Sabiamente, a Igreja nos instituiu, como que um presente de Deus em nossa caminhada rumo ao céu, o Tempo de Quaresma. Este tempo para muitos ainda é “um estranho conhecido”. Sabemos da existência deste período, de sua importância, da necessidade de renovação de nosso amor a Deus neste momento propício à conversão, mas como em um estado de letargia, típico de nossa natureza humana, esquecemos a cada ano como viver bem o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor; nossa conversão e nosso amor a Deus deixam de ser constantes. Mas, a cada ano, a Igreja nos possibilita viver uma preparação eficaz que nos mostra a verdadeira face da Salvação, em sua Páscoa, por meio justamente do Tempo de Quaresma.
Começando na Quarta-feira de Cinzas, podemos perceber uma bonita simbologia da fragilidade da vida terrena: as cinzas nos lembram que somos pó; que, sozinhos, sem a nossa mudança de vida, a nossa conversão a Deus, sobrarão apenas cinzas. Porém, aproximando-nos de Deus, podemos a cada dia – em um movimento de manutenção da relação com Ele – sermos mais do que cinzas, vigilantes de que sempre poderemos cair de novo.
E são três os elementos que nos ajudam a sempre levantar depois de uma queda: o jejum, a esmola e a oração. A penitência – representada pelo jejum e escolhida por cada cristão neste período – colabora com a mortificação de nossas próprias vontades, permitindo entender com mais clareza a vontade de Deus. A esmola nos aproxima de nossos irmãos que precisam de nossa doação e compaixão – tal compaixão nos leva para mais perto da Paixão de Cristo. Finalmente, a oração é capaz de nos fazer ouvir o que Deus tem para nos dizer, o que Ele espera de nossa vida.
Mais uma vez, a Igreja – em especial nossa Arquidiocese de Goiânia –, é agraciada com uma ferramenta de mudança de vida: a Lectio Divina. Essa celebração, muito difundida entre os jovens, tem como objetivo a Leitura Orante da Palavra de Deus, apoiada na Liturgia de cada Domingo da Quaresma, preparando nosso coração por meio de cinco grandes passos: leitura, meditação, oração, contemplação e ação. Lemos o Evangelho, meditamos seu significado junto com o celebrante, rezamos juntos em comunidade, contemplamos o Sacrifício de Cristo com a Adoração ao Santíssimo e nosso arcebispo nos propõe uma ação a cada nova semana, saindo de nós mesmos e indo ao encontro de nossos irmãos.
A meditação do Evangelho, com a oração e corroborada pelos belíssimos cânticos durante a celebração, leva-nos naturalmente a uma caminhada mais vívida do Mistério da Páscoa. Vivemos os dias mais reflexivos e alegres, com o ressoar da Salvação em nossos corações. Passamos a compreender melhor o sofrimento como via de santificação; a doação, como instrumento de construção do Reino de Deus e a oração como caminho para encontro pessoal com o Senhor. Toda essa vivência é amplificada quando experimentada em comunidade. Viver a fé com nossos irmãos de caminhada nos leva adiante, nos dá esperança e força. Não estaremos sozinhos, já que se cria um ambiente realmente propício para bendizer e glorificar a Deus em comunhão com os jovens da Arquidiocese e com a Santa Igreja. Passamos, então, a entender cada dia mais o que Deus nos quer falar ao coração: “Dá, pois, a teu servo um coração que escuta” (1Rs 3,9). Este é o grande fruto da Lectio Divina, que se revela a cada nova edição. Venha participar conosco!
Nathália de Podestà
Setor Juventude