TESTEMUNHO DA LUZ – DIA 11 DE MARÇO DE 2025

TERÇA-FEIRA DA 1ª SEMANA DA QUARESMA

Minha prezada irmã, meu prezado irmão. Escutamos nesta terça-feira da primeira semana da quaresma um breve trecho do livro da profecia de Isaías. O trecho de Isaías 55,10-11 faz parte da conclusão do chamado Segundo Isaías (Is 40–55), uma seção que traz mensagens de consolo e esperança ao povo exilado na Babilônia. Esses versículos destacam a eficácia da palavra de Deus e sua ação transformadora na história.

“Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado e feito germinar, para dar semente ao semeador e pão ao que come...”. A metáfora da chuva e da neve expressa a certeza de que a palavra de Deus é eficaz. A chuva desce do céu, penetra a terra, fecunda o solo e faz germinar a vida. Esse processo, que ocorre na natureza, é comparado à ação divina na história e nos corações humanos. A menção à “semente ao semeador” e “pão ao que come” simboliza o ciclo da vida e da providência divina. Deus não apenas comunica sua palavra, mas a faz gerar frutos concretos.

“Assim acontece com a palavra que sai da minha boca: ela não volta para mim vazia, sem ter realizado o que eu quero e cumprido com sucesso a missão para a qual a enviei”. Aqui, a palavra divina é vista como um agente ativo, que realiza plenamente o desígnio de Deus. Diferente da palavra humana, que pode ser vazia ou ineficaz, a palavra do Senhor sempre produz efeitos. Essa afirmação remete à narrativa da criação, onde Deus cria o mundo por sua palavra (Gn 1). No Novo Testamento, esse princípio se cumpre em Cristo, a Palavra eterna do Pai (Jo 1,1-14), que veio transformar a humanidade.

Essa passagem nos convida a confiar na força da palavra de Deus. Em meio às incertezas da vida, somos chamados a crer que Deus age por meio de sua palavra, mesmo quando não vemos os frutos de imediato. Na evangelização e no testemunho cristão, muitas vezes semeamos sem perceber os resultados, mas Isaías nos lembra que a palavra divina nunca é estéril. No cotidiano, essa mensagem nos desafia a acolher e viver a palavra de Deus, permitindo que ela transforme nossa vida e produza frutos de amor, justiça e esperança.

Vale relembrar as palavras do Papas Bento XVI quando dizia: “...é necessário descobrir cada vez mais a urgência e a beleza de anunciar a Palavra para a vinda do Reino de Deus, que o próprio Cristo pregou. Neste sentido, renovamos a consciência – tão familiar aos Padres da Igreja – de que o anúncio da Palavra tem como conteúdo o Reino de Deus (cf. Mc 1, 14-15), sendo este a própria pessoa de Jesus ...  O Senhor oferece a salvação aos homens de cada época. Todos nos damos conta de quão necessário é que a luz de Cristo ilumine cada âmbito da humanidade: a família, a escola, a cultura, o trabalho, o tempo livre e os outros sectores da vida social. Não se trata de anunciar uma palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova”.