Goiânia, uma cidade idealizada pelo então interventor da época, Pedro Ludovico Teixeira, deveria ser planejada e construída conforme a ótica da modernidade. E assim aconteceu, pela projeção de Atílio Corrêa Lima e Armando de Godoy, sua fundação oficial em 24 de outubro de 1933. Quase dez anos depois, com a grande maioria dos prédios públicos construídos, Pedro Ludovico quis mostrar para o Brasil a nova capital com todas as suas novidades arquitetônicas e urbanísticas. Para isso, organizou uma série de solenidades culturais que ocorreram entre os dias 1º e 11 de julho de 1942 no Cine-Teatro Goiânia, que ficou conhecida como Batismo Cultural de Goiânia, uma espécie de inauguração da nova cidade. Esse evento teve a presença de várias autoridades eclesiásticas, políticas, artísticas, intelectuais de vários lugares do país.
O primeiro ato oficial do Batismo Cultural foi uma Missa Campal com a presença do arcebispo de Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira, e do arcebispo de Cuiabá, Dom Aquino Correia, em frente ao Palácio do Governo, no dia 5 de julho de 1942. Este foi um momento de grande importância nas relações entre Igreja e Estado para o processo de restauração católica em Goiás.
Um imponente altar foi montado na Praça Cívica, tendo ao centro uma grande imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira de Goiânia. A missa teve início às 8h30 da manhã e foi presidida por Dom Emanuel, que foi incumbido de representar o Cardeal Sebastião Leme, arcebispo do Rio de Janeiro. Após a missa, Dom Aquino Correia subiu ao púlpito para proferir a Oração Gratulatória. Este foi um dos momentos altos do Batismo Cultural de Goiânia.
Dom Aquino, que também era membro da Academia Brasileira de Letras, evidenciou, em sua Oração Gratulatória, a figura de Dom Emanuel e de Pedro Ludovico diante do grande feito que o Brasil contemplava, a criação de Goiânia, ressaltando assim a união entre Igreja Católica e Estado para a consolidação da restauração católica em Goiás. A presença da Igreja na programação que inaugurou a nova capital do estado goiano evidenciava essa finalidade. A atuação dos dois prelados, que, com todo o seu carisma, representaram a hierarquia eclesiástica nesse evento, contribuiu para a consagração e o êxito da festa em questão. Isso foi destaque na imprensa da época. A missa do Batismo Cultural de Goiânia foi um dos momentos mais significativos da programação. Era preciso abençoar a nova cidade com as bênçãos de Deus. Mesmo sendo um evento essencialmente laico, a presença do “sagrado” prevaleceu, como uma forma de legitimação religiosa importante para o Estado e a sociedade.
Pe. Maximiliano Costa
Mestre em História