Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Lemos, ainda hoje, a Carta aos Hebreus como texto da primeira leitura. Em Hebreus 10,19-25, o autor nos apresenta um convite à perseverança na fé, ancorada na obra redentora de Cristo, que inaugurou um novo e vivo caminho para a comunhão com Deus. Com base no sacrifício de Cristo, que se ofereceu como Sumo Sacerdote, o crente é chamado a manter confiança e firmeza no acesso a Deus, representado pela superação da separação do Santo dos Santos, simbolizada pelo véu, agora rasgado pelo corpo de Cristo. Assim, o autor propõe uma reflexão sobre a ação de Cristo que, ao oferecer Seu sacrifício, proporciona uma purificação interior para os crentes, permitindo-lhes se aproximar de Deus com um coração sincero e purificado pela fé (v. 22).

O versículo 23 reforça a importância de manter “firme a confissão da nossa esperança”, em um contexto em que os destinatários da carta estavam enfrentando desafios e perseguições. O autor os exorta a não vacilarem diante das dificuldades, pois a promessa de Deus é fiel e, por isso, deve ser aguardada com confiança. No versículo 24, ele chama a atenção para a prática do amor fraterno e das boas obras, não como um simples imperativo moral, mas como uma expressão da fé viva, que se concretiza na vida comunitária. A vida cristã não é individualista, mas exige uma interação constante com a comunidade, como demonstra o versículo 25, que destaca a importância de não abandonar a reunião dos cristãos.

No contexto do autor de Hebreus, essa reunião pode ser entendida como a celebração do culto, onde a comunidade é edificada na Palavra, na oração e nos sacramentos. A continuidade dessa prática, especialmente em tempos de perseguição e tribulação, fortalece a fé dos indivíduos e da coletividade. Além disso, o autor ressalta a urgência do “Dia” que se aproxima, o dia da volta de Cristo, o que imprime à exortação uma forte carga escatológica, marcando a expectativa do cumprimento pleno das promessas de Deus e da manifestação final da salvação.

Teologicamente, o texto sublinha a centralidade de Cristo como o único mediador que, por seu sacrifício, garante acesso direto a Deus. Sua obra não apenas justifica, mas também transforma a vida do cristão, que é chamado a viver com perseverança, esperança e ação prática na comunidade. O autor de Hebreus, portanto, convoca os crentes a não se desviarem da sua confiança em Cristo, mas a fortalecerem uns aos outros por meio do amor, da boa prática e da união no culto, enquanto aguardam com expectativa o dia em que a salvação será plenamente revelada.