Você está em:
03/06/2022
Solenidade de Pentecostes
Derramai em nós os vossos sete dons

A Solenidade de Pentecostes acontece 50 dias após celebrarmos a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em Pentecostes, celebramos o dom do Espírito Santo, enviado por Deus à Igreja, cumprindo a promessa de Jesus aos seus discípulos, como está descrito nos Atos dos Apóstolos (1,8) “recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra”.
Depois da Ascensão de Cristo, não havia mais a presença física de Jesus entre os discípulos e a comunidade. Assim, ficaram com medo porque ainda eram perseguidos pelos que crucificaram e mataram Jesus. No entanto, o Evangelho de São João (14, 15-18) nos garante que o Pai nos enviará o Defensor que ficará para sempre conosco.
O Catecismo da Igreja Católica fala sobre o Espírito Santo no terceiro capítulo da Profissão da Fé Cristã, a partir do número 683 até o 747. O parágrafo 685 diz o que professamos ao acreditar no Espírito Santo: “Crer no Espírito é, portanto, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, adorado e glorificado com o Pai e o Filho”. O parágrafo 691 explica sobre o nome próprio da terceira pessoa da Santíssima Trindade, “Espírito Santo”, “este é o nome próprio daquele que adoramos e glorificamos com o Pai e o Filho. A Igreja recebeu este nome do Senhor e professa-o no Batismo dos seus novos filhos”.
O termo “Espírito”, traduzido do termo hebraico “Ruah”, significa sopro, ar, vento. “Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente daquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino. Por outro lado, Espírito e Santo são atributos divinos comuns às três Pessoas divinas. Ao juntar os dois termos, a Escritura, a Liturgia e a linguagem teológica designam a Pessoa inefável do Espírito Santo, sem equívoco possível com os outros empregos dos termos ‘espírito’ e ‘santo’”.
Dom Levi Bonatto, bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, costuma dizer, nas celebrações do Sacramento da Confirmação, que, em todos os momentos, devemos louvar a Deus pelo Espírito Santo que ele nos deixou, bem como devemos colocar os dons deste Espírito em prol das nossas ações, sejam elas no trabalho, na escola, na família e principalmente na comunidade.
Nas celebrações da Crisma, o bispo e os presbíteros concelebrantes impõem as mãos sobre os crismandos e fazem a seguinte oração: “Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e pelo Espírito Santo, destes uma vida nova a estes vossos servos, e os libertastes do pecado, enviai sobre eles o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de ciência e de piedade, e enchei-os do espírito do vosso temor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo”.
Os Dons do Espírito Santo segundo o Papa Francisco
Sabedoria: “Não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência, mas consiste na graça de ver tudo aos olhos de Deus”.
Entendimento: “Não se trata da inteligência humana, da capacidade intelectual de que podemos ser mais ou menos dotados. Ao contrário, é uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e tentar conhecer as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação”.
Conselho: “Através do Dom do Conselho é o próprio Deus, com o seu Espírito, que ilumina o nosso coração, fazendo com que compreendamos o modo justo de falar e de nos comportarmos, e o caminho que devemos seguir”.
Fortaleza: “O Dom da Fortaleza é uma verdadeira ajuda, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos. Ao recebermos este dom, o Espírito Santo liberta o terreno do nosso coração, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os temores que podem detê-lo, de modo que a Palavra do Senhor seja posta em prática, de forma autêntica e jubilosa”.
Piedade: “O Dom da Piedade, não se identifica com a compaixão por alguém, a piedade pelo próximo, mas indica a nossa pertença a Deus e o nosso vínculo profundo com Ele, um elo que dá sentido à toda a nossa vida e que nos mantém firmes, em comunhão com Ele, até nos momentos mais difíceis e atormentados”.
Ciência: “A ciência que deriva do Espírito Santo não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura”.
Temor de Deus: “Não significa ter medo de Deus. Sabemos que Deus é Pai e nos ama, quer a nossa salvação e nos perdoa sempre; por isso, não há motivo para ter medo dele! Ao contrário, o temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança nas suas mãos”.
Marcos Paulo Mota