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Santuário Nacional de Aparecida Peregrinação da Arquidiocese de Goiânia

Santuário Nacional de Aparecida Peregrinação da Arquidiocese de Goiânia

Minhas irmãs, meus irmãos, aqui estamos como Peregrinos de Esperança, para celebrar, na casa da Mãe Aparecida.

Minhas irmãs, meus irmãos, aqui estamos como Peregrinos de Esperança, para celebrar, na casa da Mãe Aparecida, o Jubileu dos 2025 anos do nascimento do Filho de Maria, Nosso Senhor Jesus Cristo. Somos milhares de romeiras e romeiros vindos de tantos lugares do Brasil. Centenas e centenas viemos da Arquidiocese de Goiânia. Hoje somos recebidos na casa da Mãe. Lá em Trindade, na Arquidiocese de Goiânia, recebemos os peregrinos na Casa do Pai. Somos todos irmanados na graça da filiação. Deus nos quis seus filhos e filhas em seu Filho. E Nosso Senhor nos quis seus irmãos e irmãs dando-nos Maria por Mãe. Não foi assim que o Crucificado disse ao discípulo amado no Calvário? “Eis aí tua Mãe. E daquela hora em diante o discípulo levou Maria para casa consigo.”

Escutamos, como primeira leitura, breve trecho da Carta de São Paulo aos Colossenses 1,21-23. Nesses poucos versículos, o apóstolo conjuga memória, reconciliação e perseverança na fé, articulando o passado, o presente e o futuro da vida cristã. No v. 21, Paulo relembra aos colossenses sua antiga condição: “E vós que outrora éreis estrangeiros e inimigos, pelas manifestas más obras”. Essa descrição não se refere apenas a comportamentos, mas a uma atitude de profundo distanciamento em relação a Deus, tanto na mente quanto nas ações. “Éreis inimigos”. Essa expressão sugere hostilidade ativa, enquanto “estrangeiros” indica afastamento ou separação do Deus da aliança. São Paulo não quer culpabilizar os fiéis, mas quer destacar a profundidade da transformação realizada em Cristo.

No v. 22, São Paulo trata da reconciliação agora realizada. A reconciliação é apresentada como um ato já realizado e concreto, que se dá “no corpo de sua carne” ou “no seu corpo mortal”, expressão que aponta diretamente para os mistérios da encarnação e da cruz. A morte de Cristo, longe de ser um acidente ou derrota, é o meio pelo qual Deus reestabelece a comunhão com a humanidade. O objetivo dessa reconciliação é “apresentar-vos como santos, imaculados, irrepreensíveis diante dele”.

A ação de Deus, porém, não dispensa a resposta humana. “… é necessário que permaneçais inabaláveis e firmes na fé, sem vos afastardes da esperança que vos dá o Evangelho” (v. 23). A reconciliação é dom, mas requer perseverança. Não podemos desanimar. É preciso permanecer firmes, perseverar. São Paulo conclui o texto de hoje com uma referência ao evangelho “anunciado a toda criatura debaixo do céu”. O apóstolo enfatiza que essa mensagem não é só para alguns, mas para todos, é universal. E é dessa mensagem que ele se tornou ministro. Nós. Também, peço batismo, e pela vida discipular, nos tornamos servidores da mensagem do Evangelho.

Na vida da Igreja hoje, este trecho nos convida a não esquecermos de onde foram resgatados. Vivemos num tempo marcado por sentimentos de autossuficiência, de espiritualidades superficiais e de esquecimentos do mistério pascal ou do mistério da cruz de Cristo. São Paulo nos recorda que todos, antes de serem alcançados pela graça, viviam distantes de Deus — e que essa reconciliação veio pelo sofrimento e entrega de Cristo, não por méritos humanos. Tenhamos essa consciência e sejamos agradecidos. Ser reconciliado não é apenas “sentir-se bem com Deus”, mas assumir uma vida consagrada, pura e coerente com o Evangelho. Neste tempo em que os valores são relativizados e a fé banalizada, essa exortação tem força profética.

Ainda, a perseverança na fé se apresenta como um desafio para todos nós. Muitos cristãos vivem hoje em “estado de distração espiritual”, com fé pouco enraizada. A Igreja é chamada a formar discípulos sólidos, bem fundados, capazes de resistir às seduções do sincretismo, do individualismo religioso, do fundamentalismo ou do ceticismo. São Paulo como servo do Evangelho inspira a todos os agentes evangelizadores: anunciar com clareza, formar com profundidade, testemunhar com fidelidade.

Do Evangelho, tomado de São Lucas, escutamos a narrativa da reação dos fariseus ao verem os discípulos de Jesus, em dia de sábado, colhendo espigas de trigo para comer. Os fariseus fazem tempestade em copo d’água: acusam Jesus e seus discípulos como se tivessem cometido grave escândalo. Jesus não pensa como os fariseus. Jesus tem como ponto de partida a fidelidade ao Pai, para além da letra da Lei. Os discípulos apenas debulharam as espigas para matar a fome, em dia de sábado. Os fariseus consideraram que eles não respeitaram a Lei do descanso sabático. E acusam. Jesus convida seus acusadores a reler a Escritura, a passagem que se refere ao rei Davi. E enuncia um princípio decisivo: em caso de necessidade, a manutenção da vida tem precedência sobre o respeito às proibições religiosas. O rei Davi mesmo tendo infringido uma Lei, permaneceu obediente a Deus.

Irmãs e irmãos, as leis devem estar fundadas em valores. Infelizmente há leis que não priorizam o valor da vida; há leis que até oprimem os mais pobres. Para Jesus, a vida e o amor, a justiça e misericórdia são referências absolutas no seu projeto, no projeto do seu Reino. É preciso sempre escolher a alternativa que mais favoreça o amor, a misericórdia e a justiça.

A afirmação de Jesus como “Senhor do sábado” revela sua autoridade divina e sua autoridade para reinterpretar a Lei. Os discípulos de Jesus escutam um ensino que os desafia a se colocarem a serviço da vida. Esse ensino se estende a nós, neste tempo de nossa vida e de nossa história. Com o salmista expressemos nossa confiança no Senhor: “Quem me protege e me ampara é meu Deus”. E nós queremos servir a Deus.

Alimentados pela Palavra de Deus, guiados pelo ensino de Jesus, sejamos peregrinos de esperança num mundo cheio de leis injustas e até absurdas. Sejamos profetas de esperança para fortalecer os que se encontram cansados e abatidos pela morosidade da lei e da justiça. Sejamos operários a serviço da esperança que não decepciona: Jesus Cristo, nosso Senhor.

A Mãe Aparecida, mãe da esperança, caminha conosco hoje e sempre. Amém.

+ João Justino de Medeiros Silva

Arcebispo de Goiânia

06.09.2025

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