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Não estamos sozinhos nas tempestades

Não estamos sozinhos nas tempestades

Confira a entrevista com o coordenador da Pastoral Vocacional da Arquidiocese de Goiânia

Neste 4º Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, a LIgreja celebrou  o 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Rezemos para que o Senhor suscite no coração de todos os homens e mulheres o desejo de uma dedicação total a Ele e que todos tenham a coragem de responder com a alegria ao chamado de Deus.

A Pastoral Vocacional da nossa Arquidiocese preparou um material para que possamos rezar neste importante dia da nossa Igreja. É uma meditação inspirada no caminho sugerido pelo papa Francisco, em Mensagem que nos propôs para este dia. Ele nos indicou o Evangelho da Tempestade no lago de Tiberíades (Mt 14,22-33) e quatro palavras-chave para guiar nossa meditação: tribulação, gratidão, coragem e louvor. Acesse a oração e reze com sua família.
 

1 – Estamos vivendo um momento atípico e inédito na história da Igreja e da humanidade. É um período que precisamos ter muita fé e seguir a Cristo com mais convicção. Qual é a mensagem da Pastoral Vocacional Arquidiocesana, sobretudo para aqueles que sentem o chamado de Deus para segui-lo na vida consagrada?
Eu acredito que o caminho de fé verdadeiro não é um percurso retilíneo, mas um itinerário com curvas e retas, altos e baixos, chuvas e calmarias que exigem da nossa vida respostas distintas em coerência com nosso caminho pessoal. Estamos, de fato, vivendo um momento diferente deste percurso, um momento que também é inédito por sua universalidade, já que temos notícias de pessoas no mundo todo afetadas por alguma consequência da pandemia. Numa situação como essa, um texto que tem me acompanhado é o número 9 da Carta Encíclica Lumen Fidei: “a fé ‘vê’ à medida que caminha, que entra no espaço aberto pela Palavra de Deus”. Penso que essa frase sintetiza bem o que estamos vivendo: não sabemos o que vem após essa subida, esse momento árido da caminhada. Mas sabemos quem nos ilumina e acompanha: Cristo. O Senhor nos acompanha nesta caminhada, como no caminho de Emaús, escuta nossas tribulações e incertezas. Precisamos continuar a ter a Palavra de Deus diante dos olhos, para compreender que Cristo está conosco e, a partir disso, discernir as decisões que devemos tomar. E não ficar presos apenas a tribulações e problemas que podem parecer insolúveis. Um dos aspectos essenciais da vocação é que ela me interpela agora. E o incentivo que faço a todos é de não deixar passar as oportunidades, que este tempo está nos dando, de rever nossos conceitos, nossa hierarquia de valores, de desmascarar a “ilusão de onipotência” que tantas vezes nos cegava e que, agora, pode dar lugar a uma confiança mais sincera e concreta em Deus.

 

Pe. Rodrigo Lacerda/ Coordenador da Pastoral Vocacional de Goiânia

2 – O momento de pandemia tem exigido criatividade por parte de todos nós para continuar seguindo a Cristo. Como podemos crescer como vocacionados do Pai, sobretudo na Igreja doméstica?
Primeiro, tendo confiança na misericórdia do Senhor, que caminha conosco também agora e entendendo que precisamos de sua companhia para atravessar os momentos obscuros da vida. Segundo, sabendo que nossa conversão não será automática, simplesmente porque estamos passando por esses problemas. O mundo já passou por muitos momentos difíceis e a história mostrou-nos que a humanidade não muda simplesmente em decorrência de um momento ruim. É preciso assumir a vida cristã, refletir, rezar em família, não desperdiçar o tempo com coisas que não nos edificarão. Um dos aspectos do discernimento vocacional é confrontar a fé com a vida, com a história. Então, acredito que o meio eficaz é ter coragem de confrontar com uma convicção de fé todas as crises que estamos passando e valorizar ainda mais elementos essenciais da nossa fé. Poderíamos não ter posse da real importância dessas realidades essenciais (como a participação dominical na Santa Missa, por exemplo), mas agora podemos ter uma nova visão pela experiência dolorosa de sua falta.

