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23/11/2020
Série Oração do Cristão
Eu creio: a profissão de fé cristã
No decorrer da história da salvação, encontramos muitas profissões de fé, isto é, declarações que fiéis fazem sobre suas crenças, confissões verdadeiras de pessoas e de povos que, com alma incansável na busca do bem, escolhem vivenciar suas virtudes a partir do seguimento de Cristo (cf. Mt 10,32; Rm 10,9-10).
A profissão de fé explicita exatamente uma postura doutrinal, apresentando os princípios fundamentais de convicções religiosas e de aspectos da fé a serem reverenciados e vivenciados dentro de determinadas crenças.
Na Igreja Católica Apostólica Romana, a profissão de fé, que apresenta o sentido de ser da nossa crença, é conhecido popularmente como Credo. Isso não apenas pelo fato de começar pela palavra “Creio” mas, também, por ser teologicamente denominado um dos “símbolos da fé”, ao passo que é um sumário das principais verdades da fé cristã católica. Pode ser chamado de “o símbolo dos apóstolos”, já que nos apresenta um resumo do pensamento, das atitudes, das pregações e da fé dos apóstolos
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “desde a origem, a Igreja apostólica exprimiu e transmitiu a sua própria fé em fórmulas breves e normativas para todos. Mas bem cedo a Igreja quis também recolher o essencial da sua fé em resumos orgânicos e articulados, destinados sobretudo aos candidatos ao Batismo” (CIC 186).
O Credo foi formado com o tempo, pela luz e discernimento do Espírito Santo, a partir dos apóstolos e perpassado através dos padres da Igreja. Em 325 d.C., no Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, com a presença aproximadamente de 318 bispos, foi definido o Credo como conhecemos hoje.
De forma pedagógica e explicativa, podemos separar o Creio em sete partes:
As três primeiras apresentam a adesão de fé ao mistério da Santíssima Trindade e o reconhecimento de Maria como Mãe de Deus Filho.
1ª Parte – Na confissão de fé em Deus Pai, a Igreja confirma que crê “em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra”, sendo assim, reconhece que temos somente um Deus, onisciente, onipotente onipresente.
2ª Parte – Ao professar que cremos “em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”, confirmamos nossa aliança com Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado, não criado e consubstancial ao Pai.
3ª Parte – “O Espírito Santo descerá sobre ti” (Lc 1,35). Essa foi umas das revelações do Anjo a Maria, uma comprovação bíblica que Jesus “foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria”, de forma que, pela força do Espírito Santo, o Verbo se fez carne, no seio da Virgem Maria, e habitou entre nós (cf. Jo 1,14).
4ª Parte – Perpassando os Evangelhos, o símbolo de fé, expõe a paixão, morte, ressurreição e ascensão de Jesus ao céu: “padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos”.
5ª Parte – “Creio no Espírito Santo”. A quinta parte atribui uma crença fidedigna à presença do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Mesmo que pairava sobre as águas (cf. Gn 1,2), que desce sobre o fiel no momento da Batismo (cf. At 2,38); o conselheiro das horas difíceis (cf. Jo 14,26); que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado.
6ª Parte – Ao proclamar e certificar que cremos “na santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos”, anunciamos que somos admitidos na Igreja que é una, santa, católica e apostólica, estabelecendo, assim, uma intimidade entre a Igreja terrena e a Igreja celeste e gloriosa.
7ª Parte – A esperança é a virtude que nos leva a confiar (cf. Jr 29,11) e continuar perseverante nas promessas de Cristo (Rm 15,13). Crer “na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna” nos abre a uma nova experiência que aponta para realidades que ainda irão acontecer, não mais na terra, mas no Reino dos Céus.
O Creio é a síntese da crença católica, que tanto nos ajuda a viver nossa obediência de fé. Declara Santo Agostinho (séc. V d.C.): “creio para compreender, e compreendo para crer melhor”.
Pe. Vilmar Barreto