Na primeira quinzena de agosto, a Igreja perdeu muitos e dedicados operários da messe do Senhor, pelo mundo todo. Na Arquidiocese de Goiânia não foi diferente.
“Ganhamos um intercessor no céu: Dom Pedro Casaldáliga”
Durante a Missa celebrada no dia 9 de agosto, na Catedral Metropolitana, nosso arcebispo Dom Washington Cruz lastimou o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, no dia anterior, manifestando o afeto e a consideração que nutria pelo irmão em Cristo.
“Meus irmãos, minhas irmãs, nesta semana, de um lado, perdemos e, de outro lado, ganhamos um intercessor no céu: Dom Pedro Casaldáliga. Podia-se não concordar com algumas de suas opiniões, mas era, inegavelmente, um santo homem de Deus, coerente com seus princípios e de oração profunda. Quem conviveu com ele, assim como eu tive a graça de conviver, aqui no Regional Centro-Oeste, desde bispo muito jovem e nas assembleias da CNBB, pôde admirá-lo.
Não era um homem intolerável, como às vezes se pinta. Era um homem macio, de diálogo, um homem bom. Não abria mão daquilo que achava que era qualidade. Quantas vezes encontrei Dom Pedro, de manhã cedo, em Itaici, na capela rezando. Quantas vezes eu achava que seria o primeiro a rezar naquela capela e já o encontrava lá. Deixou um testemunho edificante de amor para com os pobres e de coerência de vida. Imaginem que havia reuniões do Regional da CNBB, aqui, em Goiânia, e ele vinha de São Félix, de ônibus. Não aceitava avião. Vinha até Barra do Garças, parava um pouco, depois parava em São Luís, na minha casa e acabava de chegar em Goiânia. Daqui ele partia para São Paulo, de ônibus, sempre. Homem coerente. Era, de fato, o que era, por dentro e por fora.
Portanto, Dom Pedro é um presente que Deus deu ao episcopado brasileiro. Tinha as suas singularidades, mas, inegavelmente, era um homem de Deus. No conjunto do episcopado é preciso que haja diferenças. A Igreja é una e diversa. Deus é Uno e Trino. Assim, nós conhecemos a Trindade e necessitamos viver na Igreja a unidade na diversidade. Que Deus o receba em seu reino logo, o nosso querido Dom Pedro Casaldáliga, e que ele tenha a recompensa dos justos. Era um poeta. Uma vez eu pedi para ele fazer uma letra, um hino a Nossa Senhora de Montserrat, padroeira de Caiapônia.
Eu era bispo de São Luís e Caiapônia fazia parte de São Luís. Ele fez com todo prazer uma letra linda, linda, linda! Era um grande poeta! Muito obrigado, Dom Pedro!”
Pe. Cássio fazia a exortação: “Coragem, Deus é fiel”
No dia 15 de agosto ou no primeiro domingo depois deste dia, a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. A partir deste ano de 2020, essa data será lembrada também pelos familiares e amigos do padre Cássio Augusto Antunes de Paiva e pelas comunidades onde ele serviu como o dia em que o sacerdote voltou à Casa do Pai, aos 41 anos, cerca de um mês após ter sido acometido pela covid-19.
Atualmente pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, na Arquidiocese de Brasília, ele exerceu sua missão em nossa arquidiocese por seis anos, evangelizando e conquistando amigos, nas Paróquias Nossa Senhora Aparecida, Santa Teresinha do Menino Jesus e Nossa Senhora do Rosário, em Aparecida de Goiânia, e no Santuário Sagrada Família, em Goiânia.
A celebração exequial foi presidida pelo padre Cássio Dalpiaz, que afirmou as muitas qualidades do padre falecido, destacando uma que ficou especialmente marcada para ele, “a capacidade de aparecer, simplesmente para se fazer presente como amigo e irmão”. Completando, o celebrante disse que “no meio das vicissitudes da vida, o padre Cássio Augusto nos presta hoje o grande serviço de nos preceder no céu e nos exorta, como sempre fazia, a ter CORAGEM, pois Deus é fiel”.
O administrador diocesano da Arquidiocese de Brasília, Dom José Aparecido falou da grande amizade que nutria pelo padre Cássio: “Quero testemunhar o afeto que me une ao Pe. Cassio. Disse une, porque continuaremos unidos na comunhão dos santos. À família neocatecumenal e à família de sangue, exprimo a minha fraterna proximidade e asseguro a minha oração para que Deus mande do céu o Espírito Consolador”.
Nosso arcebispo, Dom Washington Cruz, enfatizou que “A Arquidiocese de Goiânia é muito grata ao Pe. Cássio pela generosa dedicação pastoral nos anos em que aqui passou”.
Padre Alaor nutria um amor incondicional a Cristo, à Igreja e aos pobres
O padre Alaor Rodrigues Aguiar foi outro servo de Cristo que nossa Igreja perdeu nesta semana, no dia 16. Colaborador na Igreja de Goiânia desde o início da nossa arquidiocese, atuou no episcopado do primeiro arcebispo, Dom Fernando Gomes dos Santos, sendo divulgador de seu legado em publicações. O mesmo ocorreu com Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, o segundo arcebispo. Seus fiéis e amigos atestam que ele foi sempre incansável defensor da vida, do Evangelho, da justiça, da paz. Ele acreditava que a qualidade da vida humana está ligada à qualidade ambiental e, por isso, envolveu-se na busca de soluções para as problemáticas ambientais das comunidades por onde passou, tendo criado, juntamente com um grupo de leigos, o Instituto Socioambiental Cristão (Isac).
No convite para a celebração dos seus 80 anos de idade e 50 anos de ordenação presbiteral, realizada em 4 de dezembro de 2019, ele fez um agradecimento e um pedido: “Com vocês, quero agradecer a Deus o bem que ele fez através de mim, mesmo com minhas muitas fraquezas e até meus pecados. Rezemos para que o Senhor chame e que tenhamos muitos jovens optando por oferecer suas vidas para o testemunho do Reino de Deus, amor à Igreja e na defesa da vida dos irmãos mais fragilizados e empobrecidos”.
Pe. Carlos Gomes, pároco da Catedral, que presidiu o rito de exéquias do padre Alaor, agradeceu por sua vida, em nome do clero arquidiocesano, fazendo comovente depoimento, no qual destacou sua vida de serviço e dedicação, seu “amor incondicional a Cristo, à Igreja e aos pobres” e o seu sacerdócio “comprometido com todos, especialmente com os mais pobres entre os pobres…um sacerdote e cristão no sentido lato do termo”. Pe. Carlos concluiu dizendo: “Gratidão eterna lhe renderemos. É festa! ‘As portas da NOVA CIDADE se abrem para ti’…”.
Eliane Borges e Marcos Paulo Mota