 

3 – Em sua mensagem para este Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o papa Francisco foi profético em falar de tempestades, tribulações, mas também de coragem, gratidão e louvor. A vocação também nos confronta com essas situações e momentos. Como devemos lidar com as adversidades a partir da vocação a que Deus nos chama?
Seguindo o itinerário da mensagem do papa, que se baseia no relato de Jesus, que anda sobre as águas durante uma tempestade no lago de Tiberíades (Mt 14,22-33), acredito que a tribulação primeiro é enfrentada a partir da convicção de que não estamos sozinhos. O papa lembrou isso com a palavra “gratidão”. Não estamos neste caminho de santidade, de comunhão com o Senhor por nossas próprias forças, nem apenas com nossos recursos. As adversidades que enfrentamos e que sempre vamos enfrentar são consequência da resposta a um chamado divino. Esse chamado surge de um olhar amoroso do Senhor que vem ao nosso encontro antes de qualquer iniciativa nossa. E lembrarmo-nos disso é essencial para que não foquemos nas tempestades que tantas vezes parecem querer virar nosso barco. A partir dessa convicção é que cada um de nós podemos escutar o clamor de Jesus a termos “coragem”. Somente acreditando no amor do Senhor da Vida e da história, teremos coragem de sair de nossos barcos atribulados e nos aventurarmos a tentar caminhar sobre as águas, como Pedro fez na passagem que citei. Toda vocação exige esse esforço de enfrentar os próprios medos e se, como Pedro, focarmos no vento e nas ondas que nos cercam, a paralisia é capaz de nos fazer afundar. Fazer essa experiência de confiança em meio às tribulações é essencial para que o “louvor” seja possível. Um louvor que nasça da consciência das maravilhas que o Senhor fez em nossas vidas, um louvor que seja cantado com nosso testemunho e que se inspire no louvor que Maria elevou com sua entrega total a Deus. Portanto, as tribulações devem ser enfrentadas a partir das três palavras que o papa propõe: gratidão, coragem e louvor.

 

 

4 – Como a Pastoral Vocacional orienta as paróquias e comunidades a continuar seus trabalhos de animação vocacional neste período de pandemia?
Nas paróquias e comunidades podemos pensar em três desdobramentos da animação vocacional. O primeiro é a oração. Se as pessoas se lembrarem de colocar, em suas orações pessoais, a intenção pelas vocações, isso já uma é grande ajuda para a criação de uma cultura vocacional. Segundo, a formação é algo importante, e isso vai acontecer de modo diverso em cada paróquia. Na medida em que os grupos de catequese e de jovens continuam a se encontrar, a refletir sobre a vocação, que as pessoas compreendem melhor a vida cristã e se comprometem a buscar a santidade no caminho que Deus lhe mostrar, isso também é uma concretização da animação vocacional em cada comunidade. Por fim, o que nós denominamos de “chamado direto”. Para algumas pessoas, é necessário que alguém dê um conselho, faça uma pergunta, proponha uma reflexão, para que ela abra os olhos para um caminho vocacional que talvez ainda não tenha pensado ou tenha coragem. Isso acontece especialmente para as vocações de especial consagração e pode continuar a acontecer a partir da iniciativa pessoal daqueles que estão atentos e têm uma sensibilidade para ajudar o irmão, a irmã a encontrar a própria vocação.

 

A partir disso, falo em nível arquidiocesano. A Pastoral Vocacional está com os encontros presenciais suspensos, por enquanto. Mas reforçamos outros meios de encontros e conversas. Para aqueles que já faziam encontros vocacionais, estamos realizando conversas pessoais, uso dos meios virtuais para as reflexões, videochamadas etc. Ou seja, estamos tentando manter o contato satisfatório com aqueles que já faziam um caminho de discernimento conosco. Além disso, a internet tem possibilitado que novas pessoas continuem a nos encontrar pelas redes sociais, aplicativos de conversas e, depois desse primeiro contato, estamos combinando o meio possível de acompanhamento.

 

 

5 – A Pastoral Vocacional Arquidiocesana produziu alguns materiais para este 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. O senhor poderia falar um pouco sobre cada um?
O Dia Mundial de Oração pelas Vocações é um convite para que todos coloquem as vocações na intenção de suas orações particulares. Todos os anos, nós produzimos um material impresso que é enviado às paróquias para que se possa rezar, fazendo uma adoração comunitária ao Santíssimo Sacramento. Neste ano, isso não vai ser possível, por não podermos usar material impresso e também por causa do problema de aglomerações. Por isso, nós disponibilizamos o arquivo deste material em PDF, que já estava pronto, caso alguma paróquia queira fazer a transmissão da adoração, tomando as devidas precauções. Para adaptar a essa nova realidade, nós elaboramos um segundo material, para ser rezado em família, inspirado na mensagem do papa Francisco e que também foi disponibilizado em PDF. Os dois arquivos foram enviados para os párocos e estão também disponíveis nas nossas redes sociais (Facebook e Instagram: @vocacionalgyn). Além disso, vamos fazer, às 17h deste domingo, a transmissão da oração do seminário Santa Cruz, pelo Instagram da Pastoral Vocacional, para quem quiser nos acompanhar e rezar conosco.

 

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