No último dia 25, encerrou-se em todo o Brasil, o Ano Nacional do Laicato. A data é especial, pois celebramos o Dia do Leigo e a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Muitas atividades foram realizadas para evidenciar o protagonismo dos cristãos leigos, e muito mais está por vir, pois a nossa caminhada pastoral continua. Dom Moacir Silva Arantes, bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia e coordenador arquidiocesano de pastoral, concedeu entrevista ao Encontro Semanal, na qual ele destaca a prioridade do protagonismo dos leigos nesta Igreja particular e evidencia o que se espera dessa parcela do povo de Deus daqui em diante.
Como foi acolhida a proposta do Ano do Laicato na Arquidiocese de Goiânia?
A Arquidiocese de Goiânia procurou acolher essa proposta da CNBB com empenho. Nós abrimos espaço para a reflexão e procuramos agir dentro desse espírito para que este fosse um ano de valorização do laicato, do seu zelo, da sua presença e das suas atividades.
O protagonismo dos cristãos leigos é uma prioridade na Arquidiocese? Não é só uma prioridade, mas é também uma necessidade e nós temos que entender muito bem isso, porque cada pessoa na sua vocação tem uma missão específica, mas também tem uma missão geral, que é uma vocação batismal. Os cristãos leigos têm como vocação específica a atuação nas diversas realidades do mundo e da sociedade como um fermento no meio da massa, provocando as transformações na sociedade, para que ela se torne um espaço de boa convivência, de solidariedade, que são os valores do reino de Deus. Eles colaboram também dentro da própria estrutura eclesial com diversos ministérios e serviços, ajudando sua comunidade paroquial a crescer e ser ainda mais sinal de Deus no mundo.
Como está a articulação do laicato em nossa Igreja particular?
Em várias pastorais sociais e também dentro das pastorais da Igreja e em diversos organismos e serviços que a Igreja presta nas cidades que integram a Arquidiocese de Goiânia. Eles estão organizados também dentro dos carismas que Deus, por meio do Espírito Santo, desperta, por exemplo, em muitas congregações religiosas que têm um grupo de leigos atuando em seu carisma.
Após este ano, o que se espera da caminhada dos leigos em nossa Igreja?
Há indicativos e encaminhamentos de ações pastorais? A nossa esperança é que o laicato na Arquidiocese de Goiânia compreenda cada dia mais a sua natureza e que todos são filhos e filhas de Deus; que pelo Batismo também recebem a missão de participar na obra de evangelização que acontece tanto na organização das estruturas de Igreja a partir das pastorais e movimentos, como na participação das estruturas da sociedade nos conselhos de bairros, na sociedade, nos conselhos civis, onde eles podem exercer o seu ministério. A nossa expectativa é que cada dia mais os leigos assumam compromissos em suas paróquias, não só exercendo tarefas, mas também colaborando com os clérigos na condução da sua comunidade. Por isso, a Arquidiocese de Goiânia tem incentivado fortemente a criação dos conselhos pastoral e econômico paroquiais, formados por leigos que colaboram com o pároco ou com o administrador paroquial na administração dos bens daquela paróquia.
Isso é ser sal da terra e luz do mundo?
Eu acredito que sim, porque sal é aquele elemento que não deixa as coisas apodrecerem e se perderem; a luz é o elemento que faz a vida acontecer de modo que não existe vida como a conhecemos sem a luz, pois ela gera o crescimento. Ser sal e ser luz é ser uma presença que preserva as pessoas da comunidade de se perderem na sua dignidade, na sua fé, na sua capacidade de amar e servir. Ser sal é ser uma presença que ajuda as pessoas a se encontrarem dentro do projeto de Deus para a sua salvação, assim como para libertação e salvação de todos aqueles da comunidade. Ser luz significa ser uma presença que gera capacidade de crescimento de acolhida, de alegria, de experiência e de solidariedade. O grande desafio é que nossos leigos não se fechem, tornando- -se sal que perde sabor e luz que se apaga. De que serve uma vela se não pode ser acesa ou um sal que não preserva nada? Então, o leigo perde essa capacidade de ser sal da terra e luz no mundo, quando ele se fecha num grupinho só na paróquia, quando ele acha que só aqueles que fazem parte do seu grupo devem participar e não acolhe novas pessoas.
O Conselho Arquidiocesano dos Leigos é um gesto concreto deste ano?
Nós tivemos um forte empenho neste ano para rearticular o Conselho Arquidiocesano de Leigos, pois ele já vinha enfraquecido e nós promovemos reuniões com diversas pessoas e lideranças da nossa Arquidiocese, a m de pensar a missão do conselho. Com a graça de Deus, no próximo ano, nós teremos, como fruto deste Ano do Laicato, uma nova configuração com o fortalecimento do Conselho Arquidiocesano dos Leigos dentro de um novo caminho mais unido à Arquidiocese, mais unido à proposta que a Igreja tem para a evangelização da sociedade.
Marcos Paulo Mota
Acadêmico de Jornalismo/PUC Goiás