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25/03/2021
Reflexão sobre as sete dores de Maria - Parte 01
De hoje até sábado, vamos aprofundar sobre as dores de Nossa Senhora.

Durante sua vida terrena, a Virgem Maria passou por diversas formas de sofrimentos, porém sete delas são especialmente objeto da devoção dos fiéis. São episódios narrados nos Santos Evangelhos e que formam o caminho de dores da Filha amorosa de Deus Pai, sofrendo em sua alma padecimentos semelhantes aos da Paixão de seu Divino Filho.
Primeira Dor - A profecia de Simeão (Lc 2, 34-35)
Para cumprir a Lei, Maria e José foram a Jerusalém apresentar o Menino Jesus no Templo. Havia em Israel um homem justo e piedoso chamado Simeão. Impelido pelo Espírito Santo, foi ao Templo para receber o Messias recém-nascido. Após louvar e dar graças a Deus pelo nascimento da Luz e Salvação do mundo, voltou-se para os pais, abençoou-os e disse a Maria, sua mãe:
"Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de elevação para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada atravessará tua alma!"
Maria nem sequer havia desfrutado das alegrias do nascimento do Menino Jesus e a profecia de uma espada de dor rasgava Seu coração de Mãe. Naquele momento, seus olhos voltaram-se para o Menino Jesus. E é impossível não pensar no olhar com o qual o Filho fitou Sua Mãe. Um olhar consolador!
A profecia causou tanta dor em Maria, que numa aparição a Santa Brígida, Ela revelou que aquela dor esteve presente em toda a Sua vida terrena.
Senhora das Dores, quando passarmos por situações semelhantes, diante de aflições terríveis, deitai vosso olhar misericordioso sobre nós e intercedei junto a vosso Filho para que, a vosso exemplo, atravessemos nossas dificuldades com ânimo e confiança.
Segunda Dor - A fuga para o Egito (Mt 2, 13-21)
"Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
Dispôs a Providencia Divina que o Rei dos reis, ao contrário dos príncipes deste mundo, não tivesse um palácio seguro onde pudesse aproveitar seus primeiros dias de vida cercado de luxo, conforto e proteção. Iniciou sua jornada terrena em meio à perseguição e às ameaças do rei Herodes.
No lugar de um palácio e luxos, as sacudidas do lombo de um jumentinho; no lugar de conforto e proteção, as calamidades do vento, da chuva, da neve - pois era inverno - e, talvez, tempestades de areia no deserto.
O que tal fuga poderia significar de provação para Maria, que contava apenas 15 anos, tendo de fazer uma longa e penosa viagem para uma terra desconhecida, distante não só de sua terra natal, mas também de sua religião?
Tantas privações, ó Mãe, levam-nos a recordar que hoje também muitos de nossos irmãos, vítimas de catástrofes naturais, de guerras ou do descaso do mundo, sofrem um forçado exílio, peregrinando por países estrangeiros em busca de algum lugar onde possam fazer morada. E, na maioria das vezes, só encontram a hostilidade, a doença e a morte.
Por vossa dor, quando da fuga para o Egito, ó Senhora, ajudai vossos filhos refugiados!
Terceira Dor - A perda do Menino Jesus no Templo (Lc 2, 41-51)
"Tendo atingido a idade de doze anos, Jesus e seus pais subiram a Jerusalém (para a festa da Páscoa), segundo o costume. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem. (...) Três dias depois o acharam no templo, sentado no meio dos doutores (...) E sua mãe lhe disse: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera".
Quanta preocupação e apreensão de Maria Santíssima com a perda de Seu Filho! Sem uma notícia sequer, exausta depois de tanto procurar, podemos imaginar a desolação em que se encontrava a Mãe de Deus, perguntando-se a si mesma no que teria falhado no seu zelo materno. "Meus suspiros são ouvidos sem que ninguém me console!" (Lm 1, 21).
Após o encontro do Menino Jesus, a amorosa queixa de Maria, tão natural a uma mãe naquela situação, foi respondida com uma misteriosa simplicidade, sugerindo uma aparente indiferença do Filho: "Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" Na verdade, Cristo, já contando com 12 anos, queria preparar Sua dulcíssima Mãe para uma ausência muito mais angustiante: os três dias em que Ele permaneceria no sepulcro.
Mas a pior ausência de Deus não é a física e sim aquela que é provocada pelo pecado mortal. Quantas pessoas hoje vivem distantes de Deus, ou pior, agem como se Ele não existisse? De joelhos vos peço, ó Mãe. Pelos sofrimentos que passastes com a perda de vosso Filho, rogai a Deus por aqueles que trilham o caminho do pecado, para que se arrependam e voltem a ser, na expressão do apóstolo Paulo, templos vivos de Deus. (I Cor 3,16)
Fontes: Reflexões do Arcebispo Fulton J. Shenn sobre as Sete Dores de Nossa Senhora / Glórias de Maria de Santo Afonso de Ligório.