Prezada irmã, prezado irmão, quanta alegria brota de nosso coração neste dia de celebração da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Por este imenso Brasil, um número incontável de comunidade hoje se reúne para bendizer a Deus que nos deu por mãe a Virgem de Aparecida. Gosto de recordar o modo carinhoso como Papa Francisco se referiu à Nossa Senhora Aparecida, apresentando aos bispos do Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro, as lições que brotam de Aparecida. Ele dizia assim:
“Em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe. Mas, em Aparecida, Deus deu também uma lição sobre Si mesmo, sobre o seu modo de ser e agir. Uma lição sobre a humildade que pertence a Deus como traço essencial e que está no DNA de Deus. Há algo de perene para aprender sobre Deus e sobre a Igreja, em Aparecida; um ensinamento, que nem a Igreja no Brasil nem o próprio Brasil devem esquecer… No início do evento que é Aparecida, está a busca dos pescadores pobres. Tanta fome e poucos recursos. quando foi da vontade de Deus, comparece Ele mesmo no seu Mistério… E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio, envelhecida também pelo tempo. Deus entra sempre nas vestes da pequenez”.
A liturgia própria para a festa de hoje oferece como primeira leitura um texto do livro de Ester. Trata-se de uma página histórica e dramática. O povo eleito está exilado e cativo na Pérsia. O primeiro ministro odiava os judeus e conseguira que o Rei determinasse o extermínio de todos eles. Ester era judia e substituía a rainha Vasti, destronada porque caíra na desgraça do Rei Xerxes. Sabendo do risco que corria seu povo, Ester vai interceder em favor dos judeus. Escute novamente: “Ester revestiu-se com vestes de rainha e foi colocar-se no vestíbulo interno do palácio real, frente à residência do rei. O rei estava sentado no trono real, na sala do trono, frente à entrada. Ao ver a rainha Ester […] o rei lhe disse: "O que me pedes, Ester; o que queres que eu faça? Ainda que me pedisses a metade do meu reino, ela te seria concedida".
A rainha não tem outro pedido a fazer senão a vida de seu povo. E é isto o que ela responde: "Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida – eis o meu pedido! – e a vida do meu povo – eis o meu desejo!" Ester é figura de Maria sempre intercessora. Poderia Ester ter pedido a metade do Reino? Mas ela não desviou seu olhar do sofrimento de seu povo. Pediu a vida de seu povo. E obteve o que pediu. Meu irmão, minha irmã, fique atento aos seus pedidos de intercessão de Nossa Senhora. A Senhora de Aparecida, como Ester, quer a vida de seu povo. Quer a vida dos brasileiros e brasileiras.
+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia