Você está em:
08/07/2021
Carta Pastoral contempla o mistério da Trindade

“Na Trindade, Eterno Amor”. Assim intitula-se a mais nova Carta Pastoral do arcebispo Dom Washington Cruz a respeito da Santíssima Trindade. De 2017 a 2019, o arcebispo dedicou-se, a cada ano, a escrever uma carta sobre uma das Pessoas da Trindade, a ser apresentada por ocasião da Festa em Louvor ao Divino Pai Eterno, em Trindade. Em 2017, Creio em Deus Pai; em 2018, Creio em Jesus Cristo; em 2019, Creio no Espírito Santo.
Neste ano, a festa foi realizada pela segunda vez de forma on-line devido à pandemia do coronavírus. Dom Washington, na celebração de encerramento, mais uma vez, explicitou seu especial amor pela espiritualidade da Trindade, que, segundo ele, emana do Santuário-Basílica do Divino Pai Eterno, e apresentou sua Carta Pastoral, ressaltando que ela é “um convite a mergulharmos no mistério da Páscoa”.
Trata-se da 18ª carta escrita pelo arcebispo. Tem 74 páginas e, de forma catequética, permeia a história da imagem, a origem da devoção e a espiritualidade da Santíssima Trindade, com subtítulos que contribuem para uma leitura leve e de fácil compreensão. Essa matéria tem o intuito de provocar e suscitar o desejo à leitura integral da Carta Pastoral. Por isso, aqui faremos uma sucinta explanação, trazendo trechos que seguem a dinâmica do documento.
A carta, após a introdução, inicia-se já contemplando o mistério da Trindade como centro da nossa fé, a origem humilde da devoção, o desejo do homem de encontrar a Deus e o permear do mistério em toda a vida cristã. O texto também vai destacar a Trindade que habita em nós e nos conduz, a oração como forma de vivenciar a presença de Deus e contemplar a Trindade.
Dom Washington destaca a presença de Maria, sendo coroada pela Trindade, ela que é o modelo da fé.
A Santíssima Trindade
1. Honra e glória sejam dadas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Louvado e adorado seja Deus, Uno e Trino, que, em sua benevolência infinita, nos deu a conhecer seu insondável mistério, só acessível mediante a Revelação e trazida a todos nós pela infusão do Espírito Santo, “luz dos corações” e pela Encarnação do Verbo, que “no início estava junto de Deus” e que “é Deus” (Jo 1,1).
As origens da devoção das Romarias a Trindade
2. “As origens goianas da devoção e das romarias a Trindade são modestas, discretas e singelas. O achado de um medalhão de barro, na roçagem de um pasto, aglutinou em torno de si a esperança, a fé comunitária, a convicção religiosa e a devoção que aqueceu corações e vidas”, segundo registrado no site da Associação Filhos do Pai Eterno.
Estamos todos à procura de Deus
3. A humanidade sempre esteve à procura de Deus. “O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus” (GS, 19,1). Vê-se ao longo da história das civilizações o rico uso da imaginação humana a representar, de algum modo, ainda que às apalpadelas” (At 17,27), esta comunhão com Deus.
Crer na Trindade
7. O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode se dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.
Pela graça do Batismo, “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade aqui na Terra, na obscuridade de nossa fé, e para além da morte, na luz eterna. Pela Crisma somos confirmados na fé recebida para que, além de vivermos segundo a Palavra de Deus, possamos dar testemunho dela e levá-la por toda parte. Sob o manto por vezes um tanto frio das palavras e dos conceitos a fé trinitária permaneceu sempre portadora de um calor intenso nos corações que rezam.
A Trindade em nós
22. A Trindade não está somente no alto dos céus, longe e acima de nós; ela habita em nós. A esse propósito, em um versículo tocante do “discurso de adeus” de Jesus, lê-se: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23).
Por muitos séculos, santos e místicos viveram deste mistério: Deus é mais que Emanuel – Deus conosco – é Deus em nós. Igualmente, muitos pobres e gente modesta viveram esta fé com o sentimento profundo de participar de alguma maneira da intimidade divina (sensus fidei). Nós, com efeito, somos habitados pelo Pai, Filho e o Espírito Santo. Esse pensamento enche os cristãos a cada momento de júbilo e de alegria exuberante, envolvendo-os ao mesmo tempo com um véu de reserva: o cristão traz em si um grande mistério, o Deus Uno e Trino: pode cantar com Maria: “Pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”. (...)
Nossa Senhora, rosto da Santidade da Igreja
34. E Nossa Senhora encontra-se no centro da Imagem do Divino Pai Eterno, ícone do Santuário-Basílica de Trindade, em Goiás. Maria é a esposa do Espírito Santo e Mãe de Deus, porque é a mãe de Jesus. É a Imaculada Conceição, a mãe de todos os viventes. Maria é a humanidade presente junto ao mistério da Santíssima Trindade.
O fato de estar ajoelhada representa a sua humildade e submissão à Santíssima Trindade. Maria não é uma pessoa divina. Ela é humana. Porém, foi preservada do pecado original por Deus, por ser a mãe de Jesus. A coroa significa que Maria se mantém em sua submissão de maneira santa, sempre junto de Jesus, sofrendo as dores de uma mãe ao ver o filho morrer na cruz. Ela é coroada por Deus como Rainha do Céu e da Terra, protetora da humanidade.
Interiorização do mistério da Santíssima Trindade: Deus e seu amor por nós
Rezar “em espírito e verdade” é entrar em comunhão com a Santíssima Trindade. É valorizar o fato de que somos filhos de Deus Pai que nos quer bem, que somos irmãos do nosso Filho maior e que Ele nos ensina a caminhar no meio das vicissitudes da vida e do mundo e que somos Templos do Espírito Santo, que nos guia e ilumina a viver esta vida de Deus em nós.
Conclusão
Em conclusão, a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade, e a Trindade, na unidade, sem confundir as pessoas, nem dividir a substância; pois uma é a pessoa do Pai; outra, a do Filho; outra, a do Espírito Santo; mas uma é a divindade, igual em glória, coeterna a majestade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (...) Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor; e, no entanto, não há três Senhores, mas um só Senhor.
Ao término desta Carta Pastoral, na luz da experiência pascal, em união com toda a Igreja, adoramos com especial intensidade interior “as três Pessoas distintas, a sua essência única e a sua igual majestade”. (...)