom Moacir e Dom Levi; do zelo apostólico dos padres diocesanos e religiosos; da presença servidora dos diáconos permanentes; do generoso compromisso das religiosas e dos religiosos; do entusiasmo eclesial do incontável número de leigos e leigas. Escutar as pessoas mais idosas tem me dado a oportunidade de tocar a memória de uma Igreja viva e dinâmica. Encontrar-me com os mais jovens traz em meu coração a inquietude apostólica de buscar novos métodos para evangelizar.

 

Neste tempo inicial de minha missão não faltou a percepção de alguns contrastes, sejam eclesiais, sejam sociais. Algumas paróquias contam com muitos agentes evangelizadores e outras necessitam e procuram mais agentes. Encontrei conselhos paroquiais ativos e organizados e a ausência deles em muitas das nossas paróquias. Há comunidades paroquiais com estruturas físicas de excelente qualidade e há outras que lutam para edificar igrejas, salões e casas paroquiais. Permanece o grande desafio de cuidar da educação da fé, especialmente pela catequese de iniciação à vida cristã. Urge a coragem missionária de propor a formação de comunidades nos inúmeros novos bairros, loteamentos e condomínios.

 

Do ponto de vista social, em nossa Arquidiocese, há espaços territoriais supermodernos e equipados e outros onde o déficit habitacional é visível e a infraestrutura está aquém das expectativas de quem busca viver com dignidade. Há muitas realidades de pobrezas e desigualdades que precisam sair da invisibilidade e encontrar escuta, sensibilidade e encaminhamentos nas instâncias do poder público. Há muitos espaços para a atuação das pastorais sociais, qual companhia que somos chamados a fazer aos mais pobres nas suas lutas por moradia, saúde, educação, trabalho, lazer e segurança.

 

2. A luz do Evangelho

Diante desse quadro, sem dúvida bem mais complexo do que podemos aqui descrever, emerge a pergunta: Que devemos fazer? Que missão nos cabe? Inspira-nos o Evangelho de Jesus Cristo. Tomemos o texto de Marcos 1,29-39. Ali, vemos Jesus em Cafarnaum sair da sinagoga no dia de sábado e se dirigir à casa de Simão (Pedro) e André, acompanhado de Tiago e João. Imediatamente contam a Jesus que a sogra de Simão estava acamada em razão da febre. Jesus aproxima-se daquela mulher, a toma pela mão e a faz levantar-se. A febre deixa a mulher e ela se põe a servi-los. Nesta primeira cena pode-se destacar o jeito de Jesus agir. Ele frequenta a sinagoga onde muitos se encontram para escutar a Palavra de Deus. Frequenta, também, a casa de seus discípulos. E não demora em aproximar-se da mulher febril para curá-la com um gesto muito expressivo: tomou-a pela mão e a fez levantar-se. Quantos irmãos e irmãs nas residências, nas clínicas, nos hospitais aguardam os discípulos e as discípulas de Jesus se aproximarem com expressões de solidariedade espiritual e material? Em nossas comunidades estamos atentos aos que estão, por razões tão diversas, acamados? Nós os visitamos? Quem são eles?

 

Em Cafarnaum, naquele sábado, Jesus vê o sol se pôr. É novo dia e, então, trazem a ele outros que estavam doentes e endemoninhados. O evangelista diz que a cidade inteira se aglomerou à porta da casa de Simão e que Jesus curou muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios. Mas quando chegou a madrugada, Jesus se levantou e retirou-se para um lugar deserto e nesse lugar ele orava. Em seguida, Simão e os seus companheiros, certamente os outros discípulos – André, Tiago e João – saíram ansiosos à procura de Jesus. Quando o encontraram, logo disseram a ele: “Todos te procuram”. É provável que os discípulos tivessem a expectativa de que Jesus retornasse com eles à Cafarnaum e continuasse ali a operar curas e exorcismos. No entanto, a palavra de Jesus é surpreendente. Ele responde: “Vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu saí”. O texto se conclui com a indicação: “E foi por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”.

 

Disse que a resposta de Jesus foi surpreendente. Por que Jesus não voltou logo à Cafarnaum? Ele, certamente, encontraria muitas pessoas cheias de expectativas de receber sua atenção, cura, libertação. Com sua resposta e atitude, Jesus parece rejeitar fazer da casa de Simão um lugar fixo de atendimento das inúmeras demandas que viriam a surgir, especialmente com o espalhar de sua fama. Jesus prefere continuar seu caminho pela Galileia indo a outros lugares que também precisam de sua presença e de sua ação. Podemos dizer, ao estilo do Papa Francisco, que Jesus é o Filho de Deus “em saída”. De fato, Jesus respondeu: “pois foi para isso que eu saí” (Mc 1,38). Jesus sai e vai às pessoas para encontrá-las onde estão. Percorre aldeias, vai até às casas. Ele nem mesmo manda que seus discípulos saiam para anunciar que ele aguarda em Cafarnaum para atender o povo sofrido, enfermo, pobre.

