SEXTA-FEIRA DA 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Mais um trecho tomado da Carta aos Hebreus foi apresentado na liturgia de hoje como primeira leitura. A Carta aos Hebreus, em sua seção inicial, reflete sobre a superioridade de Cristo e sua obra em comparação com os eventos do Antigo Testamento. Em Hebreus 4,1-5.11, o autor retoma o tema do “descanso” de Deus, utilizando o relato da criação e a experiência do Êxodo como imagens para exortar os cristãos à perseverança na fé e obediência.
Inicialmente, o autor alerta a comunidade cristã sobre a possibilidade de não alcançar o descanso prometido, enfatizando a urgência de manter viva a fé. O “descanso” refere-se, em última instância, à salvação plena na comunhão eterna com Deus. Este primeiro versículo destaca o cuidado em não repetir os erros da incredulidade que impediram os israelitas de entrar na terra prometida.
Nos versículos 2 e 3 se destaca como a Palavra de Deus foi anunciada tanto aos israelitas quanto aos cristãos. No entanto, sua eficácia depende da fé. Os israelitas não se beneficiaram da promessa divina porque a ouviram sem fé. Para os que creem, o descanso já começa a ser experimentado como uma realidade presente, prefigurando a consumação futura. O descanso no sétimo dia é destacado no versículo 4. A citação de Gênesis 2,2 (“E Deus repousou no sétimo dia”) conecta o descanso prometido ao descanso sabático da criação. Este descanso é apresentado como um estado de comunhão com Deus, acessível pela fé e obediência.
Em seguida o autor faz a advertência contra a desobediência (vv. 5-6) relembrando que muitos não entraram no descanso de Deus devido à desobediência. Essa advertência reforça a necessidade de perseverança e fidelidade à voz divina, destacando a centralidade do “hoje” como oportunidade para responder a Deus. Mas para entrar no descanso é preciso esforço (v. 11). O esforço necessário para entrar no descanso não se refere a obras humanas (pois ninguém consegue a salvação com as próprias forças), mas à luta contra a incredulidade e a desobediência. O descanso é dom de Deus, mas exige cooperação ativa por meio da fé perseverante.
Em conclusão, o texto hoje proclamado da carta aos Hebreus enfatiza a continuidade entre as promessas de Deus no Antigo Testamento e sua realização plena em Cristo. O “descanso” prefigurado na terra prometida e no sábado é alcançado em sua plenitude no mistério da salvação em Cristo. A perseverança na fé é apresentada como indispensável para essa comunhão definitiva com Deus. Hoje, o chamado ao “descanso” nos convida a confiar na fidelidade de Deus e a viver nossa fé com diligência. O “hoje” é uma oportunidade para escutarmos a Palavra, renovarmos nossa entrega a Cristo e nos afastarmos de qualquer atitude de incredulidade ou desobediência. Este esforço diário nos prepara para a comunhão plena com Deus, antecipada na Eucaristia e vivenciada na esperança cristã.