No sábado, 13, aconteceu o quarto encontro da Lectio Divina e o padre Luiz Henrique, que está conduzindo as meditações deste ano, recordou-nos do episódio da serpente de bronze no deserto e da sua ligação com o mistério de Cristo na proximidade de sua paixão (cf. Jo 3,14-21).
O padre comentou sobre a libertação dos hebreus do Egito e durante todos os 40 anos em que o povo de Israel optou por viver no deserto e virou suas costas para Deus. “A todo momento o povo de Israel virou suas costas para Deus. Um dos episódios é justamente o da serpente levantada na haste. Toda aquela situação de viver em um lugar inóspito não era culpa de Deus, mas por escolha do povo de Israel. O povo começou a impacientar-se com o Senhor. Essa impaciência levou o povo a murmurar contra Deus e contra Moisés, era uma murmuração muito específica. As pessoas começaram a achar que todos os dons dados por Deus eram desprezíveis”, afirmou o padre.
O povo estava morrendo por causa das mordidas das serpentes e, como sabemos, a serpente nas Escrituras é a representação do diabo. Foi por causa do pecado incentivado pelo diabo que a morte entrou no mundo. Deus não nos criou para a morte. Aquela serpente que mordia os filhos de Israel é o símbolo do homem que aceita aquela tentação do demônio de rejeitar o projeto divino. O homem, quando peca, está virando suas costas para Deus. E qual o resultado disso? A morte.

A serpente colocada na haste é uma espécie de confronto direto, não era somente o símbolo da cura, mas o símbolo do próprio pecado; servia para que o povo de Israel enfrentasse a própria responsabilidade diante do Senhor. Olhavam para aquilo que eles mesmos tinham criado, a morte por causa do pecado, da rejeição ao amor e à vontade de Deus. Era um convite de Deus para a obediência, porque foi pela desobediência que eles estavam morrendo. Era necessário obedecer ao Senhor para terem vida.
E toda essa perspectiva podemos atribuir a Nosso Senhor Jesus Cristo. No episódio da Paixão, Cristo enfrenta toda a rejeição do povo de Israel, assim como ocorreu no deserto com o Pai. Jesus só tinha falado de amor e prometido a vida plena e nós o pagamos pedindo a libertação de um ladrão acusado de roubo e homicídio. “Após a flagelação, Pilatos exclama: ecce homo! – Eis o homem! Na verdade, em Cristo todo flagelado está estampado. Cristo, flagelado e morto, lembrava o que o homem era por causa da sua infidelidade a Deus. Olhar para a cruz era uma espécie de memória constante de como nós éramos sem Deus”, explicou o padre.
Assim como a serpente foi hasteada, a cruz de Cristo foi levantada e o homem deveria enfrentar, ao olhar a cruz de Cristo, o drama do próprio pecado e enfrentar de novo o chamado à obediência pelo Pai. O padre, em sua reflexão, explicou que a cada Eucaristia celebrada no altar se repete aquele mesmo gesto de levantar a cruz de Cristo para nos convidar à obediência.

Quando o padre levanta o corpo de Cristo presente na hóstia, representa aquele levantar da cruz pelos soldados e nos convida, uma vez mais, a reconhecer qual é a realidade vivida por nós. Amados por Deus até o fim, a quem tantas vezes viramos as nossas costas, a quem chegamos a rejeitar, inclusive como algo nojento, aquele pão que ele nos dá todos os dias.
Somente os que se empenham em busca da obediência ao plano de Deus, apesar das dificuldades e limitações, têm a possibilidade de continuar o caminho até a Terra Prometida. Deus não vai nos obrigar a entrar na Terra Prometida, mas é um convite que Ele nos faz para seguirmos nesse caminho. E o Senhor espera de nós uma resposta. O olhar para Cristo deve conter uma resposta da nossa fé, não um olhar de superstição. O Senhor quer uma resposta de fé.
Na nossa vida concreta nós estamos constantemente revivendo essa experiência. Não somente na Eucaristia, mas também na Palavra encontramos a Cristo e a cada encontro Ele pede uma resposta de fé. Temos uma possibilidade antecipada de encontrarmos o Senhor em cada momento de oração, o mesmo Senhor que encontraremos no nosso juízo particular.
“Insisto no tema da oração, porque esse é o momento oportuno de ficarmos diante de Cristo. Sempre com grande esperança, porque Cristo na cruz é a salvação. É uma grandíssima oportunidade de voltarmos de novo e de novo ao Senhor. É importante que nós, todos os dias, tiremos um tempo para estarmos diante do Senhor e nos questionarmos sobre a nossa vida”, convidou o padre.
Como compromisso da semana, padre Luiz Henrique convidou todos nós a renovar diariamente a profissão de fé, rezando o Creio, diante do crucifixo ou do Santíssimo.
Luana Moreira