 

3. A Palavra de Deus em primeiro lugar

Meus irmãos e minhas irmãs, o modo de Jesus agir é uma fonte de inspiração para todos nós. Se queremos ser uma Igreja missionária, é preciso abraçar o exemplo de Jesus. Mesmo sabendo que precisamos de estruturas e espaços para acolher as comunidades, a prioridade de sempre é a missão. Por isso, faço meu primeiro grande apelo à toda a comunidade arquidiocesana: “Vamos a outros lugares a fim de pregar também ali” (cf. Mc 1,38). Deixemo-nos interpelar por essa preciosa indicação de Jesus. Cada agente evangelizador – seja ministro ordenado, seja consagrado(a), seja leigo(a) – pergunte a si mesmo: a que outros lugares o Senhor me envia? Cada comunidade, pastoral, movimento, associação eclesial se pergunte: a quem o Senhor nos envia? Onde devemos ir para ali pregar o seu nome?

 

Quero dizer-lhes algo de extrema importância. A Igreja do Brasil aposta na animação bíblica da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias. A Palavra de Deus em primeiro lugar seja a principal diretriz de toda a ação evangelizadora em qualquer instância pastoral de nossa Arquidiocese. É fundamental que todos tenhamos “o ânimo, a seiva interior originada do encontro com o Senhor mediante a Palavra. E quem o encontra se alegra, passa a compreender e interpretar a realidade com os critérios de sua palavra. É o caminho da conversão pastoral” (CNBB. Doc. 111, n. 32).

 

À luz da Palavra de Deus nasce para a Igreja a inspiração do modo missionário de Jesus ser e agir qual impulso em dois movimentos muito importantes: um movimento sinodal e um movimento de descentralização. Precisamos saber “ir juntos”, “caminhar juntos”. Pouco ou nada resolve a opção de agir por si próprio, como quem rejeita a pertença comunitária e eclesial. Ao mesmo tempo é preciso, ao se considerar o contexto de uma região metropolitana como o de nossa Arquidiocese, saber descentralizar encontros, atividades, eventos e processos para alcançar um número maior de pessoas.  

 

4. Reorganizar para melhor servir: os novos vicariatos

Assim, meu apelo é para sermos uma Igreja missionária, “Igreja em saída”. E neste espírito, propus a reorganização dos vicariatos territoriais e ambientais. A Igreja diz que o bispo pode organizar a diocese em vicariatos, isto é, ordenar o espaço territorial de modo a confiar a coordenação da animação da vida eclesial a um padre com o encargo de vigário episcopal (cf. Cân. 476). Pode o bispo fazer o mesmo com setores ou âmbitos da vida da Igreja.

 

Segundo essa possibilidade, ouvido os pareceres de diversos conselhos e instâncias, instituímos o Vicariato Episcopal para a Evangelização cuja tarefa principal será a de coordenar todas as ações evangelizadoras da Arquidiocese. Esse Vicariato para Evangelização é constituído por cinco setores pastorais – Missão, Iniciação à Vida Cristã, Liturgia, Família e Juventude; por três grupos de serviço – Animação Vocacional, Promoção da Sinodalidade, Implantação do Dízimo – e por uma Escola de Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas. Vinculada a esse Vicariato está a Comissão Arquidiocesana para a Animação Bíblica da Pastoral.

 

Instituímos, também, o Vicariato Episcopal para a Solidariedade cuja tarefa principal será a de coordenar todas as iniciativas arquidiocesanas de serviço da caridade e da solidariedade. Esse Vicariato se articulará em três setores – das Pastorais Sociais, da Fé e Política, das Obras Sociais. Vincula-se ao Vicariato Episcopal para a Solidariedade a Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz. O Vicariato para a Solidariedade também se incumbirá de promover ações na perspectiva da Ecologia Integral (Laudato Si’) e da Economia de Francisco.

