SÁBADO, TEMPO DO NATAL, ANTES DA EPIFANIA
Querida irmã, querido irmão, neste tempo do Natal continuamos a ler a Primeira Carta de São João. O texto de hoje, 3,7-10 trata da oposição fundamental entre a prática da justiça, que caracteriza os filhos de Deus, e a prática do pecado, que revela a filiação ao maligno. O texto reforça o chamado à coerência de vida cristã, destacando a transformação operada pela presença de Cristo e a necessidade de viver em conformidade com essa nova realidade.
No versículo 7, João exorta os leitores a não se deixarem enganar. A prática da justiça, fruto de uma vida alinhada com Deus, é o verdadeiro indicador de pertencimento a Ele. A retidão de vida não é apenas uma escolha moral, mas uma manifestação da identidade recebida em Cristo, que é o Justo por excelência. O versículo 8 faz uma afirmação radical: quem pratica o pecado pertence ao maligno, pois o pecado está na essência de sua ação desde o princípio. Essa ligação com o maligno não é apenas moral, mas espiritual. Em contraste, São João afirma que o Filho de Deus veio para destruir as obras do diabo. A encarnação e a missão de Cristo são apresentadas como a ruptura definitiva com o domínio do pecado, inaugurando uma nova era para os que nele creem.
No versículo 9, São João destaca que quem nasceu de Deus não pratica o pecado, pois a semente divina permanece nele. A expressão “semente de Deus” significa a presença transformadora de Deus na vida do cristão, que impede uma relação habitual com o pecado. Embora isso não signifique perfeição absoluta, indica que a vida de quem é gerado por Deus é marcada por uma luta constante contra o pecado e por um progresso na santidade. No versículo seguinte (v. 10), São João resume seu argumento: a prática da justiça e o amor ao próximo são os sinais claros da filiação divina, enquanto a ausência desses elementos evidencia a filiação ao maligno. Essa polarização serve como um critério para discernir a autenticidade da vida cristã e reforça a centralidade do amor e da justiça como frutos de uma vida transformada.
Esse texto de hoje desafia os cristãos a viverem como verdadeiros filhos de Deus, rejeitando o pecado e buscando a justiça como expressão de sua nova identidade em Cristo. A presença de Cristo na vida do fiel rompe com a escravidão ao pecado, permitindo um caminho de crescimento na santidade. Para os dias atuais, essa passagem nos convida a examinar nossas atitudes e escolhas, avaliando se refletem nossa comunhão com Deus ou se estão em desacordo com ela. A prática do amor e da justiça é o testemunho mais claro de que somos regenerados em Cristo, tornando-nos luz em um mundo marcado por divisões e injustiças.