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Vida cristã em tempo de pandemia

Vida cristã em tempo de pandemia

Um dos aspectos mais marcantes deste tempo de pandemia é a casa. Nunca se ouviu tantas e tantas vezes, diuturnamente,

Um dos aspectos mais marcantes deste tempo de pandemia é a casa. Nunca se ouviu tantas e tantas vezes, diuturnamente, o imperativo: “fique em casa”. A casa tornou-se o núcleo ao redor do qual gravitam outras experiências da vida comum. A casa tornou-se o centro. O lugar da intimidade. O lugar também de onde brotaram, nestes tempos, diversas dores, problemas não resolvidos, dilemas familiares tão menos perceptíveis em outros tempos.

 

A casa tornou-se lugar de encontro, de comunhão entre pais e filhos, entre esposo e esposa, entre os parentes que compartilham o mesmo espaço. Por que não dizer, a casa tornou-se um lugar teológico, sacramental. Lugar onde Cristo se faz presente. Recordo, neste ponto, aquela presença de Jesus, quando “subia para Jerusalém” para ser julgado, condenado e morto, parou, ordenou a Zaqueu que descesse de uma árvore e com ele seguiu até sua casa.

 

Aqui, na Arquidiocese de Goiânia e em todas as Igrejas Particulares por este Brasil afora, foi necessário suspender a celebração das missas, limitar a presença física dos fiéis. Também as reuniões nos salões paroquiais, nas capelas, os encontros de oração, a catequese presencial, as reuniões dos conselhos. A dinâmica da vida em nossa casa comum, que a paróquia essencialmente é, ficou suspensa ao longo deste tempo que se alonga.

 

Não é demais recordar que a expressão “paróquia” etimologicamente, em suas origens, guarda relação com a palavra “casa”. Casa comum, casa de comunhão, casa de comum unidade. Casa onde o povo de Deus, unidade do corpo místico de Cristo, encontra-se, celebra a fé, experimenta a presença real de Cristo. Casa comum onde canta-se, louva-se, alegra-se, chora-se, confessa-se e se é perdoado. Lugar da feliz união visível do corpo místico, onde os que professam a mesma fé, unidos num só coração, podem expressar publicamente a grande alegria da fraternidade, da íntima relação com Cristo, Pastor e Mestre, na intimidade que o Espírito Santo assegura a todos os que são assinalados pelos sacramentos de nossa fé.

 

Foi necessário e continuará, ainda, em nome da fundamental segurança da vida, a Igreja, que é a defensora da vida, fazer-se presente nos lares, nas casas, nos apartamentos, em todos os lugares onde se possa chegar. Através dos aplicativos, nos celulares, nas televisões, nos notebooks, tantas e tantas vezes a Igreja manteve e mantém, nestes tempos, acesa a chama da fé. Recordo-me da história da Igreja, em seus primórdios, onde os cristãos estavam reclusos nas catacumbas, celebrando o amanhecer do Domingo da Ressurreição, escondidos, por medo da perseguição e da morte. E, ainda assim, a Igreja, por pura graça do Espírito Santo e da presença viva e real de Cristo, cabeça do corpo místico, Pastor Eterno, manteve acesa a fé, ouviu o ensinamento dos apóstolos, partiu o pão com alegria e com singeleza de coração.

 

Este, meus irmãos e irmãs, é um tempo de especial graça. Graça que ajuda a superar a provação da distância dos altares físicos, do encontro fraterno, do abraço da paz, da alegria de estarmos na Casa do Pai, fisicamente, em nossas paróquias e comunidades. Tempo de pais e filhos, irmãos e irmãs, parentes próximos e até vizinhança acordarem cedo para acompanhar aquela live de oração do terço, assistirem aquela missa transmitida pelos canais de televisão ou pelas redes sociais de nossas paróquias, acessarem os aplicativos e acompanharem a oração, o louvor dos grupos de oração, os ensinamentos catequéticos de tantos padres e religiosos que, profeticamente, em meio a tantas distâncias e dificuldades, ajudam o nosso povo a manter firme a fé, a esperança e a caridade. Vejo, como exemplo, tantas famílias que estiveram acompanhando a Novena de São José no mês de março, que acompanharam e ainda estão acompanhando, ao longo de toda a Quaresma, os ensinamentos de Santo Afonso Maria de Ligório.

 

Estes tempos de pandemia são também propícios a boas leituras de livros autenticamente católicos, de conhecer a vida de tantos santos e santas, de aproximar-se de Deus por estas obras físicas e em PDF, muitas delas verdadeiros tesouros e que ajudam tanto a manter a coerência da fé, a viva esperança, as orientações espirituais mais fundamentais para o caminhar diário.

 

Possa Deus, em seu imenso amor, zelar pelos corações de todos nestes tempos difíceis e que ainda se afiguram preocupantes pela frente.

 

Tão logo possam, que todos se acheguem ao altar, aproximem-se de Cristo, Sacramento da Vida Eterna, alimento salutar da fé, nosso amor maior. E se alimentem, novamente, da graça de sua presença que se faz vida no coração, no ser, na vida de cada um dos que o recebem no interior de nossas igrejas, casas e escolas de comunhão.

 

Deus os abençoe.

 

Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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