QUARTA-FEIRA DA 2ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Minha cara irmã, meu caro irmão. Nesta quarta-feira da segunda semana do tempo comum a liturgia nos oferece como primeira leitura um texto da Carta aos Hebreus 7,1-3.15-17. Este trecho insere-se na argumentação da Carta aos Hebreus que apresenta Jesus Cristo como o sumo sacerdote perfeito, segundo a ordem de Melquisedec. O autor demonstra que o sacerdócio de Cristo transcende o sacerdócio levítico, sendo eterno e estabelecido diretamente por Deus. Melquisedec, figura misteriosa do Antigo Testamento, é interpretado como um tipo de Cristo, prefigurando seu sacerdócio único e superior.
O texto começa apresentando a figura de Melquisedec (vv. 1-3). Melquisedec, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, é descrito como aquele que abençoou Abraão (cf. Gn 14,18-20). Ele é apresentado sem genealogia ou sucessores, o que simboliza a eternidade de seu sacerdócio. Essa ausência de começo e fim faz dele uma figura que aponta para o sacerdócio eterno de Cristo, que não depende de linhagem humana, mas é estabelecido pelo próprio Deus.
Em seguida, o autor apresenta Cristo, o sacerdote segundo a ordem de Melquisedec (vv. 15-17). O autor argumenta que o surgimento de Cristo como sacerdote segundo a ordem de Melquisedec confirma a superioridade e a novidade desse sacerdócio. Diferente do sacerdócio levítico, que dependia da descendência da tribo de Levi, o sacerdócio de Cristo é baseado no poder de uma vida indestrutível. Citando o Salmo 110,4, o texto reafirma que Cristo é sacerdote para sempre, estabelecendo a eternidade e eficácia de seu ministério.
Este trecho destaca a singularidade do sacerdócio de Cristo em contraste com o sistema levítico. O sacerdócio eterno de Cristo traz uma dimensão de transcendência e permanência que o sacerdócio humano não pode alcançar. A figura de Melquisedec enfatiza que o sacerdócio de Cristo é universal, não restrito a uma linhagem ou nação, mas acessível a todos os povos. O caráter indestrutível do sacerdócio de Cristo garante aos fiéis a segurança de uma mediação eficaz e eterna. Cristo não é apenas um sacerdote que intercede, mas o próprio sacrifício que redime. Seu sacerdócio é fundamentado em sua ressurreição e vida eterna, assegurando a comunhão plena com Deus.
Este texto nos chama a contemplar a centralidade de Cristo em nossa relação com Deus. Seu sacerdócio eterno nos garante acesso contínuo à graça e ao amor do Pai. Na vida cotidiana, isso nos motiva a buscar a presença de Deus com confiança, sabendo que Cristo intercede por nós. A universalidade do sacerdócio de Cristo nos desafia a viver a fé de forma inclusiva, reconhecendo que a salvação é oferecida a todos. Além disso, somos chamados a confiar na eficácia de sua mediação, abandonando toda tentativa de depender apenas de nossos méritos, e a entregar nossa vida àquele que é sacerdote eterno e rei da paz.