Caríssimos irmãos em Cristo,
“A grande e sublime missão que Nosso Senhor Jesus Cristo, quando estava para regressar ao Pai, confiou aos seus discípulos ao dizer-lhes “ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15), não podia terminar com a morte dos apóstolos, mas devia continuar, através dos seus sucessores, até ao fim dos tempos, isto é, enquanto existirem na terra pessoas para salvar pelo ensino da verdade” (Bento XV, Maximum Illud).
Com essas palavras, o Santo Padre Bento XV iniciava sua Carta Apostólica Maximum Illud, assinada em 30 de novembro de 1919 e destinada aos patriarcas, primazes, arcebispos e bispos do mundo católico, tratando sobre o tema da atividade desenvolvida pelos missionários no mundo. Naquele tempo, a grande preocupação do Pontífice era impulsionar a missão ad gentes, isto é, a missão junto aos povos da terra que ainda não tinham ouvido a pregação do Evangelho e, por isso, não conheciam Jesus Cristo.
Passados 100 anos desse documento, o Santo Padre, o papa Francisco, instituiu um Mês missionário extraordinário com o tema “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”, a ser celebrado este ano, em outubro, mês comumente dedicado à oração e à meditação sobre a missão e à renovação do impulso missionário da Igreja. Cada Igreja local deverá, ao longo de todo o mês de outubro, organizar modos diversos de recordarmos o imperativo dado por Cristo “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
Na Arquidiocese de Goiânia, o Secretariado para a Ação Evangelizadora organizou alguns subsídios que ajudarão as paróquias a refletir e rezar pelas missões. Além disso, eles procuram conscientizar todos os cristãos de quatro aspectos relacionados à missão, fazendo alusão a quatro partes do corpo humano: a boca, as mãos, os pés e o coração. A boca nos lembra que devemos anunciar explicitamente Jesus, como primeira urgência missionária. As mãos fazem referência à necessidade de uma missão que toque as fragilidades das pessoas e que estende as mãos para ajudá-los. Os pés nos recordam que somos uma Igreja em saída, que deve caminhar em direção àqueles que não conhecem Cristo. Por fim, o coração nos indica que a Igreja deve unir-se pela oração e pela celebração dos sacramentos em vista da missão.
“O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se. Por isso, quem deseja viver com dignidade e em plenitude, não tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem. Assim, não nos deveriam surpreender frases de São Paulo como estas: ‘O amor de Cristo nos absorve completamente’ (2Cor 5,14); ‘ai de mim, se eu não evangelizar!’ (1Cor 9,16)” (Francisco, Evangelii Gaudium, 9).
Movidos pela alegria do Evangelho e do encontro com Cristo Ressuscitado, convido todos os irmãos de nossas comunidades a assumir a oportunidade dada neste mês, para renovarmos nossa decisão de sermos missionários e pedir ao Senhor que redobre o nosso fervor em favor da missão.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia