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Série Oração do Cristão

Série Oração do Cristão

Pelo sinal da Santa Cruz: Livra-nos do mal

A Santa Igreja Católica Apostólica Romana é, sem dúvida, rica em gestos, ícones e símbolos que levam os fiéis a se aproximarem sempre mais das “coisas do alto”. No início dos encontros de pastorais, movimentos ou orações, o fiel faz o gesto do sinal da cruz, pedindo proteção para que tudo que será feito seja para a glorificação de Deus e a salvação dos homens.

 

O sinal da cruz mais utilizado é aquele expressado com o gesto da mão direita na testa, na altura do peito e dos ombros. Mas existe outro gesto que exprime uma forma oracional, conhecida como “persignar-se”: “Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos, Deus nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

 

Persignar deriva do latim “per signum”, isto é, identifica que a oração, o encontro ou o momento espiritual a seguir está na proteção de Deus, pelo sinal da santa cruz. O gesto utilizado está em forma de bênção: fazendo o sinal da cruz com o dedo polegar, primeiramente na testa, depois na boca, e no peito. Sabe-se que nos primórdios da Igreja, por volta do século II, o sinal era traçado com o polegar na testa dos cristãos e que no século IV encontraram vestígios de que os cristãos manifestavam o sinal da cruz em partes do corpo.

 

Em um antigo escrito de Tertuliano, denominado “De Corona Militis” (séc. III), encontramos: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, lavamo-nos e iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz”. Esse fragmento é uma prova documentária de que o sinal da cruz já estava presente na Igreja desde sua origem.

 

São Gaudêncio de Bréscia (séc. IV), em um dos seus escritos apresenta o persignar-se com uma estrutura muito próxima de como conhecemos hoje: “Esteja a Palavra de Deus e o sinal da cruz no coração, na boca e na fronte. Em meio à comida, em meio à bebida, em meio às conversas, nas abluções, nos leitos, nas entradas, nas saídas, na alegria, na tristeza”.

 

Mas, seria correto iniciar as orações fazendo a referência à cruz e ainda chamá-la de santa? A princípio, a cruz parece ser a marca da derrota de um Homem que, de braços abertos acolhe esta grande loucura. Um carpinteiro que costumava utilizar pregos para consertar, fabricar e dar segurança aos móveis, agora sente estes pregos atravessarem partes do seu corpo. Mas em que Ele se apoia? Onde repousa Sua cabeça? “[…] As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20).

 

Melitão de Sardes, bispo no século II, em uma homília sobre a Páscoa, querendo mostrar o amor de doação de Jesus, disse que esse homem “foi levado como cordeiro e morto como ovelha; salvou-nos da escravidão do demônio; venceu a morte e confundiu o demônio; tomou sobre si os sofrimentos de muitos; foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exiliado de sua terra em Jacó; vendido em José; foi ele quem se encarnou no seio da Virgem, foi suspenso na cruz, sepultado na terra, ressuscitando dos mortos, subiu ao mais alto dos céus; nascido de Maria, a bela ovelhinha”.

 

Em Jesus, o sentido da cruz muda totalmente seu significado. De humilhação, passa a ser sinal de vitória, sinal de amor, de perdão, de um sacrifício que iria mudar, para sempre, a história da humanidade. Passa a ser, de fato, condição de amor para quem deseja seguir os passos de Cristo, dos cristãos que aceitam perder para ganhar: “então Jesus disse aos discípulos: ‘Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. De fato, que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? Ou que poderá alguém dar em troca da própria vida?” (Mt 16,24-26).

 

Na certeza que não estamos rezando com o símbolo da derrota e humilhação, podemos recitar que, pelo sinal da cruz, Deus nos livra dos nossos inimigos, agora e sempre. Amém!

 

Pe. Vilmar Barreto

 

 

Confira aqui as orações anteriores:

 

1º – Pai Nosso, a oração do senhor

 

2º-  Ave-Maria, a oração de exultação e súplica

 

3º – Salve Rainha: a oração de quem confia sua vida à proteção da Virgem Maria

 

4º – Eu creio: a profissão de fé cristã

 

Santo Anjo do Senhor, companheiro de todo tempo

 

6º – “À vossa proteção”: a oração mariana mais antiga

7º – “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz” A oração simples

8º – Como “coisa e propriedade” Vossa!

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