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“Pois tive fome e me destes de comer” (Mt 25,35)

“Pois tive fome e me destes de comer” (Mt 25,35)

Com a prática da caridade fraterna a alguém necessitado, socorremos o próprio Jesus

Padre Jonisoncley Santos Carvalho, coordenador da ação social e administrador das paróquias Cristo Rei e Nossa Senhora da Penha, destacou em entrevista qual é o fundamento da caridade cristã. “É enxergar Jesus no rosto das pessoas flageladas pela miséria e tantos sofrimentos”. Nesta semana apresentamos a prática penitencial da caridade. Essa penitência, conforme nos explicou o sacerdote, assim como a oração e o jejum, nos ajuda a chegar mais preparados para a Páscoa do Senhor, quando a praticamos de forma desinteressada e sem esperar nada em troca. “A Quaresma se torna um tempo propício para exercermos esse amor concreto que nos faz sair de nós mesmos para o encontro com o outro que precisa de mim”.

 

Nesse sentido, como ajudar o próximo? Qual a forma de praticar a caridade que mais agrada a Deus? Padre Jonisoncley respondeu que além de fazer de forma desinteressada é preciso não julgar. “Infelizmente, nem sempre é fácil ajudar quem precisa e facilmente caímos na tentação de julgar quem merece ser ajudado ou não, quando, na verdade, a necessidade do outro deveria sempre ser sufi ciente para que eu estenda a minha mão, com algo para ajudar. Em atos de caridade fraterna temos a plenitude do amor, pois exatamente assim, Jesus Cristo nos amou e continua nos amando”.Padre Jonisoncley Santos Carvalho

 

É aspecto importante entender que essa penitência nos torna verdadeiramente cristãos. Ao praticarmos a caridade, contribuímos para que o próximo seja assistido e tenha condições de viver dignamente. “A caridade traz coerência à nossa vida, entre o que falamos e o que fazemos”, afirmou o coordenador da ação social da Arquidiocese. A caridade fraterna nos torna mais cristãos ainda, conforme o entrevistado, porque ela se torna uma atitude pessoal contra vários pecados: o instinto egoísta, a soberba e a vaidade, que nos fazem acreditar que somos melhores que os outros. “Contra essa compreensão maligna, a caridade como prática penitencial nos faz reconhecer que somos todos iguais diante de Deus”, completou.

 

 

A palavra de Deus nos ajuda a entender a caridade cristã. No livro de Mateus (25,35) texto que encerra a narrativa sobre o ministério de Jesus em Jerusalém, imediatamente antes de sua Paixão, diz: “Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”. É a partir desta leitura, segundo padre Jonisoncley, que entendemos o verdadeiro sentido da caridade. “O Senhor Jesus fez questão de nos ensinar que toda caridade que fazemos ou deixamos de fazer a alguém necessitado é a ele próprio quem socorremos ou deixamos de socorrer. Aqui, temos o fundamental da caridade cristã que é enxergar Jesus no rosto das pessoas flageladas pela miséria e tantos sofrimentos. Jesus se faz pobre, necessitado e injustiçado, exatamente para ser amado não somente por meio de discursos bonitos e sim, por meio de atitudes concretas, algo que está ao alcance de todos”.

Realizar a caridade pode ser pensado, ainda, como algo difícil de ser concretizado ou que precisamos “mover montanhas” para realizar, mas o entrevistado explicou que não há barreiras para colocá-la em prática. Ele mencionou o antigo ditado que diz: “ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico que não possa precisar”. Preciso apenas enxergar Jesus no próximo para conseguir reconhecer que a providência de Deus sustenta minha vida e me faz ser também providência divina para as pessoas necessitadas, que estão em situação difícil e precária. O padre lembrou, ainda, o irmão no sacerdócio, o padre italiano Giuseppe Berardelli, de 72 anos de idade, que morreu após se recusar a ser colocado no respirador que seus paroquianos compraram para ele. Em um verdadeiro ato de fraternidade, o sacerdote quis que um paciente mais jovem usasse o equipamento. “Assim como o padre Giuseppe, muitas pessoas têm se doado para que o outro tenha vida, tem partilhado seus bens, ainda que seja pouco ou quase nada”. Ele disse que “em se tratando de cristãos que têm a difícil missão de ser no mundo ‘outro Cristo’, exatamente como sugere o próprio nome ‘cristão’”, todas as barreiras para a prática da caridade tornam-se transponíveis.

 

Ao fim da entrevista, padre Jonisoncley exortou a todos nós cristãos a não perdermos jamais a oportunidade de fazermos o bem. “Tenho pensado em como nós perdemos oportunidades de fazer o bem, de ajudar alguém que precisa de forma concreta, seja um vizinho ao nosso lado, seja um mendigo no semáforo, e para justificar a não-ajuda aos irmãos que vivem em situação de rua, escuto muito as pessoas dizerem que não ajudam porque o poder público e as instituições de caridade são responsáveis por eles, ou que não dão dinheiro porque sabem que vão usar o valor para outras finalidades, justificando a falta de caridade no transferir da responsabilidade ou, pior ainda, querendo gerir a esmola de quem recebe. Acredito que a solidariedade deve transpor todos os limites, e a caridade, que é sinônimo de amor deve sempre acontecer, compreendendo que amar é querer o bem de alguém e agir para que esse bem aconteça”.

 

Fúlvio Costa

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