Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Nesta terça-feira da vigésima quinta semana do tempo comum lemos mais alguns versículos tomados do livro dos Provérbios. Como já se disse aqui, o livro dos Provérbios é o mais representativo dos livros sapienciais da Sagrada Escritura, que recolhe muito material da sabedoria popular de Israel, tais como sentenças, máximas, aforismos e, também, poemas, instruções, ensinamentos. No texto de hoje, que recolhe alguns versículos do capítulo vinte e um do livro dos Provérbios, encontra-se uma série de provérbios sem uma ordem precisa, mas todos como indicações para uma vida virtuosa.

O autoengano pode conduzir a pessoa a considerar-se como capaz de total controle sobre sua vida e seus caminhos. Mas não parece ser assim, segundo a sabedoria bíblica que diz: “O coração do rei nas mãos do Senhor é como água corrente; ele o dirige para onde quer. O homem pensa que o seu caminho é sempre reto, mas é o Senhor quem sonda os corações”. A dimensão ética do verdadeiro culto se revela no modo como se traduz a relação com o próximo. Neste caso, é importante ter presente quanto a justiça e o direito são imperativos éticos. E o Livro dos Provérbios ensina: “Praticar a justiça e o direito é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios”.

Assim, também, a atitude arrogante e orgulhosa não pode ser considerada virtude, mas antes expressa o conteúdo de uma pessoa em pecado. Escute: “Olhar arrogante e coração orgulhoso, a lâmpada dos malvados não é senão o pecado. A alma do malvado deseja o mal, ele olha sem piedade para o seu próximo”. A paciência e a verdade são preciosas e expressam a qualidade de um coração sereno e sincero. Vamos conferir: “Os projetos do homem aplicado produzem abundância, mas todos os apressados só alcançam indigência. Tesouros adquiridos com língua mentirosa são ilusão passageira dos que procuram a morte.”

A sabedoria, também, se adquire quando se está atento aos acontecimentos para deles tirar algum aprendizado. Confira: “Quando se castiga o zombador, aprende o imbecil, e quando o sábio é instruído, ele adquire mais saber. O justo observa a casa do ímpio e leva os ímpios à desgraça”. Mas o último dos Provérbios de hoje é uma exortação muito importante para quem quer levar a sério o zelo de Jesus pelos mais pobres. Reza o provérbio: “Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre, também há de clamar, mas não será ouvido.”

Cada provérbio nos dá a possibilidade de uma meditação em que somos chamados a olhar para nós mesmos e verificarmos como está nosso empenho em viver segundo os valores da fé. Sempre é tempo de rever e retomar o caminho que leva ao cumprimento dos preceitos do Senhor.

+ Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo Metropolitano de Goiânia