 

Reafirmamos a importância do Vicariato Episcopal para a Cultura e Educação que se ocupa da animação e coordenação das ações evangelizadoras nos âmbitos da cultura e da educação. Esse Vicariato se organizará em duas comissões: cultura e educação. No campo da cultura trabalhará pela organização da Pastoral dos Artistas e acolherá a Comissão Arquidiocesana de Arte Sacra e Bens Culturais. No campo da pastoral da educação promoverá: (a) atuação junto às escolas católicas presentes na Arquidiocese, sejam elas filiadas ou não à Associação Nacional da Educação Católica (Anec); (b) a presença junto aos professores e professoras das escolas públicas (municipais e estaduais) da educação básica; (c) o acompanhamento do ensino religioso público; (d) atuação junto aos universitários em comunhão com a pastoral universitária da PUC Goiás e demais universidades existentes na Arquidiocese.

 

Os Vicariatos Episcopais territoriais passaram a ser em número de cinco, cada um deles com um presbítero já nomeado para a missão de Vigário Episcopal, cuja missão é auxiliar diretamente o arcebispo no pastoreio das paróquias e atividades eclesiais daquele Vicariato. Cada Vicariato está sob a proteção de Nossa Senhora com os títulos: Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora da Abadia e Nossa Senhora da Piedade. Os Vicariatos territoriais estão organizados em foranias, grupos de paróquias vizinhas sob a coordenação de um presbítero vigário forâneo. O elenco dos vicariatos territoriais e das foranias está disponível no site da Arquidiocese.  

 

Como apoio a todos os Vicariatos ambientais e territoriais vamos contar com o serviço qualificado de duas secretarias: a Secretaria Geral da Arquidiocese e a Secretaria para a Comunicação (Secom), esta em substituição ao Vicariato para a Comunicação (Vicom). A sintonia, a articulação dos Vicariatos e das Secretarias se dá especialmente pelo encontro mensal de trabalho com o arcebispo, o bispo auxiliar, os vigários episcopais, a secretária de pastoral e a assessora de comunicação. Este grupo recebeu o nome de Secretariado Geral dos Vicariatos.

 

5. Revitalizar a Reunião Mensal de Pastoral

Encontrei na Arquidiocese uma bonita e fecunda tradição da Reunião Mensal de Pastoral. Remonta a Dom Fernando Gomes quando reunia, na noite de uma quinta-feira do mês, os padres, as religiosas e os religiosos e os agentes leigos da pastoral. Há anos a reunião acontece na manhã do segundo sábado de cada mês no Centro de Pastoral Dom Fernando (CPDF). Nas reuniões mensais de 2022, nas quais pude participar, o número de participantes permaneceu em torno de 350 pessoas. Considerando a extensão da Arquidiocese e as dificuldades de transporte, viveremos em 2023, ad experimentum, uma importante mudança na dinâmica da reunião mensal. Vamos manter a reserva da manhã do segundo sábado de cada mês. Insisto, especialmente com os párocos e administradores paroquiais que animem os agentes evangelizadores para a participação na reunião mensal. No entanto, as reuniões mensais terão abrangência diferenciada: em fevereiro e novembro serão arquidiocesanas; em março, junho, setembro serão em cada Vicariato; em maio, agosto e outubro serão nas foranias. Todas essas reuniões mensais serão sempre no segundo sábado de cada mês. Permanece a intuição de Dom Fernando Gomes: quem trabalha junto na missão evangelizadora há de levar a sério a importância de ter tempo regular (mensal) para conversar juntos sobre a própria missão. É um belo exemplo de sinodalidade já presente na história da Arquidiocese de Goiânia.

 

6. O Conselho Arquidiocesano de Pastoral como expressão de sinodalidade

À medida que todos os Vicariatos se organizarem, vamos constituir o novo Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP). Este Conselho será o principal responsável por refletir, discernir e propor a aplicação das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil na Arquidiocese de Goiânia. Os diferentes conselhos pastorais e administrativos na vida da Igreja são uma das mais bonitas expressões de sinodalidade.

 

Essas pequenas mudanças e inovações acontecem no contexto do ano vocacional que estamos celebrando. Mais um motivo para selar o compromisso de todos os agentes da evangelização em favor da edificação de uma Igreja toda ministerial. Todos os servidores – ordenados, consagrados, leigos(as) – vivem na dinâmica da graça e missão quais desdobramentos da vocação. Cuidemos, especialmente, de propor aos jovens as diferentes possibilidades de servir a Cristo e a sua Igreja. 

 

Confio ao Divino Pai Eterno estes passos em favor de uma missão mais articulada entre todas as forças vivas da Arquidiocese e rogo que nos envie o Espírito Santo para sermos uma Igreja conforme o coração do Filho Amado. Nossa Senhora Auxiliadora nos acompanhe em todas as iniciativas de anúncio do Evangelho de seu filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

 

+ João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano
11º aniversário de ordenação episcopal
11.2.2023

 

 

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