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Reaprender a Escutar

Reaprender a Escutar

A Mensagem do papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais é provocante. Só é capaz de comunicar

A Mensagem do papa Francisco para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais é provocante. Só é capaz de comunicar verdadeiramente quem é capaz de conjugar o verbo escutar. Essa pode ser uma chave de leitura que o pontífice traz em sua simples e densa mensagem, partindo do princípio de que “a escuta continua essencial para a comunicação humana”.

 

O indicativo de Francisco é que precisamos “escutar com o ouvido do coração”. É preciso acreditar nessa verdade, é preciso acreditar que o nosso coração tem ouvidos. É uma metáfora muito real, pois somos capazes de distinguir pessoas que agem verdadeiramente com o coração, que agem de coração, daquelas que não agem. No cotidiano, facilmente reconhecemos as pessoas que escutam com o coração. Elas demonstram atitudes de uma alma pacificada, dão valor ao que realmente é necessário e têm o passo no compasso certo.

 

Para escutar bem e não apenas ouvir, é preciso reconhecer o outro, a partir do que Francisco descreve na mensagem como “o eu e o tu encontram-se ambos ‘em saída’, tendendo um para o outro”. Ele acentua fortemente a capacidade de escutar o outro, trazendo a importância do “apostolado do ouvido”, a referência ao teólogo Bonhöffer de que “quem não sabe escutar o irmão, bem depressa deixará de ser capaz de escutar a Deus” e que “não se faz jornalismo sem a capacidade de escutar”. Ora, o escutar exige a capacidade pessoal e o esforço social de sair do mundo dos monólogos, das verborragias. O escutar exige tempo e atenção, exige calma e alma.   

 

O reaprender a escutar passa pelo reaprender a encontrar, a conviver, a reconhecer o eu-tu, aquilo que o jornalista e teólogo Martin Buber (2009, p. 49) apresenta na sua magna obra Eu e Tu, que “todo viver real é encontro”. Essa é a dinâmica da própria vida, feita de encontros, “embora haja tanto desencontro pela vida”, como poetizou Vinicius de Moraes no “Samba da Bênção”. Cristãos e, especialmente, os comunicadores, ajudam a construir a cultura do encontro na medida em que testemunham os valores do Evangelho e ajudam as pessoas a compreender a alteridade. Esse talvez seja um conceito em crise no nosso tempo e a mensagem do papa Francisco indica a escuta como um caminho fecundo para recuperá-lo. Escutar é um exercício de alteridade que se dá a partir do diálogo, a partir do encontro presencial e também a partir do encontro que realiza por meio das plataformas.

 

Está lançado o convite. Reaprender a escutar: a si mesmo, a Deus e ao outro. Na era da velocidade, é preciso dar tempo ao tempo, escutar a escuta, decantar os sentimentos e aprendizados, certos de que a nossa comunicação só será plena quando for reflexo não do que falamos, mas do que escutamos. 

 

Marcus Tullius
Filósofo e publicitário. Coordenador geral da Pascom Brasil, membro do Grupo de Reflexão em Comunicação da CNBB. Autor do livro Esperançar: a missão do agente da Pastoral da Comunicação, pela Editora Paulus.

 

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