Por sete vezes Jesus fala da Cruz. Estas frases ditas por Jesus trazem sete palavras que nos servem como ensinamentos e nos mostram quem Ele é e a sua missão.
“Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34)
“Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda” (Lc 23,33)
Com essa frase Jesus nos traz a palavra “perdão”. Na Cruz Ele nos mostra que devemos perdoar até os nossos inimigos. “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem … Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? … Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? … Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,44-48).
“Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43)
“Um dos malfeitores, ali crucificado, blasfemava contra ele: se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? … E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” (Lc 23,39-42)
A partir desta expressão usada por Jesus temos a certeza de que Ele não nos abandona, que ele está sempre “conosco” fazendo parte da nossa vida. Mesmo com todos os nossos erros Ele continua ao nosso lado, assim como o “bom ladrão” que confiou no Coração Misericordioso do Senhor. “O Senhor se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade. Ele satisfará o desejo dos que o temem, ouvirá seus clamores e os salvará” (Sl 145,18-19).
“Mulher, eis aí teu filho … Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe” (Jo 19,26-27)
“Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa” (Jo 19,26-27)
Com essas palavras Jesus nos comunica o “apoio” da Virgem Maria em nossa vida. Assim como Jesus entregou sua mãe ao discípulo amado, Ele também a entrega a nós como nossa mãe.
“Meus Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46)
“Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte: Eli, Eli, lammá sabactáni? – o que quer dizer: Meu Deus, meus Deus, por que me abandonastes?” (Mt 27,46)
Por meio desta pergunta feita ao Pai por Jesus podemos perceber a palavra “solidão”. Em uma reflexão bíblica, padre Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta diz que “O grito de Jesus na Cruz condensa o grito da humanidade sofredora; é o próprio Deus que grita o seu abandono. O sofrimento da humanidade é o sofrimento de Deus; Deus não é insensível e distante da dor de seus filhos”.
Em tempos de pandemia, onde nos vemos recolhidos em nossas casas e nos sentimos sozinhos ou abandonados, pensemos em Cristo na Cruz. Ele que também se viu sozinho, mas que sofreu para assumir todos os nossos pecados. “Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,17).
“Tenho sede” (Jo 19,28)
“Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede” (Jo 19,28)
Neste pedido de Jesus está explícita a palavra “sede”. Jesus era como nós, de carne e osso, e por isso, tinha fome e sede como nós. A expressão “sede”, como diz o sacerdote jesuíta Adroaldo, “desperta em nós outras “sedes”: de quê tenho sede? Sede de sonhos? de mundo novo … Sede mobilizadora que ativa as melhores energias dentro de nós, que desperta nossa criatividade…”
“Jesus replicou: Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6,35).
“Tudo está consumado” (Jo 19,30)
“Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito” (Jo 19,30)
Desta expressão do evangelho de São João vemos o “compromisso” de Jesus com toda a humanidade. “Jesus tinha plena consciência que tinha cumprido “toda” a sua missão salvífica, conforme o desígnio santo de Deus. Enquanto tudo não estava cumprido, Ele não “entregou” seu espírito ao Pai”, como nos diz o professor Felipe Aquino.
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)
“Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou” (Lc 23,45-46)
Com este grito Jesus nos mostra o “sentido” do seu caminho até o calvário. Ele sofreu para que nós tivéssemos vida e agora Ele se entrega nos braços do Pai. “O centurião e seus homem que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mt 27,54).
Larissa Costa
Fontes: As sete palavras de Cristo na Cruz – Professor Felipe Aquino / As sete palavras de Jesus na Cruz – Padre Adroaldo Palaoro, sj.
Foto: Adora Fotografia Religiosa